Foto: Edição/247
Restaurantes para as classes A, B e C têm sido impiedosamente assaltados na maior cidade do País; polícia do governador Geraldo Alckmin diz ter poucas pistas sobre autores de até aqui 17 arrastões contra restaurantes este ano; série de roubos já abala movimento das casas e ameaça indústria que gera milhares de empregos e milhões em impostos
Restaurantes desse quilate emprestaram a São Paulo a doce fama de capital gastronômica da América do Sul, disparada a cidade de opções mais ricas e variadas para se comer fora em todo o País. Títulos que garantem a sustentação de uma indústria que emprega milhares de pessoas e anima a economia pela geração de milhões de reais em impostos todos os meses.
Ao lado de mais de uma dezena de outros endereços gastronômicos da cidade, o Tambouille, o Bráz, o Carlota e o Gigio têm agora algo em comum: todos eles foram alvos de arrastões de bandidos nos últimos dez dias. Desde o início do ano, nada menos que 17 restaurantes paulistanos sofreram este tipo de ataque, quase sempre com o mesmo modus operandi. No final da noite, quando o caixa está cheio e os últimos clientes fazem suas refeições, os assaltantes chegam, aterrorizam e limpam as carteiras dos comensais, surrupiam o conteúdo do caixa e saem ilesos. O máximo que tem acontecido são perseguições policiais esporádicas – e infrutíferas.
A Polícia Civil investiga se é uma única quadrilha que pratica os assaltos. De acordo com o delegado Paul Henry Verduraz, do 15º Distrito Policial, onde o ataque ao Tambouille foi registrado, há diversas semelhanças. "São bandidos jovens, que agem com rapidez e não cobrem o rosto" afirmou Verduraz, na ocasião. O número de assaltantes também era semelhante e girava em torno de cinco.
Os arrastões, na prática, estão transformando a capital da gastronomia também em capital do medo. Com isso, o movimento dos restaurantes, que têm aumentado os investimentos em segurança privada, têm diminuído, enquanto seus caixas ficam mais pesados com a contratação de seguranças e equipamentos eletrônicos de monitoramento. Responsável, em últimos análise, pela segurança pública no Estado e na capital, o governador Geraldo Alckmin ainda não encontrou uma resposta à altura para a ousadia dos bandidos. Há rumores de que eles estariam agindo à sombra de uma espécie de operação padrão não declarada da Polícia Civil paulista, cujas bases estaria descontentes com a política de recursos humanos desenvolvida pelo secretário Antonio Ferreira Pinta, da Segurança Pública. Ele teria aposentado precocemente delegados influentes e distribuídos titulares em delegacias estratégicas sem consultas mais apuradas à categoria. A resposta seria uma certa leniência nas investigações dos arrastões, que já somam 17 desde o início do ano. O máximo que Alckmin fez sobre esse tema, até agora, foi prometer "cadeia dura" para quem for preso. Mas isso parece ser pouco. A expectativa geral é a de novos arrastões nos próximos dias, tal a facilidade com que têm sido cometidos.
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