terça-feira, 27 de setembro de 2011

Lula ri, enquanto a imprensa (privada) não o esquece jamais

Lula é um mito vivo: empatia com o povo brasileiro

“Lula foi o presidente brasileiro mais politicamente orgânico da história do nosso País, mais ainda que o estadista gaúcho Getúlio Vargas, o fundador, sem sombra de dúvida, do Brasil moderno —industrializado. Como se percebe, os trabalhistas fazem jus ao nome, porque foram eles, no decorrer da história da República, que realmente trabalharam em prol do desenvolvimento e do crescimento do Brasil”.
(Davis Sena Filho)

Eu sou um jornalista que lê história. Sempre a li, desde jovem. Por ser um profissional de imprensa da área de Política, sempre me pautei em conhecer os políticos, não somente pelo o que eles dizem, apregoam, acreditam e discursam. Antes de qualquer coisa, vou saber de sua biografia, ou seja, investigar seu passado, suas origens políticas, ideológicas e partidárias, bem como sua coerência e obra social realizada quando esteve no poder.

Sempre tive esse procedimento. Coisa básica, por exemplo, como ouvir os dois lados envolvidos em quaisquer questões, além de ter cuidado com informações declaratórias, sem, antes, certificar-me da veracidade de quem passa informações, principalmente quando é em off. Porque para o jornalista falar ou escrever para o público a informação tem de ter pelo menos algum indício de verdade, ainda mais quando, como jornalistas, podemos servir de “escadas”, mesmo sem querer, para atender interesses espúrios que podem, indubitavelmente, prejudicar alguém. Do contrário, é melhor não escrever ou falar. Se o fizer, é porque tal jornalista tem algum interesse, nem que seja simplesmente assegurar o seu emprego e assim agradar o seu chefe ou o seu patrão.

Essas atitudes e ações comezinhas, ordinárias, comuns, que qualquer aluno ou foca (jornalista em início de carreira) sabe por meio de qualquer professor de faculdade ou de um colega mais experiente não são realmente observadas e cumpridas por um grande número de jornalistas famosos e veteranos, mas que firmaram compromisso com o patronato, bem como querem garantir que as mudanças sociais e econômicas no ocorram, porque seus papéis, de fato, é favorecer a manutenção do status quo, do establishment, pois que são porta-vozes das elites econômicas e financeiras inquilinas do pico da pirâmide social.

E foi neste contexto perverso que o presidente trabalhista, Luiz Inácio Lula da Silva, ascendeu ao poder em 2003, quando, por oito anos, administrou a República Federativa do Brasil e amargou uma oposição promovida e levada a cabo pela imprensa burguesa, comercial e privada, que se transformou em um verdadeiro partido político — o Partido da Imprensa, que realizou no decorrer de seu mandato a mais ardilosa, veemente, traiçoeira, feroz e desrespeitosa campanha que eu já vi contra um político, de perfil trabalhista e ideologicamente socialista, saído das entranhas do povo brasileiro, dos movimentos sociais, dos sindicatos e da Igreja Católica progressista.

Lula foi o presidente brasileiro mais politicamente orgânico da história do nosso País, mais ainda que o estadista gaúcho Getúlio Vargas, o fundador, sem sombra de dúvida, do Brasil moderno —industrializado. Como se percebe, os trabalhistas fazem jus ao nome, porque foram eles, no decorrer da história da República, que realmente trabalharam em prol do desenvolvimento e do crescimento do Brasil para que se transformasse em uma Nação moderna e civilizada. Os presidentes conservadores sempre tomaram do povo, e, quando possível, retiraram ou tentaram retirar seus direitos, inclusive os garantidos pela Constituição Cidadã de 1988, como o fez o neoliberal e vendilhão da Pátria, Fernando Henrique Cardoso, e assessores de sua confiança, como o também neoliberal José Serra.

Contudo, a campanha insidiosa e sistemática contra o presidente Lula não foi o suficiente para derrubá-lo apesar da tentativa de golpe em 2005. Apesar das perfídias e das manipulações e até mesmo mentiras veiculadas e publicadas pela imprensa comercial e privada, o político pernambucano de origem pobre e operário de fábrica do ABCD paulista saiu da Presidência da República (apesar de oito anos no poder, o que não é fácil) com o espetacular índice de aprovação de 82%, a superar, nada mais e nada menos, que o mito Nelson Mandela, quando deixou a Presidência da África do Sul.

Lula é um fenômeno político, e, conseqüentemente, social. O operário, que saiu de Pernambuco e chegou a São Paulo em um pau-de-arara fundou a maior confederação de trabalhadores da América Latina e uma das maiores do mundo, a Central Única dos Trabalhadores, a CUT, além de também ser o fundador de um dos partidos mais poderosos e influentes do planeta, que é o Partido dos Trabalhadores, o PT. Somente essas duas criações bastariam para esse político exímio e de uma visão social e política profundamente conhecedora das questões sociais e econômicas brasileiras para que ele ficasse para sempre na história. Mas não foram somente esses dois fatos importantíssimos que aconteceram.

Lula foi eleito presidente da República duas vezes e elegeu sua sucessora, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que nunca teve cargo eletivo e mesmo assim conquistou a cadeira da Presidência da República para se tornar a primeira mulher brasileira assumir cargo de tamanha importância e envergadura. Lula foi às ruas e às praças e também à televisão. Falou muito e mostrou seu legado, que, durante oito anos, foi boicotado e não veiculado pela imprensa burguesa, que, entretanto, teve de engolir a divulgação das ações do Governo Lula, porque a propaganda eleitoral gratuita se encarregou de mostrar os fatos, as realidades e as conquistas do País e do povo brasileiro.

Se dependesse das mídias hegemônicas e monopolistas, o presidente Lula sequer existiria, a não ser para ser ofendido e taxado até de bêbado. Acontece que o presidente trabalhista entrou e saiu da Presidência sem um arranhão no que concerne à sua conduta e ao respeito devido ao povo brasileiro. A verdade é quem foram surpreendidos alcoolizados pela PM do Rio e se recusaram a fazer o teste do bafômetro foram dois dos protegidos da imprensa: o ex-governador e hoje senador do PSDB por Minas Gerais, Aécio Neves, e o ex-candidato a vice-presidente e deputado federal do DEM, Índio da Costa. A imprensa, para variar, recolheu seu porrete de moer reputações. Imagine leitor se fosse o Lula no lugar desses playboys? Seria um cataclismo!

Apesar de tudo, o tempo passou e o cidadão Lula não é mais o presidente deste grande País que é o Brasil. Pesquisa do Instituto Análise ouviu duas mil pessoas entre os dias 5 e 11 deste mês, em cem cidades de todas as regiões do País. A pesquisa foi publicada na edição do dia 21 de setembro do jornal “Valor Econômico” e indica que o ex-presidente Lula é hoje mais popular do que quando saiu da Presidência, e olha que ele tinha 82% de aprovação, sendo que 14% consideraram seu governo regular quando estava no poder. “Regular” é aprovação. Então o índice sobe para 96%. Somente ínfimos 4% consideraram o Governo Lula ruim ou péssimo. Esses 4% representam, indubitavelmente, a imprensa privada e alguns setores ligados aos exportadores e aos bancos, além de, evidentemente, parte da classe média despolitizada e leitora da “Veja”, da “Época” e de jornais conservadores de má qualidade editorial e jornalística, como a “Folha de S. Paulo”, o “Estadão”, o “O Globo”, o “Correio Braziliense” e a “Zero Hora”, somente para ficar nesses, que são os mais ricos e que, inegavelmente, fazem oposição aos governos trabalhistas desde a época de Getúlio Vargas.

Conforme salientei em outros artigos, os barões da imprensa formam a classe empresarial mais atrasada o País. Eles ocuparam os lugares dos antigos cafeicultores paulistas que reagiram contra o fim da escravidão e combateram a efetivação da República. Eles são, realmente, muito atrasados. Chegam a ser toscos e tacanhos. Todavia, o ex-presidente Lula ‘está bem na fita’ no que diz respeito — volto a afirmar — à pesquisa que li no “Valor”. A maioria dos brasileiros (57%) preferiria que a presidenta trabalhista Dilma Rousseff não concorresse à reeleição. Apenas 29% dos entrevistados querem que Dilma Rousseff se candidate em 2014. A ser assim, percebe-se o porquê de a imprensa privada continuar a bater em Lula, depois de quase noves meses deixar a Presidência. Eles têm pavor de que Lula volte a concorrer às eleições presidenciais e com isso ficar mais quatro anos, a partir de 2015, sem influenciar novamente no Poder Executivo. A luta pelo poder é incessante, duríssima e, invariavelmente, desonesta.

Colunistas como Reinaldo Azevedo, da Veja, Ricardo Noblat e Merval Pereira, de O Globo, somente para exemplificar esses, pois iguais a eles existem centenas, criticam diuturnamente e açodadamente e desrespeitosamente o político mais popular da história do Brasil e ainda reclamam que o Governo quer censurar, tolher a liberdade de expressão e de imprensa na maior cara-de-pau e desfaçatez. Acredito que até alguns leitores que visitam as colunas desses caras devem às vezes achar um exagero tanta falta de educação e de senso crítico, pois o que somente se lê é mau juízo de valor e arrogância e prepotência exacerbados.

A permanência da popularidade de Lula, como informa a pesquisa, incomoda muito os porta-vozes de nossas elites econômicas, que são os jornalões, tanto os das rádios como os das televisões e os impressos. Eles sabem disso, porque jornalistas compromissados politicamente e ideologicamente com seus patrões sabem que o ex-presidente Lula é praticamente imbatível em uma eleição, ao ponto de, no momento, superar nos índices de aprovação a presidenta Dilma Rousseff, que tem, na minha opinião, realizado um trabalho profícuo a serviço do povo brasileiro, ao dar continuidade ao programa do Governo Lula, que ela, inegavelmente, esteve à frente como ministra chefe da Casa Civil. Dilma é Lula e Lula é Dilma, apesar de a imprensa comercial e privada querer dar uma conotação de diferença entre ambos, ou seja, usar como estratégia a separação de um do outro, o que, venhamos e convenhamos, é um absurdo para não dizer infantil e ridículo. Como o é mesquinho a imprensa burguesa não atender ao pedido de Dilma Rousseff para ser chamada de presidenta e não presidente.

O problema todo é que Lula e Dilma são presidentes de governos desenvolvimentistas, o que leva a burguesia ficar irada, porque ela é monetarista até a medula, cujos “deuses” desse capital são os professores Eugênio Gudin e Roberto Campos, com espaço amplo para Mário Henrique Simonsen e Delfim Netto, sendo que este último aparentemente mudou de lado e hoje é um dos maiores críticos do neoliberalismo e dos governos tucanos na esfera federal, bem como no âmbito estadual e municipal, no que tange aos tucanos que dominam o poder em São Paulo há 17 anos, com a cumplicidade total da grande imprensa paulista e também dos cariocas O Globo e TV Globo. Como fala sempre o jornalista Paulo Henrique Amorim, “os tucanos de São Paulo não passariam de Resende se não fosse o PIG”. E é isso mesmo.

A tendência é que o PSDB diminua e tenha sérias dificuldades para conquistar os executivos estaduais e principalmente a Presidência da República. É que eles não têm programa de governo. E o que tinha para vender, os tucanos venderam. Coitado do povo paulista que não sabe como vai estar o patrimônio público de São Paulo quando o PSDB, enfim, sair do poder. A privatização no estado mais poderoso da Federação foi ampla. E a imprensa, como sempre, nunca publica notícia que possa, ao menos, incomodar os políticos e o empresariado envolvidos com a alienação de bens públicos, no decorrer desses longos 17 anos. O tempo é o senhor da razão. O tempo vai mostrar o que aconteceu em terras paulistas.

Enquanto isso, a grande imprensa brasileira luta contra a volta de Lula. Ela prefere até a Dilma em vez do Lula, porque, neste caso, entra um componente enraizado em nossas elites: o preconceito de classe e a negação do trabalhismo. E Lula representa exatamente o que a imprensa comercial não quer: a continuidade das políticas desenvolvimentistas e trabalhistas colocadas em prática por Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek. É histórico e por isso o que eu afirmo é mais do que verdadeiro. Lula, mesmo fora do poder, de acordo com a pesquisa do Instituto Análise publicada no jornal “Valor Econômico”, tem ainda 82% da aprovação. Este fato significa que a população sente saudade do ex-presidente, porque sua relação com as pessoas é de afetividade e carisma, além do reconhecimento ao seu trabalho enquanto presidente da República. Somente Getúlio teve tanta empatia com o povo brasileiro. O que eu afirmo não é porque sinto simpatia por Lula. São realidades analisadas por mim, de forma sociológica e política.

A relação de Lula com o povo sobrepõe às questões importantes, mas meramente econômicas e financeiras. Milhões de cidadãos, trabalhadores brasileiros se enxergam em Lula, como se o ex-operário fosse a sua própria existência, bem como a virtude de ter vencido na vida e conquistado o respeito ou até mesmo o medo daqueles que também são seus patrões — a burguesia, as elites brasileiras. Lula se tornou o espelho que reflete o brasileiro comum e que almeja ter acesso a uma vida de melhor qualidade. Eu vi e percebi essa cumplicidade, que fez com que um retirante nordestino se tornasse presidente por duas vezes e ainda elegesse sua sucessora, mesmo a ter uma oposição muito rica e com apoio de um sistema midiático dos mais poderosos do mundo. Lula os derrotou e por isso se tornou ainda em vida um mito. É isso aí.

Davis Sena Filho

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A verdadeira faxina é a da miséria

O combate à corrupção vem sendo apresentado pela mídia e pela oposição como sendo a principal ou única agenda nacional, em torno da qual o Governo Federal deveria e seria obrigado a mover-se, quase que exclusivamente. Será que é isso mesmo? Será que o combate à corrupção é a principal ação dos governos?

Mas e o combate à miséria? O permanente combate à inflação? Os cuidados com a política macroeconômica? Os necessários investimentos em infraestrutura? E as políticas públicas no campo da educação, da saúde e da cultura?

Penso que o combate à corrupção é necessário, mas não é uma agenda propriamente dita, não se deve suspender os programas e projetos de Estado ou de governo por conta disso, pois ele deve estar contido nas ações cidadãs, nas ações de Estado e de todas as estruturas e instituições públicas e privadas do país.

Vamos refletir sobre isso. Com a vitória de Lula em 2002 houve uma significativa mudança na agenda do Estado brasileiro, foi colocado no centro de todas as ações o combate à fome, a geração de empregos e as políticas sociais, ou seja, o governo do Presidente Lula “pautou” os movimentos dos adversários e impôs a eles uma agenda nova com questões sobre as quais e entorno das quais ocorreram os debates e os embates. Sob a agenda de Lula os arautos do neoliberalismo não tiveram espaço de afirmar suas certezas e o seu silêncio fez-se obrigatório a esses setores após o default de 2008.

Mas os setores conservadores (PSDB, PPS, PCB, DEM, Veja, Estadão, Folha, etc.), sem elementos ou argumentos para “opor-se” de forma substantiva à agenda proposta e executada por Lula, a qual Dilma segue a cumprir com serenidade e seriedade, lançam mão de um discurso moralista e ressuscitam a mesma tática usada para alçar Collor ao cenário nacional como o “caçador de marajás”. A história está aí e precisa ser consultada.

A Presidenta Dilma Rousseff não se deixou seduzir ou constranger por essa imposição de pauta conservadora e propõe uma agenda positiva ou afirmativa, que é a bandeira e a obsessão pelo desenvolvimento e pela elevação da qualidade de vida dos brasileiros.
Penso que não há contradição entre a agenda positiva proposta pela presidenta e o combate à corrupção, ao contrário da insistência ardilosa da oposição que, no parlamento e na mídia, quer impor um roteiro político economicamente conservador e recessivo, oculto pela retórica frágil representada pela tal “faxina” contra a corrupção.

Ou seja, a ideia do combate à corrupção está inserida num “contexto” muito claro, que é o da ausência de propostas da oposição, a qual passa a usar a retórica fácil e sedutora da moral e da ética, mas o seu objetivo real é criar um campo limitado de ação do Estado e do governo e também, em tese, recolocar a sua agenda conservadora em pauta, a agenda neoliberal, pois é isso que eles são: conservadores. O curioso é que o Ministério Público segue se prestando a instrumento de auxílio disso, midiatizando suas ações e de forma subliminar minando a fé que o cidadão tem nos seus governos e no Estado, como que a afirmar, por caminhos estranhos, que a elite intelectualizada - que eles representam - é o único campo de ação institucional incorruptível, o que sabemos não ser verdade.

O debate político em curso opõe de um lado a oposição conservadora e neoliberal e o Governo da Presidenta Dilma. Mas o fato é que a oposição, sem poder bater de frente contra o programa de desenvolvimento, investimentos e distribuição de renda do governo dirigido por Dilma Rousseff, insiste naquilo que chama de “faxina” necessária, mas é apenas uma tentativa criar um campo e ter o que dizer.

Sem forças ou argumentos honestos para criticar as ações de governos e os programas sociais ou as medidas e econômicos a oposição busca dissimuladamente desqualificar o governo de forma subliminar, busca criar um campo específico dentro do qual procura aprisionar o governo e a presidenta.

Mas parece que a presidenta não “caiu” na cilada, pois recentemente ela afirmou que a melhor forma de “administrar é buscar o bem de todos os brasileiros, é buscar a construção de um projeto nacional acima dos interesses partidários e que articule as dimensões sociais”, e encerrou com uma frase que indica qual faxina temos de fazer no Brasil: “É o Brasil inteiro fazendo um pacto pela verdadeira faxina que esse país tem que fazer: a faxina da miséria”, e é evidente que colocando o fim da miséria no centro das ações de governo o combate à corrupção e ao malfeito estará contemplado.

Se nos deixarmos seduzir pela agenda do simples combate à corrupção o que há de mais importante será esquecido, que é o desenvolvimento sustentável do Brasil e nesse sentido Dilma afirmou no momento em que anunciou a criação de mais quatro novas universidades federais: “Meu desafio não é isso, meu desafio nesse país é desenvolver e distribuir renda. Esse é meu grande desafio. O resto a gente tem que fazer por ossos do ofício.”

Fiquemos, portanto, atentos aos objetivos das sedutoras bandeiras das pessoas que se apresentam como sendo “do bem”, porque na verdade, o objetivo da “operação faxina” da oposição conservadora é trincar a unidade na base aliada, tentando separar a presidenta dos partidos que a apoiam, particularmente o PMDB.

A bandeira que resta à oposição de direita, o moralismo hipócrita, tem, contudo pouca repercussão entre o povo, basta que observemos que apenas 9% dos brasileiros avaliam o governo como ruim ou péssimo.

E as declarações feitas de maneira insistente por Dilma Rousseff nas últimas semanas ilustram a distinção correta entre as duas agendas, a falsamente moralista da oposição, que se opõe à pauta desenvolvimentista do governo.

A bandeira do governo não é a ética e a lisura no uso do dinheiro público, pois elas são obrigação de todos os homens públicos e pré-requisito para a função pública, e o governo Dilma tem demonstrado que não vai tolerar infrações deste princípio.


Pedro Benedito Maciel Neto - Advogado e professor, autor do livro “Reflexões sobre o estudo do direito”

Corrupção / Sete de setembro

As comemorações de Sete de Setembro foram marcadas, em meia centena de cidades brasileiras, por protestos contra a corrupção. É algo muito positivo. Ninguém tem de se conformar com os constantes roubos e desvios de verba que fragilizam os orçamentos públicos e fazem a festa de dirigentes políticos, altos funcionários e empresários amigos. Corrupção é um tema incendiário. Provoca indignação, raiva e um sentimento de apodrecimento generalizado das instituições políticas.

No entanto, as manifestações foram frustrantes.

Baixa adesão
Convocadas pela internet, em especial pelas redes sociais, os protestos tiveram pouca adesão em relação às expectativas dos ativistas virtuais. Em Brasília, eram esperadas 26 mil pessoas que confirmaram participação via Facebook. Os números divergem. O jornal O Estado de S. Paulo fala na participação de 25 mil, a Folha destaca a adesão de 12 mil e André Barrocal, aqui na Carta Maior, aponta que ,em seu início, o protesto reunia duas mil pessoas. Em São Paulo, das 21 mil aguardadas, apenas 700 apareceram para se manifestar na avenida Paulista.

Não se propõe aqui discutir a convocação de eventos coletivos através de laptops, smartphones, tablets e computadores de mesa.

O problema principal das marchas não é a baixa adesão, mas a diretriz que têm adotado.

Ativistas do PT, do PSDB, do PSOL, do PSTU e do PCdoB que tentaram abrir faixas e bandeiras de suas agremiações foram hostilizados. Alguns dos incentivadores das passeatas alegam que isso macularia seu tom apartidário. Há um viés nesse tipo de movimento, de considerar a corrupção algo inerente ao mundo político. Bingo! Se o caso é esse, neguemos a política!

Aí os problemas se escancaram.

Udenismo
As campanhas pela lisura no trato da coisa pública, como se falava em outros tempos, têm história no Brasil. É uma bandeira social mais do que justa. Mas em várias ocasiões foram desfraldadas pela direita, que sempre tentou dar ao problema uma conotação apenas moralista e não como parte das disputas de interesses na sociedade e da influência que grupos empresariais têm junto ao poder político.

A União Democrática nacional (UDN), por exemplo, partido conservador existente entre 1945 e 1964, notabilizou tanto a prática, que o termo “udenismo” passou a classificar o moralismo estéril contra a corrupção.

Descolados do mundo real, roubos, desvios, favorecimentos e comportamentos assemelhados viram uma questão da honestidade pessoal de cada um, da existência ou não de homens e mulheres de bem, lastreados em sólidos valores morais na gestão do Estado. Há uma simplificação quase infantil nisso e algumas decorrências perversas.

A simplificação está em se dividir o mundo entre pessoas de bem e gente do mal, como nos filmes de aventura. As decorrências estão, em primeiro lugar, em achar que a corrupção é um problema dos indivíduos que estão a cargo dos negócios do Estado, algo de natureza privada. E segundo, a corrupção passa a ser visto como efeito sem causa, uma coisa ligada à metafísica. Existe o político que se vende, mas não existe comprador ou corruptor. O empreiteiro ou banqueiro que azeitou engrenagens da máquina pública com dinheiro farto raramente aparece. Se aparece, não é indiciado. Nessa querela, vence o melhor. O melhor advogado, geralmente o mais caro.

O trato moralizante no combate à corrupção simplifica o problema. Trata desvios como questões de foro íntimo e do caráter de cada um. Para combater a corrupção não seria necessário mudar nada. Apenas trocar as pessoas desonestas por indivíduos honestos e botar os corruptos na cadeia. O mundo como ele é, as desigualdades sociais, as relações de poder e tudo o mais podem seguir adiante.

Público e privado
O corruptor, na maioria dos casos, não faz parte da esfera pública, mas da vida empresarial, logo privada. Como dinheiro privado é da conta de cada um – não se pergunte de onde veio – não há nada a condenar. Daí os raríssimos casos de empresários e banqueiros julgados por terem participado de esquemas suspeitos envolvendo o poder público.

Há uma lógica liberal nisso tudo. A corrupção no aparelho de Estado é condenada, mas sua equivalente no mundo privado, não. É bom lembrar que um dos argumentos para a desbragada venda de estatais nos anos 1990 era o fato de elas serem foco de corrupção, o que, deduzia-se, não ocorreria em empresas privadas, movidas pela eficiência e busca de resultados.

Na dinâmica simplista, a corrupção é algo característico dos “políticos” e própria do Estado. Quanto menos “políticos” e quanto menos Estado, menos corrupção.

Assim, nada mais lógico que partidos – organismos “políticos” próprios para a disputa do poder de Estado – sejam expulsos das marchas. É bom sempre lembrar que uma das ideias disseminadas na época do golpe de 1964 foi a de que colocar as forças armadas no comando do governo evitaria sua contaminação pela política e pelos “políticos”.

Financiamento privado
O principal fator de corrupção na área pública reside no financiamento privado de campanhas. O funcionamento básico é conhecido: empresas (bancos, empreiteiras, agências de publicidade e outras que prestem serviços ou forneçam materiais ao Estado) fazem polpudas doações a candidatos antes das eleições. Estes, eleitos, devolvem o favor na forma de vultosos contratos, que quase sempre demandam aditamentos e complementações orçamentárias. Muitas vezes, um administrador sequer precisa fazer planos de governo ou de investimentos. As empresas já apresentam projetos, que são materializados em obras de infraestrutura de duvidosa necessidade ou inexplicáveis alocações de recursos.

Alguns dos que mais vociferam contra a corrupção – imprensa, empresários e políticos conservadores – são contra o financiamento público de campanha. Seria uma medida saneadora. A alegação é que dinheiro público não pode alimentar gastança de candidatos.

Trata-se de uma cortina de fumaça. O financiamento público, além de representar um gasto menor diante das negociatas viabilizadas pela troca de favores entre empresas e governos, estabeleceria o fim das campanhas milionárias e a disparidade que leva os mais ricos a terem melhores chances nas disputas. Seria também o fim do caixa 2 e dos “recursos não contabilizados”.

Rejeição no Senado
Como se sabe, O PL 268, que estabelecia o financiamento público foi rejeitado no final de agosto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Os que impediram a tramitação da matéria são os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT), Francisco Dornelles (PP-RJ), Sérgio Petecão (PMN-AC), Alvaro Dias (PSDB-PR), Demóstenes Torres (DEM-GO), Armando Monteiro (PTB-PE), Ciro Nogueira (PP-PI) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA). São alguns dos mais alardeiam casos de corrupção existentes no governo. Continuarão a demonstrar indignação nas telas de TV e páginas de jornais. Mas se opuseram à criação de um mecanismo que teria consequências devastadoras contra a promiscuidade público-privada (PPP) na administração pública. Não resolveria o problema, mas seria um bom começo.

Tal comportamento encaixa-se perfeitamente ao tom despolitizado das marchas do Dia da Pátria. Desmembra-se o efeito da causa, faz-se muita espuma e daí nada.

Ao repelir a política, as manifestações jogam uma cortina de fumaça no problema real e não incidem sobre as disputas em curso que podem atacar a farra nos cofres públicos. E recebem amplo destaque de uma mídia que não está muito interessada em desvendar as causas da corrupção.


Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Brasil enfrentará crise financeira internacional

O Brasil pode, deve e enfrentará a crise financeira internacional, assegurou a presidenta Dilma Rousseff, ao participar nesta terça-feira (13/9) da cerimônia de assinatura do termo que autoriza o início da construção do trecho norte do Rodoanel de São Paulo. A presidenta Dilma fez referência às obras de infraestrutura resultantes de acordos entre a União e o estado de São Paulo como alternativa de fortalecimento do país, e anunciou que o governo não medirá esforços para complementar essas parcerias.
Mais uma vez, a presidenta trouxe para o mercado interno a responsabilidade de assegurar a resistência aos efeitos da crise que traz grandes impactos negativos aos mercados americano e europeu. Ela disse que o governo tem como prioridade garantir que o país continue consumindo, investido, produzindo e assegurando as condições macroeconômicas para a continuidade do crescimento.
Dilma Rousseff lembrou que, ao contrário do resto do mundo, o Brasil não apresenta desequilíbrio orçamentário, possui uma relação dívida/PIB equilibrada, reservas internacionais e compulsórias suficientes, além de uma política clara de investimentos em habitação e no pré-sal e um setor industrial em condições de ampliar esses investimentos.
“Tenho certeza de que essa cerimônia hoje é uma das grandes formas de combater a crise. É afirmar a necessidade de o país continuar investindo em infraestrutura, é continuar tomando decisões (…) e fazer sistematicamente a sua parte. Nós podemos [enfrentar a crise], nós devemos e nós faremos”, afirmou a presidenta.
A presidenta mencionou ainda importantes projetos resultantes de parceria entre os governos federal, estadual e municipal como o Pacto do Brasil sem Miséria, o programa Minha Casa, Minha Vida, a construção de creches, a concessão de aeroportos e programas na área de transporte e infraestrutura. Para ela, não é mais possível que divergências pessoais ou políticas sejam obstáculos para a realização de investimentos imprescindíveis para o desenvolvimento do país.
“Eu acho que uma das questões mais importantes que me foi legada pelo governo do presidente Lula foi essa absoluta consciência da importância das parcerias republicanas, porque isso significa maturidade institucional, política e democrática do país.”

Dilma promete 4G até a Copa

A Telebrás tem R$200 milhões para investir nas cidades sede. A presidente Dilma Rousseff disse ontem, em seu programa semanal de rádio “Café com a Presidenta”, que até a Copa de 2014 boa parte da população brasileira terá acesso à rede 4G da telefonia móvel. Dilma destacou que a ideia é permitir que os brasileiros, assim como os estrangeiros que vierem ao país, consigam ter internet com velocidade altíssima pelo celular.

A presidente disse também que já autorizou a Telebrás a investir R$200 milhões na infraestrutura de voz e dados nas 12 cidades que sediarão o Mundial de 2014. – É por isso que reativamos a Telebrás, uma empresa pública encarregada de levar infraestrutura de rede para todo o país. Já estamos construindo as condições para que os 30 mil quilômetros de rede de fibra ótica funcionem, assegurando a transmissão de internet em alta velocidade para todas as regiões do Brasil.

Ainda no programa, Dilma afirmou que, até 2014, o objetivo é fazer com que 40 milhões de lares brasileiros tenham acesso à banda larga. A principal aposta da presidente é o programa de popularização da internet que, a partir de 1º de outubro, começará a oferecer conexão de 1 megabits por segundo (Mbps) por R$35.Ela frisou que o governo fez um acordo com as telefônicas para que a banda larga popular chegue a todos os municípios até 2014.

domingo, 11 de setembro de 2011

A matemática macabra do 11 de setembro

A resposta dos EUA ao ataque contra o World Trade Center engendrou duas novas guerras e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, algumas centenas de milhares de pessoas foram mortas. Para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Mas essa história não se resume a mortes. A invasão do Iraque rendeu bilhões de dólares a empresas norteamericanas. Essa matemática macabra aparece também no 11 de setembro de 1973. O golpe de Pinochet provocou 40 mil vítimas e gordos lucros para os amigos do ditador e para ele próprio: US$ 27 milhões, só em contas secretas.

Marco Aurélio Weissheimer

O mundo se tornou um lugar mais seguro, dez anos depois dos atentados de 11 de setembro e da “guerra ao terror” promovida pelos Estados Unidos para se vingar do ataque? A resposta de Washington ao ataque contra o World Trade Center e o Pentágono engendrou duas novas guerras – no Iraque e no Afeganistão – e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, mais de 900 mil pessoas já teriam perdido suas vidas até hoje. Os números são do site Unknown News, que fornece uma estatística detalhada do número de mortos nas guerras nos dois países, distinguindo vítimas civis de militares. A organização Iraq Body Count, que usa uma metodologia diferente, tem uma estatística mais conservadora em relação ao Iraque: 111.937 civis mortos somente no Iraque.

Seja como for, a matemática da vingança é assustadora: para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Em qualquer um dos casos, a reação aos atentados supera de longe a prática adotada pelo exército nazista nos territórios ocupados durante a Segunda Guerra Mundial: executar dez civis para cada soldado alemão morto. Na madrugada do dia 2 de maio, quando anunciou oficialmente que Osama Bin Laden tinha sido morto, no Paquistão, por um comando especial dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama afirmou que a justiça tinha sido feita. O conceito de justiça aplicado aqui torna a Lei do Talião um instrumento conservadora. As palavras do presidente Obama foram as seguintes:

"Foi feita justiça. Nesta noite, tenho condições de dizer aos americanos e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin Laden, o líder da Al Qaeda e terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças."

O conceito de justiça usado por Obama autoriza, portanto, a que iraquianos e afegãos lancem ataques contra os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças. E provoquem outras milhares de mortes. E assim por diante até que não haja mais ninguém para ser morto. A superação da Lei do Talião, cabe lembrar, foi considerada um avanço civilizatório justamente por colocar um fim neste ciclo perpétuo de morte e vingança. A ideia é que a justiça tem que ser um pouco mais do que isso.

Fonte Carta Maior

sábado, 10 de setembro de 2011

O dia em que a Folha se ferrou.

Liberdade de Imprensa na ordem do dia: um caso em que a Folha se ferrou direitinho na Justiça por causa de reportagem malfeita, ahahaha!
Filed under: WordPress — Tags:Folha de São Paulo, informação, jornalismo, liberdade de expressão, liberdade de imprensa, PIG ( Partido da Imprensa Golpista ) — Humberto Amadeu @ 7:30 pm
O texto a seguir é a segunda parte do artigo ”Crítica jornalística – A liberdade de imprensa, os seus limites e a ameaça de censura” da autoria de Janaína Rosa Guimarães e publicado na edição 64 da revista VISÃO JURÍDICA, mas também disponível no site da publicação. Artigo rico em terminologia jurídica, como é de se esperar, visto o público a que se destina, traz interessantes reflexões acerca do propalado direito à informação que, geralmente, nos é apresentado como sinônimo de “liberdade de imprensa” e esta, na prática, trata-se da liberdade dos patrões da imprensa de publicarem o que desejarem. Bom, é um tema de amplo escopo e não me acho preparado para discussões desta monta. Limito-me a transcrever a citada segunda parte do artigo de Janaína [ o texto se encontra integralmente no site ], que relata uma condenação judicial sofrida pelo jornal Folha de São Paulo. Processo iniciado em 2003 e concluído no início deste ano ( quero ver a imprensa se queixar da “lerdeza do Judiciário” depois dessa ) obrigou o jornal a pagar uma indenização a um advogado supostamente estelionatário e contrabandista e publicar a decisão judicial que a condenou ao pagamento de indenização por danos extrapatrimoniais ao autor do processo. Vejam pelos senhores mesmos:
A responsabilidade diante do abuso no direito de informar
Em fevereiro de 2011, o caderno “Ciência” do maior jornal diário do País surpreendeu seus leitores com a manchete: “Cumprimento de decisão judicial”. Cumprindo determinação do Tribunal de Justiça do Paraná, a Folha de S.Paulo publicou decisão judicial que a condenou ao pagamento de indenização por danos extrapatrimoniais a um advogado. A 8ª Câmara Cível do TJ/PR entendeu que o jornal abusou do seu direito de informar ao apontar o advogado como negociante ilegal de fósseis contrabandeados da China. A decisão – Apelação Cível 508.742-5 – é uma das últimas que se baseou na Lei de Imprensa para obrigar um veículo a se retratar publicamente.
O caso teve início em janeiro 2003, quando foi publicada a reportagem “Advogado vende fóssil ilegal pela internet”. Consta dos autos que o autor foi apontado por pelo menos três vezes como negociante ilegal de fósseis da China e que, por isso, foi atribuída a ele a possibilidade de ser acusado por estelionato, contrabando ou por ferir crimes ambientais.
O advogado recorreu à Justiça, alegando que o conteúdo da reportagem não era verdadeiro, uma vez que a notícia não considerou fatos que demonstravam a legalidade das operações comerciais, como o pagamento de tributos à Receita Federal. A Folha argumentou que não houve ofensa à honra do advogado e que a reportagem se limitou a narrar os fatos, inclusive retratando informações da Embaixada da China no Brasil e da Polícia Federal. A 6ª Vara Cível de Curitiba julgou improcedente a ação indenizatória.
O TJ/PR, ao apreciar o recurso do advogado, considerou que a Folha fez acusações que violaram a honra e a integridade dele, pois não houve cuidado em relação à veracidade e ao relato fiel dos fatos apurados. “Com isso não se quer dizer que é vedada à mídia a publicação de reportagens de cunho investigativo, que levem à população em geral a informação sobre os podres que atingem a sociedade (…). O que se exige, entretanto, é que tais reportagens se mostrem objetivas e representem relato fiel às informações que lhe deram origem, sem qualquer transformação de cunho manipulativo que altere a realidade”, destacou a relatora convocada do caso, juíza substituta Denise Krüger Pereira.
A relatora aponta que já no subtítulo da matéria há uma “grave” acusação: “Paranaense negocia em site brasileiro ovos de dinossauro contrabandeados da China”. Ela afirma, ainda, que o texto apresenta erros de informação, entre eles o trecho que diz que “os ovos foram comprados de um revendedor chinês chamado Michael Zheng”. De acordo com os autos, os ovos foram comprados via internet de um vendedor americano.
O acórdão aponta, ainda, que a comercialização dos fósseis não tinha caráter comercial, tendo em vista a entrevista feita com o advogado pela jornalista que assina a matéria e o número de peças compradas. Teixeira comprou quatro fósseis e revendeu dois deles.
A relatora aponta que o texto afirma que o advogado poderia responder por estelionato e crime ambiental, porém, somente se os ovos fossem falsos ou vendidos no Brasil, hipóteses que a própria reportagem nega. O acórdão termina afirmando que, após a publicação da reportagem, Teixeira procurou a Polícia Federal e descobriu que nenhuma investigação fora aberta contra ele, ao contrário do que disse a reportagem.
“Desse modo, por faltar com a completa veracidade ao teor da publicação, por violação do dever de cuidado ao informar e por clara manipulação das informações obtidas de modo a tornar a reportagem claramente sensacionalista, entendo que é devida a indenização a título de danos morais ao autor, posto que o animus narrandi, imprescindível à boa reportagem, foi claramente ultrapassado, incorrendo as apelantes em abuso ao direito de informar”, afirma.
Por unanimidade, a Câmara seguiu o voto da relatora e condenou a Folha a pagar indenização de R$ 30 mil, a publicar a sentença na íntegra, nos mesmos moldes do texto (mesmos destaques, tamanho e tipo de fonte), e a retirar da internet cópia da reportagem [ NOTA DESTE BLOG: A Folha tirou, mas tem aqui. Vejam a matéria satânica neste link ].
A juíza Denise Krüger Pereira recorreu ao artigo 75 da Lei de Imprensa para determinar a publicação do acórdão, apesar de ter considerado em seu relatório que a mesma lei não poderia ser aplicada para fixar o valor da indenização, de R$ 30 mil, de acordo com a jurisprudência do STJ.
A decisão não considerou decisão do Supremo Tribunal Federal que, em abril de 2009, declarou que, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, a Lei de Imprensa é incompatível com a Constituição, mas sim a Súmula 281 do STJ, que diz que “a indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa”.
“Diante da ausência de critérios legais preestabelecidos, cabe ao arbítrio do julgador, levando em consideração os precedentes jurisprudenciais, atender nessa fixação, circunstâncias relativas à posição social e econômica das partes, à intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente, à repercussão social da ofensa e ao aspecto punitivo-retributivo da medida”, destacou a relatora.
Em ambos os casos, tanto no caso da professora da Uniban como do advogado do Paraná, podemos ver a sobreposição de direitos fundamentais e os limites do trabalho da imprensa.
Por certo que o trabalho da imprensa é essencialmente especulativa, investigativa e inexata; fosse de outra forma bastaria à população consumir os diversos jornais dos três poderes, ouvir somente a Radiobras e emissoras públicas de televisão e ler boletins informativos, ficando assim absolutamente informada das verdades oficiais e não mais sujeitas a controvérsias (na visão de quem detém o poder). A hipótese é extravagante, mas deve ser lembrada exatamente como o oposto daquilo que informa os países democráticos e civilizados: o livre arbítrio, a responsabilidade e um nível aceitável de risco nas informações. Quanto às críticas não há o que discutir, pois são apenas opiniões; mais importante do que a opinião de quem critica é a de quem ouve a crítica e acompanha os fatos. A opinião pública se constrói a partir da informação, do questionamento, do desafio, da contestação e do debate. A liberdade sem adjetivos ou condições sempre moveu o homem – para mantê-la ou conquistá-la – sendo a opinião pública forte e bem-informada a maior garantia do Estado Democrático de Direito.
Por esse motivo é fundamental a imunidade dos políticos quando manifestam sua opinião, assim também é da essência do trabalho do magistrado formar livremente sua convicção acerca do processo que está julgando e, claro, da imprensa ao informar, criticar, opinar, exercer juízo de valor ou interpretar acontecimentos de qualquer área. O dever ético essencial do jornalista é não faltar com a verdade; comentar ou opinar são atividades que não permitem a mentira, pois a crítica é sempre verdadeira, mesmo que eventualmente equivocada ou superficial. A liberdade de imprensa, como de religião, pensamento e tantas outras, é garantia constitucional, cláusula pétrea e nuclear do contrato social brasileiro; não pode de forma alguma ser adjetivada, reduzida ou condicionada.
Por outro lado, é certo também apurar que a regulação da mídia se impõe, cada vez mais, como necessidade de jornalistas, empresários da comunicação e sociedade civil e não como discurso de ocasião.
Como bem preceitua o jurista José Afonso da Silva (in Direito Constitucional Positivo),
a liberdade de informação não é simplesmente a liberdade do dono da empresa jornalística ou do jornalista. A liberdade destes é reflexa no sentido de que ela só existe e se justifica na medida do direito dos indivíduos a uma informação correta e imparcial. A liberdade dominante é de ser informado, a de ter acesso às fontes de informação, a de obtê-la. O dono da empresa e o jornalista têm um direito fundamental de exercer sua atividade, sua missão, mas especial têm um dever. Reconhece-se-lhe o direito de informar ao público os acontecimentos e idéias, mas sobre ele incide o dever de informar à coletividade tais acontecimentos e ideias, objetivamente, sem alterar-lhes a verdade ou esvaziar-lhes o sentido original: do contrário, se terá não informação, mas deformação.
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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Quem disse que não se combate a corrupção neste governo?

Parabéns Polícia Federal, Controladoria Geral da República e Ministério Público.


Anexo:Lista de operações da Polícia Federal do Brasil
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Abaixo segue a lista de operações especiais da Polícia Federal do Brasil, realizadas a partir de 2003 até 2009.

Índice
1 2003
2 2004
3 2005
4 2006
5 2007
6 2008
7 2009
8 Referências


2003

Número de operações: 9 [1]

Operação Águia
Operação Sucuri
Operação Nicotina II
Operação Planador
Operação Trânsito Livre
Operação Praga do Egito
Operação Cavalo de Tróia
Operação Anaconda
Operação Concha Branca
Operação Setembro Negro
Operação Drake
Operação Garça
Operação Tempestade no Peste
Operação Medusa
Operação Paz no Campo
Operação Lince

2004

Número de operações: 49 [1]

Operação Feliz Ano Velho
Operação Zaqueu
Operação Fraude Zero
Operação Soro
Operação Pandora
Operação Matusalém
Operação Mamoré
Operação Barrilha
Operação Pindorama
Operação Vampiro
Operação Rosa dos Ventos
Operação Shogun
Operação Tamar
Operação Lince II
Operação Pensacola
Operação Caso Unaí
Operação Orcrim Esa
Operação Zumbi
Operação Albatroz
Operação Farol Da Colina
Operação Cavalo De Tróia II
Operação Pardal
Operação Mucuripe
Operação Chacal
Operação Pororoca
Operação Capela
Operação Poeira No Asfalto
Operação Cataratas
Operação Midas
Operação Catuaba
Operação Faraó
Operação Águia II
Operação S. J. Dos Campos
Operação Mascates
Operação Perseu
Operação Sentinela
Operação Castelo
Operação Faroeste
Operação Mar Azul
Operação Cavalo de Aço
Operação Saia Justa
Operação Fênix

2005

Número de operações: 67 [2]

Operação Alcatéia
Operação Predador
Operação Petisco
Operação Pretorium
Operação Big Brother
Operação Clone
Operação Terra Nostra
Operação Caronte
Operação Ajuste Fiscal
Operação Dragão
Operação Buritis
Operação Março Branco
Operação Tango
Operação Castanhola
Operação Hidra
Operação Guabiru
Operação Spectro
Operação Curupira
Operação Anjo Da Guarda
Operação Panorama
Operação Cevada
Operação Tentáculos
Operação Tâmara
Operação Mercúrio
Operação Monte Éden
Operação Narciso
Operação Confraria
Operação Lion Tech
Operação Falsário
Operação Macunaíma
Operação Babilônia
Operação Matinta Perêra
Operação Encaixe
Operação Caá-Ete
Operação Curupira II
Operação Serraluz
Operação Pégasus
Operação Roupa Suja
Operação Trevo
Operação Anjo Da Guarda II
Operação Fronteira Legal
Operação Mercado Negro
Operação Tentáculos Iii
Operação Bye Bye Brasil
Operação Canaã E Overbox
Operação Trevo II
Operação Dublê
Operação Mandrake
Operação Pedra Bonita
Operação Bloqueio
Operação Campus Limpo
Operação Ouro Verde
Operação Argus
Operação Corona
Operação Êxodo
Operação Plata
Operação Centurião
Operação Rio Pardo
Operação Ponto Com
Operação Canil
Operação Breakdown
Operação Firula
Operação Anfíbio
Operação Trinca Ferro Crepúsculo

2006

Número de operações: 167

Operação Cruz Vermelha
Operação Capitão Gancho II
Operação Ilha Da Fantasia
Operação Águas Seguras
Operação Cangaço
Operação Decadência Total
Operação Coqueiro
Operação Araripe
Operação 3x1
Operação Toga
Operação Tic-Tac
Operação Cegonha
Operação Carbono
Operação Tm
Operação Scan
Operação Brother
Operação Azahar
Operação Câmbio
Operação Xeque-Mate
Operação Mar Egeu
Operação Esfinge
Operação Safári
Operação Mercado Preso
Operação Cassinos II
Operação Balaústre
Operação Doublê
Operação Cidade Baixa
Operação Tarantela
Operação Suíça
Operação Urutau
Operação Dissolve
Operação Fim Da Linha
Operação Tarô
Operação Boas Vindas II
Operação Paralelo 251
Operação Cerrado
Operação Calouro
Operação Galiléia
Operação Caloria
Operação Piraíba
Operação Sanguessuga
Operação Pólo
Operação Hélios
Operação Boneco De Pano
Operação Carta Marcada
Operação Vidas Secas II
Operação Branca De Neve
Operação Oceanos Gêmeos Abertura
Operação Macunaíma
Operação Desmanche
Operação Torniquete
Operação Senil
Operação Castores
Operação Bala Doce
Operação Escudo
Operação Alecto
Operação Carro Zero
Operação Casa Velha
Operação Violeta
Operação Charrua
Operação Guaru
Operação Novo Empate
Operação Tibagi
Operação Geralda Tocopreto
Operação Aroeira
Operação Faxina
Operação Lusa
Operação Depósito
Operação Mercador
Operação 14 Bis
Operação Terra Prometida
Operação Artemis
Operação Conta Conjunta
Operação Nobilis
Operação Ícaro
Operação Fox
Operação Zapatta
Operação Cerol
Operação Com Dor
Operação Mão-De-Obra
Operação Tanque Cheio
Operação Sintonia
Operação Asfalto Limpo
Operação Enguia
Operação Dominó
Operação Tigre
Operação Isaías
Operação Saúva
Operação Dilúvio
Operação Roncador
Operação Cabo
Operação Víspora II
Operação Exodus
Operação Harmonia
Operação Galáticos
Operação Gládio
Operação Amigos Da Onça
Operação Gavião
Operação Euterpe
Operação Campo Fértil
Operação Facção Toupeira
Operação Daniel
Operação Corsário
Operação Castela E Madri
Operação Replicante
Operação Vermelho 27
Operação Harmonia-Retomada
Operação Sansão
Operação Abstinência
Operação Eros
Operação Tridente
Operação Gabarito
Operação Aço Forte
Operação Tráfico.Com
Operação Gato De Botas
Operação Felina
Operação Voto Livre
Operação Grandes Lagos
Operação Overlord
Operação Seja Legal
Operação Bola De Fogo
Operação Defeso Do Camarão
Operação I-Commerce
Operação Caraxué
Operação Copa
Operação Anos Dourados
Operação Ciclone
Operação Caribe
Operação Venezuela
Operação Silvestre
Operação Vesúvio
Operação Reação
Operação Víspora Iii
Operação Alcatrão
Operação Rêmora
Operação Alcaides
Operação Pebra
Operação Corsário II
Operação Kayabi
Operação Castelhana
Operação Davi
Operação Esporão
Operação Drake
Operação Tsunami
Operação Hook
Operação Crivo
Operação Licomedes
Operação Câmbio Livre
Operação Control+Alt+Del
Operação Cristal Negro
Operação Passagem
Operação Sentença
Operação Oráculo
Operação Bingo
Operação Caça-Níqueis
Operação Telhado De Vidro
Operação Afrodite
Operação Gladiador
Operação Tingüí
Operação Ouro De Tolo
Operação Maçaranduba
Operação Pinóquio
Operação Boca Limpa
Operação Caiman
Operação Puerto Libre
Operação Afrodite II
Operação São Matheus

2007

Número de operações: 188 [4]

Operação Linhas Cruzadas
Operação Vintém
Operação Sodoma
Operação Passe Livre
Operação Tv Pirata
Operação Aliança
Operação Kolibra
Operação Parabellum
Operação Cedro-Maracá
Operação Tubarão
Operação Roseira
Operação Big-Apple
Operação Valáquia
Operação Sintonia
Operação Piratas Da Lavoura
Operação Rio Nilo
Operação 387
Operação Savana
Operação Ananias
Operação Xingu
Operação Casão
Operação Truco
Operação Morpheu
Operação Miragem
Operação Naciente
Operação Byblos
Operação Jota
Operação Derrame
Operação Antídoto
Operação Platina
Operação Âncora
Operação Curitiba
Operação Interferência
Operação Testamento
Operação Malha Sertão
Operação Ouro Verde
Operação Conexão Alfa
Operação Malha Fina
Operação Aveloz
Operação Arara Preta
Operação Hurricane
Operação 42 Graus
Operação Cobra D'Água
Operação Kaspar
Operação Lacraia
Operação Game Over
Operação Oeste
Operação Terra Do Sol
Operação Vaga Certa
Operação Moeda Verde
Operação 274
Operação Campo Verde
Operação Cacique
Operação Paraíso
Operação Iscariotes
Operação Conexão Criciúma
Operação Navegantes
Operação Pó Da China
Operação Carimbo
Operação Mapinguari
Operação Navalha
Operação Hipócrates
Operação Contranicot
Operação Banco Imobiliário
Operação Ouro Negro
Operação Hiena
Operação Guarany
Operação Bruxelas
Operação Xeque-Mate
Operação Espiral
Operação Senhor Dos Anéis
Operação Rosa Dos Ventos Iv
Operação Prometeu
Operação Rota Oeste
Operação Zaqueu
Operação Sétimo Dia
Operação Vitória
Operação Caipora
Operação Rússia
Operação Lavrador
Operação Alcatéia
Operação Camaleão
Operação Freud
Operação Tv Legal
Operação Oriente
Operação Abatedouro
Operação Reluz
Operação Columbus
Operação Matamento
Operação Pen Drive
Operação Bumerangue
Operação Game Over
Operação Sabinas
Operação Ouro Verde II
Operação Lobo Guerreiro
Operação Hipócrates
Operação Águas Profundas
Operação Aliança
Operação Alaska
Operação Placebo
Operação Pluma
Operação Gerúsia
Operação Selo
Operação Convento
Operação Macuco
Operação Farrapos
Operação Zebu
Operação Catraca
Operação São Francisco
Operação Colossus
Operação Tubarão
Operação Aposta
Operação Revisão
Operação Zeus
Operação Contestado
Operação Zebra
Operação Tabaco
Operação Patrimônio
Operação Carranca De Tróia
Operação Colméia
Operação Barão
Operação Faxina
Operação Pedra Lascada
Operação Interferência II
Operação Vênus
Operação Pulverizador
Operação Espectro Negro
Operação Ribeirão
Operação Minotauro
Operação Duna Branca
Operação Cárcere
Operação Metalose
Operação Profeta
Operação Via Salária
Operação Tríade
Operação Área Livre
Operação Persona
Operação Wood Stock
Operação Alquimista
Operação Gaia
Operação Ouro Branco
Operação Esfinge
Operação Metástase
Operação X-9
Operação Solanácea
Operação Iara
Operação Alquila
Operação Veneza
Operação Rodin
Operação Mecenas
Operação Kaspar II
Operação Vento Sul
Operação Roterdam
Operação Lenha Branca
Operação Metamorfose
Operação Cia Do Extermínio
Operação Ilíada
Operação Carranca
Operação Sete Erros
Operação Revisão II
Operação Veredas
Operação Ceres
Operação Constelação
Operação Xadrez
Operação Avc
Operação Curto Circuito
Operação Fênix
Operação Jaleco Branco
Operação Casa Nova
Operação Oitava Praga
Operação Muro De Fogo
Operação Lolicon
Operação Taturana
Operação Sofia
Operação Repique
Operação Corvina
Operação Feitoria
Operação Monte Líbano
Operação Spoter
Operação Garoa
Operação Rapina
Operação Império
Operação Toscano
Operação Naufrágio
Operação Toca
Operação Al Capone
Operação Carrossel
Operação Good Vibes
Operação Cartas Marcadas[5]

2008

Número de operações: 110 [6]

Operação Moeda
Operação Mula
Operação Amálgama
Operação Boas Vindas Iii
Operação Rede Marginal
Operação Iceberg
Operação Interferência
Operação Arredores
Operação Centro
Operação Hígia
Operação Kabuf
Operação Pirita
Operação Desvio Químico
Operação Arco De Fogo
Operação São José
Operação Varredura
Operação Aldeia Livre
Operação Flash Back
Operação Centelha
Operação Madri
Operação Tarrafa
Operação Integrada Afrodite
Operação Telhado De Vidro
Operação Pinóquio
Operação Fariseu
Operação Cola
Operação Pórtico
Operação Paralelo
Operação Pleno Emprego
Operação Contramão
Operação Rapina II
Operação Titanic
Operação Pechisbeque
Operação Pasárgada
Operação Muralha
Operação Contato
Operação Nautilus
Operação Butiá
Operação Auxílio-Sufrágio
Operação Santa Teresa
Operação Termes
Operação Treviso
Operação Anjos Do Sol
Operação Bolsa-Receita
Operação Camaleão
Operação Nêmesis
Operação Colheita
Operação Cardume
Operação Lactose
Operação Neve No Cerrado
Operação Diamante Negro
Operação Vorax
Operação Camuflagem
Operação Caipora
Operação Segurança Pública[7]
Operação Canal 70.1
Operação Cartada Final
Operação Sinal Vermelho
Operação Albergue
Operação Savana
Operação Pedra De Fogo
Operação Esperança
Operação Banacre
Operação Arcanjo
Operação Placebo II
Operação Rosa Dos Ventos V
Operação Cariri
Operação Capelinha
Operação Fronteira Sul
Operação Cana Brava
Operação Passadiço
Operação De Volta Para Pasárgada
Operação Lambari
Operação Hígia
Operação Gestão Plena
Operação Pampa
Operação Guarani
Operação Balaiada
Operação Clone
Operação Influenza
Operação João-De-Barro
Operação Porto
Operação Teimoso
Operação Jogo Perigoso
Operação Miami
Operação Houdini
Operação Quixadá
Operação Loki
Operação Posto Seguro
Operação Epidemia
Operação Arredores II
Operação Serpente Negra
Operação Arquipélago
Operação I-Commerce II
Operação Play Back
Operação Olympia
Operação Mão Invisível
Operação Satiagraha
Operação Bicho Mineiro
Operação Colheita Norte
Operação Combate
Operação Mãos Dadas
Operação Toque de Midas
Operação San Lucca
Operação Kirão
Operação Akator
Operação Ferreiro
Operação Norne
Operação Cascavel
Operação Psicose
Operação Pedra Redonda
Operação Deja Vu
Operação Avalanche

2009

Operação Caixa de Pandora

Referências1.↑ a b Departamento de Polícia Federal. Resumo das Operações - DPF 2003/2004. Página visitada em 8 de julho de 2008.
2.↑ Departamento de Polícia Federal. Resumo das Operações - DPF 2005. Página visitada em 8 de julho de 2008.
3.↑ Departamento de Polícia Federal. Resumo das Operações - DPF 2006. Página visitada em 8 de julho de 2008.
4.↑ Departamento de Polícia Federal. Resumo das Operações - DPF 2007. Página visitada em 8 de julho de 2008.
5.↑ O Dia - Operação Cartas Marcada prende 19 por crimes ambientais
6.↑ Departamento de Polícia Federal. Resumo das Operações - DPF 2008. Página visitada em 8 de julho de 2008.
7.↑ http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL582542-5606,00.html
Obtida de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_opera%C3%A7%C3%B5es_da_Pol%C3%ADcia_Federal_do_Brasil"
Categoria: Operações da Polícia Federal

Álvaro Dias paga mico e foge do Senado

Foi desastrosa a participação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) na audiência pública do Senado Federal, realizada nesta terça-feira, 31, para ouvir o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sobre o Plano Nacional de Banda Larga.


Disposto a confrontar Bernardo sobre o uso do avião “King Air” de propriedade da Sanches Tripoloni, empreiteira que executa o Contorno Norte de Maringá (PR), Álvaro Dias perguntou se no dia 10 de fevereiro de 2011 o ministro teria usado a aeronave para ir a Feira Agropecuária de Cascavel.


— Não, senador Álvaro, não estive na Feira de Cascavel neste ano, até me convidaram, lamentei muito não ter condições de ir — disse Bernardo, acrescentando que esteve lá no ano anterior. — É isso, 2010, tentou emendar Álvaro Dias, mas Bernardo o interrompeu de novo:
— Em 2010, senador, eu estive lá em um avião da FAB, Força Aérea Brasileira, disse o ministro.


Visivelmente desapontado, o tucano afirmou que considera seu “direito fazer ilações, em seu papel de Oposição. O ministro retrucou: reconhece o papel da Oposição, mas não acha correto que se faça ilações para atacar a honra alheia.
"As pessoas tem de se ater aos fatos, falar a verdade”, disse Bernardo. Ele bateu duro naqueles que plantam notas anônimas nos jornais, valendo-se do chamado "off". Álvaro Dias apressou-se a dizer que não era o autor das notas passadas aos jornalistas, mesmo sem ter sido acusado disso.


O que mais surpreendeu os presentes, contudo, foi o fato de o tucano retirar-se antes de ouvir mais uma resposta do ministro à uma questão que ele havia formulado. Em gesto de má educação, o senador levantou-se e deixou a reunião sem sequer se despedir do ministro.
O “mico” sobre o uso do avião foi o segundo momento de constrangimento do senador. Antes, Bernardo havia mostrado cópia da emenda da bancada paranaense solicitando ao Poder Executivo a realização do Contorno da Rodovia de Maringá. O primeiro signatário da emenda, ou seja, o autor da proposta, é o senador Álvaro Dias.


Antes que a emenda, de 2007, fosse do conhecimento público, o senador tentava atribuir interesse na empreitada apenas a Bernardo para fazer ilações sobre sua honra. Bernardo era ministro do Planejamento quando os recursos orçamentários foram liberados e a rodovia foi incluída no PAC. Acontece que isso só ocorreu porque toda a bancada do Paraná pressionou o governo.


Álvaro Dias saiu desmoralizado da audiência. Bernardo o silenciou com a verdade. E a mídia que serviu de mensageira das falsas notícias? Será que os jornalistas que publicaram inverdades em “off” não deveriam perguntar a si mesmos se as baixas vendas de jornais não estarão relacionadas a essa persistente subserviência aos que usam o anonimato para sabotar os fatos? Afinal, das duas, uma: ou se está a serviço dos velhacos ou ao serviço dos leitores.

Do blog Os Amigos do Presidente Lula

Devanir Ribeiro:”Aonde vamos parar com esse jornalismo tão podre, tão mentiroso?”

Desde quarta-feira, 24 de agosto, quando Gustavo Nogueira Ribeiro, repórter da Veja, foi flagrado pela camareira, tentando invadir o apartamento de José Dirceu no Hotel Naoum, em Brasília, era previsível que mais uma “aula” de jornalismo esgoto estava a caminho. Não deu outra. Com capa e tudo.

Com a manchete “José Dirceu mostra que ainda manda em Brasília”, Veja chegou este final de semana às bancas. Logo no olho diz: “Com ‘gabinete’ instalado em um hotel, ex-ministro recebe autoridades da República para, entre outras atividades, conspirar contra o governo Dilma”.

A matéria traz uma sequência de dez fotos, provavelmente extraídas da câmera de segurança, tiradas do andar em que fica o apartamento de José Dirceu. Numa delas, aparece o próprio. Nas demais, ministros, deputados, senadores que lá estiveram.

Entre eles, o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), que, aparentemente, está acompanhado de duas pessoas, cujos rostos foram disfarçados pela revista para não serem reconhecidos.

07/6/2011 – 20:22:42 – Duração: 25 minutos | Deputado Devanir Ribeiro, PT: “Faz muito tempo que eu não vejo o Zé Dirceu. Nem lembro quando foi a última vez” – Reprodução/Veja

No início da noite desse sábado, conversei com Devanir: “Eu não li ainda a matéria. Encontrei hoje o Vacarezza [deputado federal Cândido Vacarezza, líder do governo na Câmara] num debate, ele me falou. Eu não leio, não compro, não recomendo e não dou entrevista à Veja há vários anos”.

Pedi-lhe para abrir uma exceção, para comentar o que foi publicado. Topou. Como havíamos combinado, voltei a ligar no final da noite desse sábado. Devanir foi logo dizendo:

“Que matéria mais besta? Francamente não sei o que estão querendo com ela. Intrigar o Zé com a Dilma? Jogar a Dilma contra o Zé? Besteira! Dizer que o pessoal do PT frequenta o Naoum?! Vários parlamentares do PT que não têm apartamento funcional ficavam e ficam lá hospedados. Que o Zé faz política, qual a novidade?! É um direito dele. O Zé é um cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. É um quadro importante do PT que fez parte das lutas democráticas do Brasil nas últimas décadas. É uma pessoa que eu respeito”.

Viomundo – Segundo a Veja, o senhor disse que faz tempo que não vê o José Dirceu e nem se lembrava de quando tinha sido a última vez que o tinha encontrado. Diz também que o senhor teria estado no apartamento do José Dirceu em 7 de junho. É isso mesmo que aconteceu?

Devanir Ribeiro – Primeiro, gostaria repetir. Vários parlamentares do PT ficavam e ficam no Naoum. De modo que, de vez em quando, eu vou até lá, sim, para encontrar algum companheiro.

Segundo, eu fui ao Naoum aquele dia — não sei se em 7 de junho como afirma a Veja — para buscar alguns companheiros do Pará e levar para uma reunião que iria acontecer em seguida na minha casa. Ao chegar na portaria, liguei para um deles, que pediu para eu subir. O Zé atendeu, cumprimentei-o, ele estava atendendo umas ligações, conversamos um pouco e fomos embora.

Eu não tinha NENHUMA audiência marcada com o Zé Dirceu. E se tivesse, assumiria. Qual o problema? Nenhum. Sou político, tenho de fazer política. O Zé, a mesma coisa.

Viomundo – E essa história de que o senhor não se lembrava de ter o encontrado o José Dirceu?

Devanir Ribeiro – Veja bem. O Zé é dirigente partidário, logo a gente vive se cruzando em reuniões do PT, assim como com os demais companheiros do PT.

Como eu não havia solicitado audiência ao Zé Dirceu, eu, na hora, inicialmente, não me lembrei que tinha passado pelo Naoum, pra pegar o pessoal.

Viomundo – Então o que disse para o jornalista?

Devanir Ribeiro – Tem uma coisa importante que eu quero esclarecer. Há alguns dias um repórter da Veja me ligou, querendo marcar um horário para conversar comigo. Eu disse NÃO. Disse o que já disse a você: que não lia, não assinava, não recomendava nem dava para a Veja em função do péssimo jornalismo que ela faz. Acrescentei ainda que estava processando a Veja.

O repórter disse: “Ah, mas eu sou novo!”.

Eu contrapus: “Você é novo, mas a revista é velha”.

A coisa morreu aí. Só que num outro dia outro repórter me ligou, perguntando se eu não achava estranho o Zé Dirceu receber um monte de gente em Brasília.Respondi que achava normal, já que o Zé conhece muita gente. Aí, ele me perguntou quando tinha sido a última vez que eu tinha encontrado o Zé. Inicialmente, respondi: “Eu não me lembro”. Mas, em seguida, falei: “Foi no Rio de Janeiro há uns 15 dias na reunião do diretório nacional do PT.

Viomundo – Mas o repórter não citou o Rio de Janeiro na legenda da foto…

Devanir Ribeiro – Eu disse, mas ele colocou só o começo da minha fala.

Viomundo – Esse segundorepórter se identificou como da Veja?

Devanir Ribeiro – Não! Se tivesse dito, não teria respondido nada.

Viomundo – O senhor lembra o nome dos dois repórteres que lhe telefonaram?

Devanir Ribeiro – Não. Não, mesmo. Mas são jornalistas que eu nunca ouvi falar o nome.

Viomundo – O senhor está processando a Veja. Por quê?

Devanir Ribeiro – Na época do dito “mensalão”, que nunca existiu, saiu publicado que uma funcionária minha, Maria Aparecida da Silva, tinha ido ao Banco Rural e sacado dinheiro.

Na época, o meu advogado pesquisando na internet percebeu que o número de dígitos da carteira de identidade da Maria Aparecida envolvida não batia com o que temos em São Paulo. Aí, descobriu que não tinha nada a ver com a minha secretária. Foi a minha sorte.

Aliás, no Brasil, o que não falta é Maria Aparecida da Silva (risos), concorda?

A Globo se retratou. A Veja, não. Eu resolvi processá-la, pois como diz o meu advogado: “Se você é acusado injustamente e fica quieto, é como se admitisse a culpa. Por isso tem de processar, mesmo. Se você não processar, vão dizer que você é culpado”. Então processei. Não desisto.

Não importa o tempo que demorar. Estou fazendo uma poupança para os meus netos. A Veja não se emenda. Não está preocupada com a verdade. Aliás, o jornalismo brasileiro está cada vez pior. Aonde vamos parar com esse jornalismo tão podre, tão mentiroso, tão malfeito?

PS do Viomundo: Hoje, após publicar esta entrevista com Devanir Ribeiro, soube do post do blogueiro Len, do Ponto e Contraponto, onde ele afirma que as fotos da reportagem de Veja não são imagens da circulação do hotel, feitas pela câmera de segurança. Mas que elas teriam sido obtidas por um sistema implantado pelo próprio jornalista num ponto próximo ao apartamento de José Dirceu.

Denuncia da Veja

O principal cenário da “denúncia” da Veja desse final desse final de semana é o Hotel Naoum, em Brasília. Nele, segundo a revista, José Dirceu tem um “gabinete” instalado, onde “o ex-ministro recebe autoridades da República para, entre outras atividades, conspirar contra o governo Dilma.”
A matéria traz uma sequência de dez fotos tiradas do andar em que fica o apartamento de José Dirceu. Numa delas, aparece o próprio. Nas demais, ministros, deputados, senadores que lá estiveram. Por isso, entrevistei há pouco Rogério Tonatto, gerente geral do hotel.
No seu ramo de negócio, privacidade é vital. A do Naoum, porém, foi quebrada com a reportagem da Veja. O senhor não teme que, por isso, clientes deixem de se hospedar no seu hotel?
Rogério Tonatto — Eu não acredito, não, porque todo mundo conhece a nossa respeitabilidade. O hotel tem 22 anos, é considerado o melhor da cidade. É o hotel que mais recebeu comitivas oficiais em todo o país, da Princesa Diana a Fidel Castro. São mais de 150 comitivas oficiais.
O que foi feito aqui é uma coisa criminosa, que a gente repudia. Nós estamos realmente chocados, pois temos uma história muito forte com a cidade. Não vamos deixar que episódio isolado como esse abale o nome do hotel.
Acha mesmo que não vai ter repercussão na sua clientela? As fotos exibidas na Veja demonstram que a privacidade do seu cliente está em risco.
Rogério Tonatto – A privacidade de clientes está sob risco em qualquer lugar do mundo. O que fizeram no hotel é um crime. Aliás, muitos clientes têm-nos ligado para prestar solidariedade, dizendo que o hotel não merece isso.
O senhor sabe como foram feitas as imagens?
Rogério Tonatto — A gente não sabe ainda com certeza, pois a questão está sob investigação. A nossa suspeita é de que essa câmera foi plantada. Achamos que não saíram do circuito interno do hotel.
Não saíram mesmo do circuito interno?
Rogério Tonatto — Nós estamos investigando. Mas tudo indica que não. Até porque a maioria dos nossos funcionários tem muito tempo de casa, são pessoas comprometidas com o hotel. Eu sinceramente não acredito que possa ter saído de forma inconseqüente do hotel. Nisso, a gente está bem tranqüilo.
Já falamos com todos os funcionários, a começar pelo pessoal de segurança. Está todo mundo muito chateado, muito perplexo. São pessoas que têm um carinho muito grande pelo empreendimento. Você não tem noção do que a gente realmente está passando…
É possível dizer com 100% de certeza que as fotos não foram tiradas do seu sistema de segurança?
Rogério Tonatto – Neste instante, não tenho condições de precisar 100%. A principal hipótese é a de que uma câmera tenha sido plantada no hotel. A gente trabalha mais com essa hipótese.
A sua equipe tem condições de avaliar se as imagens saíram ou não do circuito interno, não tem?
Rogério Tonatto – Tem, sim, e já detectaram algumas diferenças em relação às fotos publicadas. Por exemplo, são horas diferenciadas em relação às presenças das pessoas citadas. Mas isso a Polícia Civil de Brasília e a Polícia Federal estão apurando. Agora, é precipitado eu falar mais coisas. Não quero atrapalhar a investigação. O que eu posso dizer é que vamos apurar todo esse delito até o final.
Tem ideia de quem teria filmado o andar do apartamento do ex-ministro José Dirceu?
Rogério Tonatto — Não temos a menor ideia. Sabemos que um repórter esteve lá, que tentou invadir um dos apartamentos. Prontamente nosso staff não deixou. É um staff bem preparado, conseguiu detectar a tentativa de invasão. Demos queixa na polícia. Enfim, tomamos todas as medidas que medidas que tem de ser adotadas nessas circunstâncias.
Esse é um caso que tem de ser apurado pela polícia especializada, porque a gente não compartilha com esse tipo de conduta, independentemente de quem seja o cliente.
O senhor disse que a Polícia Federal está apurando o caso…
Rogério Tonatto — A Polícia Federal foi acionada, está tomando providências, já está no caso, assim como a Polícia Civil. Elas já estão no encalço de quem cometeu esse crime. Nós estamos trabalhando em todas as frentes para que ele seja solucionado o mais rapidamente possível.
Que medidas o hotel vai tomar em relação à Veja?
Rogério Tonatto – Amanhã às 9 horas da manhã já temos uma reunião agendada com os nossos advogados. Neste momento, não tenho condições de dizer se a gente a vai processar a Veja. Não sou competente na área, preciso de orientação jurídica sobre as medidas a serem tomadas.
Quem vai pagar os prejuízos do hotel, já que a imagem dele foi manchada?
Rogério Tonatto — Nós estamos realmente indignados e preocupados com tudo isso. Mas uma coisa garanto: alguém vai pagar. Não sei lhe precisar quem neste momento, mas alguém vai pagar. Vamos tomar todas as medidas para que esse episódio não fique impune. Nós estamos muito seguros da nossa importância. E o hotel não merece um espetáculo criminoso como este.

José Dirceu x Revista Veja

Uma conspiração contra o governo Dilma estaria sendo empreendida em um quarto de hotel em Brasília pelo ex-ministro José Dirceu, segundo a reportagem de capa da última edição da revista Veja. Fotos em preto e branco mostram o ex-chefe da Casa Civil e algumas figuras do cenário político do Governo Federal nos corredores de hotel onde o ex-ministro se hospeda. Encontros teriam sido feitos com o ex-ministro ao longo do último semestre, acompanhando a crise e sucessão de escândalos que se instaurou no Planalto desde as primeiras denúncias sobre o ex-ministro Antonio Palocci.
Mas a apuração acabou tornando-se caso de polícia. Um Boletim de Ocorrência foi aberto na Polícia Civil do Distrito Federal para apurar a denúncia de tentativa de invasão do quarto do ex-ministro pelo repórter Gustavo Nogueira Ribeiro, da revista Veja. Na quarta-feira 24, o jornalista, afirma Dirceu, tentou convencer uma camareira que estava hospedado na suíte do ex-ministro e que havia esquecido as chaves. A camareira não acreditou na história e comunicou a direção do hotel.
No mesmo dia, o ex-ministro foi informado do evento. Em nome do segurança Gilmar Lima de Souza, o episódio foi comunicado à Polícia Civil e está sendo investigado. A direção do estabelecimento afirmou, em entrevista ao blog Viomundo, que que as imagens veiculadas pela revista provavelmente não vêm do circuito interno do hotel. Se comprovado, indicaria que a revista utilizou câmeras escondidas para conseguir as imagens.
A reportagem afirma que personalidades políticas como José Sérgio Gabrielli, Fernando Pimentel, Lindbergh Farias, Devanir Ribeiro, Cândido Vaccarezza teriam procurado o petista para aconselhar-se. O conteúdo das conversas não é divulgado pela matéria; José Sérgio Gabrielli, por exemplo, apenas diz que é amigo do ex-ministro e que não iria comentar o encontro.
“Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos, onde quer que seja, sem precisar dar satisfações à Veja acerca de minhas atividades”, explica Dirceu em seu blog. O ex-ministro será julgado, junto com outros réus do caso do Mensalão de 2005, possivelmente no início de 2012. Reinaldo Azevedo, blogueiro e espécie de leão de chácara da publicação, afirma que o episódio mostrado pela Veja mostra que o ex-ministro continua com as mesmas práticas que foram denunciadas no escândalo do Mensalão.
Parceiro de Dirceu acusa jornalista de tentar entrevistá-lo usando outra identidadePor tabela, o advogado Hélio Madalena acabou se envolvendo na história. Isso porque seu escritório Tessele e Madalena é quem paga e registra o quarto no hotel de luxo, utilizado por Dirceu quando este vem a Brasília. Em entrevista a CartaCapital, Madalena explica que tem um acordo de cooperação técnica com Dirceu. Quando este vai a Brasília, utiliza recursos pagos por Madalena. O mesmo ocorre quando Madalena vai à São Paulo. “Esse acordo prevê a cessão de instalações, logística, infra-estrutura e material humano quando o advogado está em trânsito, ou eu em São Paulo ou ele aqui em Brasília. Isso se chama associação de escritórios, que é um procedimento previsto pela lei e no estatuto da ordem”, diz ele. “Existe um registro disso no hotel, eu que pago. Eu uso a estrutura do escritório dele”. O funcionário Alexandre Simas de Oliveira, tido como cicerone na matéria, também é cedido por Madalena como parte deste acordo.
Segundo Madalena, o jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro teria infringido novamente a lei ao tentar entrevistá-lo, utilizando outra identidade. “O jornalista ligou e se apresentou como assessor do prefeito de Varginha. Entrou aqui e começou a fazer perguntas sobre a gestão financeira da empresa”, conta ele, que acionou a Polícia Civil para investigar o caso. Dirceu afirma que o mesmo recurso teria sido usado em uma segunda tentativa de entrar no quarto onde estava hospedado, como um assessor do prefeito de Varginha que pretendia deixar uns documentos para o ex-ministro.
Madalena também consta como vítima no Boletim de Ocorrência que registrou a primeira tentativa de invasão. Sobre os encontros, o advogado afirma que, apesar de parceiros, cada um tem a responsabilidade sobre a atividade exercida quando atendido pela infra-estrutura alheia. “O ministro é um homem público, uma liderança partidária, tem toda uma vida pública, tem seus amigos, deve recebê-los quando achar por bem recebê-los”, diz.
“Ela vem numa linha Murdoch há muito tempo, agora agiu como polícia política, polícia de exceção. Elege seus alvos. Elege aquele que ela tem como inimigo para destruir”, diz ele sobre a apuração da Veja. Ele acredita que a Veja colocou a câmera aleatoriamente, não descobriu nada e quando a imagem corria o risco de se perder no tempo, virou um “factóide”.
Madalena afirmou que não entrará com um processo contra a revista por causa da tentativa de invasão. No entanto, pensa em processar a revista devido ao conteúdo da matéria. Na reportagem, a semanal afirma que Madalena fazia lobby político no Brasil ao magnata russo Boris Berezovski, um dos réus de ação penal brasileira, na qual há acusações de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro por transações na parceria com o Corinthians.
“Eu não vou entrar em processo, a não ser no caso do russo, que ele levanta uma suspeição, uma injúria, dizendo que eu fazia lobby, quando eu era assessor. No foro adequado, que é justiça, vamos questionar isso”, diz. “To examinando aqui com meu sócios a necessidade de nós, para clientes, amigos, associados, recompor a verdade dos fatos. Eu não tenho nada a ver com o russo. O único lugar que já encontrei com ele foi nas paginas da Veja”, afirma.
Para ele, a invasão ao quarto de Dirceu só não deu certo porque o jornalista estava mal treinado. “A tentativa frustrou-se pelo excesso de trapalhadas. É um aloprado”, diz. Apesar dos problemas, o advogado afirma que continuará alugando a suíte para uso do escritório.
Se comprovadas as denúncias em relação aos jornalistas da Veja, o caso será uma versão brasileira dos escândalos no tablóide News of the World, do conglomerado de Rupert Murdoch. Denúncias de escutas ilegais e práticas anti-éticas de apuração fizeram com que o jornal fosse fechado, repórteres e editores presos, sem contar as possíveis vítimas que as práticas ilegais deixaram no caminho. E seu blog, Dirceu faz a relação: “Os procedimentos da Veja se assemelham a escândalo recentemente denunciado na Inglaterra. O tablóide News of the World tinha como prática para apuração de notícias fazer escutas telefônicas ilegais (…)”.
Redação Carta Capital 29 de agosto de 2011 às 21:50h