quinta-feira, 19 de abril de 2012

Congresso instala CPMI do Cachoeira/Demóstenes

Com o plenário cheio, fato raro em uma quinta-feira, a sessão do Congresso Nacional, na manhã desta quinta-feira (19), criou a CPMI para investigar, no prazo de 180 dias, práticas criminosas desvendas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, envolvendo Carlos Cachoeira e agentes públicos e privados.

Agência Câmara

Deputados e senadores encheram o plenário da Câmara para a sessão de instalação da CPMI.  

Os discursos que se seguiram à instalação da CPMI – da base aliada e da oposição – se concentraram na necessidade de que haja “espírito de isenção e equilíbrio e que todos colaborem para a CPMI”. Foi o que manifestou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o primeiro a falar. O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), disse que a CPMI não é contra o governo nem contra a oposição, é para investigar a infiltração do crime organizado na vida pública brasileira.

A presidente em exercício do Congresso Nacional, deputado Rose de Freitas (PMDB-ES), disse que a CPMI foi requerida por 337 deputados e 72 senadores. E será composta por 15 membros da Câmara e 15 do Senado, com igual número de suplentes. Os nomes dos parlamentares que vão integrar a CPMI devem ser encaminhados pelas bancadas até a próxima terça-feira (24).

Trabalho grandioso

O deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP), que requereu a CPI do Cachoeira na Câmara, antes da decisão de se instalar a comissão mista – da Câmara e Senado –, destacou que “nós somos protagonistas desse trabalho grandioso que o Brasil vai ter”.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) parabenizou a todos os parlamentares que subscreveram o requerimento do pedido de abertura da CPMI, explicando que o objeto de investigação é simples: “é o que tem degenerado na vida política brasileira após termos nos livrado da ditadura, a parceria público-privada que busca capturar o poder público”. 

Ele também enfatizou a necessidade de que a CPMI “seja efetiva e prá valer”. E criticou a presença do senador Demóstenes Torres (ex-DEM), o principal acusado na relação suspeita com Carlinhos Cachoeira, que retomou o trabalho no Senado, após dias afastado da Casa, lamentando que “a sua verve se mostrou falsa, cínica e mentirosa”.

Estado contaminado

Para o deputado Jilmar Tatto, “tem que ter seriedade e paciência na investigação, mas ser bastante criterioso do ponto de vista do aprofundamento da investigação, porque tem autoridade para isso”, enfatizando a necessidade da ajuda de todos. 

“(A CPMI) Não é contra o governo nem contra a oposição, é para investigar a infiltração do crime organizado na vida pública brasileira. O Estado está contaminado e nós vamos investigar, vamos a fundo, na relação com o Executivo, com o Judiciário, com o Legislativo e com a mídia”.

E, respondendo ao deputado ACM Neto (DEM-BA), que em seu discurso pediu ao governo que contribuísse para que a CPMI não acabasse em “pizza”, ele disse que “a oposição está com dificuldade de fazer discurso moralista porque o principal líder deles parece que foi pego e estão tentando tirar ele do DEM”, referindo-se ao senador Demóstenes Torres. E ironizou: “a oposição reclama de ser minoria, mas se hoje é minoria é porque o povo assim decidiu”. 

Presidente e relator

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), informou que ainda não foram definidos os nomes que ocuparão os cargos de presidente e relator da CPMI, mas que, por tradição dos maiores partidos em cada Casa, o PT, pela Câmara, deve ficar com a relatoria, e o PMDB, pelo Senado, com a presidência.

Ele afirmou que a CPMI não deve interferir no ritmo dos trabalhos na Câmara nem nas votações do Plenário. “A CPMI é importante para o Brasil porque vai desvendar uma quadrilha, que constitui um poder paralelo. Não será uma CPMI de posição e oposição. Aqueles que têm a intenção de fazer da comissão um grande espetáculo não devem fazer parte dela. Se for para fazer disputa política, a comissão não atingirá seu objetivo”, declarou.

De Brasília
Márcia Xavier

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