sábado, 13 de outubro de 2012

Vice de Serra e o “mensalão” da Veja


Por Altamiro Borges
A revista Veja desta semana soltou os rojões – literalmente! A capa mostra fogos de artifício iluminando a bandeira do Brasil. O título é apoteótico: “Vitória Suprema”. E a chamada é venenosa: “A condenação dos mensaleiros lava a alma de todos os brasileiros vítimas de corruptos”. Se bobear, o tucano José Serra utilizará a capa da Veja na propaganda eleitoral na televisão, que reestreia nesta segunda-feira, 15. Afinal, o eterno candidato do PSDB não fala em outra coisa nos últimos dias: “mensalão, mensalão, mensalão”.


Tudo parece combinado, cronometrado. Num ato irresponsável, o Supremo Tribunal Federal marcou o julgamento dos líderes petistas para as vésperas das eleições. Na sequência, a mídia demotucana, que tanto pressionou os ministros do STF, utiliza o resultado para promover sua habitual escandalização da política, sempre de forma seletiva. A capa da Veja se encaixa perfeitamente na estratégia de campanha do PSDB – que posa de ético, apesar da privataria no reinado de FHC, do mensalão em Minas Gerais e tantas outras sujeiras!
Os "amigos" de Alexandre Schneider
O jogo combinado tem razões políticas. Afinal, a famiglia Civita sempre apoiou os neoliberais tucanos, com sua política de desmonte do Estado, da nação e do trabalho, e mantém íntimas ligações com o direitista José Serra. Mas há também motivos mais mesquinhos, comerciais. Os governos tucanos de São Paulo sempre injetaram grana pública nas publicações do Grupo Abril, que edita a revista Veja. Nos bastidores, a famiglia Civita pode até se jactar que possui o vice na chapa de José Serra, o blindado Alexandre Schneider.
Em julho último, sem qualquer estardalhaço na mídia, o ex-secretário de Educação do prefeito Gilberto Kassab foi acusado de desvio de dinheiro público para favorecer a Fundação Victor Civita – ONG ligada ao Grupo Abril. O processo, publicado em 4 de julho, tramita na 12ª Vara da Fazenda Pública. Schneider contratou a sinistra fundação para prestar serviços de “Formação Continuada de Diretores e Supervisores” de escolas municipais durante o período em que ocupou o cargo na prefeitura.

Rombo de R$ 611.232,00

Segundo a denúncia dos promotores, a escolha da Fundação Victor Civita foi feita “a dedo” e de forma ilegal, dispensando a necessária licitação pública. Pior ainda: o tal curso de formação continuada não foi prestado pela fundação. Ela terceirizou o serviço, repassando para outra ONG, o Instituto Protagonistés, presidido pela tucana Rose Neubauer, que foi secretária estadual de Educação no governo de Mário Covas e é amiga de Alexandre Schneider. A grave maracutaia não parou por aí.

O Grupo Abril não precisou imprimir as apostilas do curso e nem pagar por sua impressão. As cartilhas do projeto foram impressas na gráfica da Imprensa Oficial do Estado. A ONG da Veja arcou apenas com os custos do papel, sem ressarcir aos cofres públicos o valor dos serviços dos funcionários e outras despesas diretas ou indiretas. Diante dos graves prejuízos causados ao município, o Ministério Público solicitou a devolução aos cofres púbicos de R$ 611.232,00. Será que a capa da Veja é uma espécie de “mensalão”?

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