terça-feira, 5 de junho de 2012

Serra acusou PR de apoiar em troca de 'dinheiro'. Agora fechou apoio.


Não sei quantas caras José Serra tem, mas parece que todas elas são cara-de-pau.
Jurou e assinou documento prometendo que jamais abandonaria a prefeitura nas eleições de 2004, e 15 meses após a posse abandonou o cargo de prefeito da maior metrópole do Brasil, na maior cara-de-pau. Cobrado recentemente, desdenhou do próprio documento juramentado, chamando-o de apenas "papelzinho" sem valor.
Serra demonstra ter uma vida, digamos, pagã, de quem infringe boa parte dos 10 mandamentos sem dó, nem piedade, e se apresenta às vésperas das eleições como um santarrão (falso beato).
Há apenas seis meses atrás, em artigo publicado no jornal serrista Estadão, tratava o ex-ministro e senador Alfredo Nascimento (PR) como "pacote estragado" herdado do governo Lula. Agora aparece todo sorrisos ao lado do ex-ministro fechando apoio do PR à sua candidatura a prefeito. Significa o que? Ou Serra catou para si o "pacote estragado" que Dilma teria se desfeito, ou foi leviano em suas críticas há seis meses atrás.
Artigo de José Serra no Estadão de 08/12/2012
Chamava Alfredo Nascimento (PR) de 'pacote estragado'
Em junho de 2012 fechou acordo com o PR, e com Nascimento pessoalmente, para receber apoio.
No mesmo artigo, Serra acusou o PR de ser um partido interesseiro em "obter vantagens pecuniárias" (leia-se:  dinheiro) com nomeações, nas palavras de Serra. Então podemos concluir que Serra ofereceu as tais "vantagens pecuniárias" em troca de apoios?

O fato é que Serra foi leviano duas vezes. Foi em dezembro passado, ao pré-condenar pessoas e ao recorrer à crítica populista fácil, ignorando que em qualquer democracia, partidos que formam a base governista participam dos governos. E foi cínico e fingido, como se todo governo tucano não entregasse cargos a partidos aliados. Há casos até que extrapolam interesses legítimos. Marconi Perillo e Aécio Neves, por exemplo, já aparelharam seus governos com indicações de Carlinhos Cachoeira.
E Serra foi leviano agora, ao fazer o que diz condenar. Corre a notícia de que o PR ofereceu apoio a Haddad em troca de nomear quem o partido quisesse no Ministério dos Transportes, e que Dilma não teria aceito, até porque o atual ministro é do PR. E corre a notícia de que o governador Alckmin (PSDB-SP) teria oferecido cargos ao PR no governo de São Paulo em troca do apoio a Serra. O Diário Oficial do Estado, nos próximos dias deve esclarecer esse toma-lá-dá-cá.
O PR também fica mal na fita, ao apresentar-se com uma imagem de partido fisiológico e aliado ao que há de mais decadente na política paulistana, que é a candidatura de José Serra, já apresentando "fadiga de material" ao empacar no teto em torno de 30% nas pesquisas.

O PR corre o sério risco de perder tudo o que conquistou em termos de crescimento, da mesma forma que ocorreu com outros partidos que já foram emergentes e entraram em decadência ao aderirem ao Serra e às oligarquias demotucanas, como é o caso do PPS. Melhor para os demais partidos que prezam pela maior consistência e integridade política, pois deverão crescer na avaliação do eleitorado.
Com tudo isso, cada vez mais, Dilma, o PT e os partidos mais íntegros em suas relações com o governo federal e outros governos, se firmam como partidos que querem mudar os costumes políticos nacionais para melhor.
E cada vez mais, José Serra, os demotucanos, e os partidos que afundam ao lhes dar o abraço em afogados, se firmam como oligarquias arcaicas do passado, com costumes políticos provincianos, colonizados e condenáveis, inclusive pelo cidadão eleitor.

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