sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mal-estar marca retorno de Demóstenes ao MP-GO

Mal-estar marca retorno de Demóstenes ao MP-GO

Mal-estar marca retorno de Demóstenes ao MP-GO Foto: Frame/Folhapress

Senador cassado chega tarde ao trabalho na volta das atividades como procurador de Justiça no Ministério Público de Goiás, enfrenta o constrangimento da ameaça de corte no ponto e se irrita com jornalistas

20 de Julho de 2012 às 20:36
Goiás247 - Mal-estar e ameaça de corte de ponto marcaram hoje o retorno de Demóstenes Torres (ex-DEM) à rotina como procurador de Justiça no Ministério Público do Estado de Goiás. Logo nas primeiras horas da manhã, profissionais da imprensa se perfilaram nas imediações da sala 306 do órgão para registrar a volta do ex-senador ao posto que o projetou no cenário público. Ele só compareceu ao trabalho após as 10h30, depois de cumpridos os cinco dias úteis de abono para interesses pessoais que solicitou no último dia 13.
A partir das 10h, provocados por jornalistas, integrantes da Corregedoria-Geral do Ministério Público goiano cogitaram cortar o ponto de Demóstenes Torres caso "enforcasse" a sexta-feira. De acordo com fontes do MP, procuradores não têm horários determinados para que exerçam as funções. Mas devem comparecer às respectivas salas, nem que seja por meia-hora, para que não se submetam ao constrangimento da punição por falta ao trabalho.
Ao chegar ao gabinete do MP, localizado na Rua 23, bairro Jardim Goiás, em Goiânia, Torres se irritou com o assédio de jornalistas e com as ameaças de corte de ponto. A cordialidade que o ex-senador da República exibia nos corredores do Congresso Nacional foi substituída pela rispidez. Ele não deu bola para os jornalistas, se negou a conceder entrevistas, e esboçou contrariedade pelo fato de não localizar na sala nenhum dos dois servidores escalados para assessorá-lo na nova empreitada.
Na rotina de ontem, Demóstenes Torres apenas recebeu amigos e tomou os primeiros procedimentos para a retomada das ações como titular da 27ª Procuradoria de Justiça, onde vai se dedicar à área criminal. O MP goiano abriga 300 servidores, entre promotores e procuradores.
O inferno-astral de Torres terá sequência nos próximos dias com o avançar dos procedimentos desde que se instaurou reclamação disciplinar por parte da Corregedoria-geral do MP. O objetivo é apurar "eventual infringência de dever funcional", com base nas informações divulgadas a partir da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A apuração tem caráter sigiloso e já foram requisitados documentos ao Senado Federal e à Procuradoria-Geral da República.
Existem três cenários no que se refere ao futuro do senador cassado. Ele pode ser destituído do cargo, garantir-se na permanência das funções ou, o que seria uma decisão intermediária, uma advertência sem que isso signifique a perda do cargo de procurador de Justiça.
O ex-senador Demóstenes Torres se tornou um dos personagens centrais desde as revelações de escutas telefônicas obtidas pela Operação Monte Carlo, desencadeada após 15 meses de investigação presidida pelo Ministério Público Federal em Goiás e pela Polícia Federal no Distrito Federal. A empreitada conseguiu desarticular a quadrilha comandada pelo empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso em 29 de fevereiro deste ano e que, atualmente, amarga crise de depressão no presídio da Papuda, em Brasília (DF).

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