quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Leucemia e HIV - tudo a ver


Emma Whitehead com sua mãe, Kari
Foto: The New York Times/Jeff Swensen 
Em janeiro de 1975, o doutor Robert Gallo anunciou que tinha isolado o vírus da leucemia (a partir desses estudos, chegou-se ao HTLV - (Human Thymus Lymphotropic Virus). Eu trabalhava em Nova York e fui lá entrevistá-lo no Instituto Nacional do Câncer, em Washington. Continuando suas pesquisas, ele anunciou, anos depois, que o retrovírus agora conhecido por HIV (Human Immunodeficiency Virus) -1 é a causa da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Graças a seus estudos, Gallo é a única pessoa a ter recebido o Prêmio Lasker e ninguém ainda entendeu porque ele foi preterido para o Nobel de Medicina.
Nesta segunda-feira (10), foi anunciada a cura de uma menina de 7 anos (Emma Whitehead) que estava com leucemia, graças ao uso de vírus tipo HIV desativados, método desenvolvido pela equipe de Carl June, da Universidade da Pensilvânia. Acho difícil que Gallo pudesse imaginar que um levaria à cura do outro, embora seus estudos, me parece, estarem na origem de tudo. Na entrevista que fiz (ouça trecho), ele disse acreditar que um dia será possível controlar (mesmo sem compreender) todas as causas do câncer. Mas que não estará vivo para testemunhar isso. Esse dia parece cada vez mais perto...
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HTLV-1
O HTLV-1 (Human T lymphotropic virus type 1) é um vírus pertencente a família retroviridae, a mesma do HIV, porém pertencente ao gênero deltaretrovius. Foi o primeiro retrovírus claramente associado a uma malignidade, sendo isolado em 1980 em pacientes de Linfoma de células T (EUA), já descrito primeiramente no Japão em 1977.
Além de associado a Linfoma de células T no adulto, esse vírus é responsável pela Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH). A maioria dos indivíduos infectados não desenvolvem doenças.
Estima-se que no mundo há entre 10 e 20 milhões de pessoas infectadas, sendo que apenas 2 a 3% dos indivíduos infectados desenvolvam ATL (leucemia/linfoma de células T no adulto) e entre 1% e 2% desenvolvam PET/MAH (mielopatia/paraparesia espástica tropical, que é um quadro neurológico degenerativo crônico). O HTLV ainda é associado a imunossupressão e outras desordens inflamatórias.
A transmissão viral entre indivíduos ocorre por relação sexual, amamentação, compartilhamento de seringas ou material perfurocortante contaminados, transfusão sangüínea e outros meios que envolvam contato com sangue infectado. A transmissão no organismo ocorre através do contato célula-célula.
As partículas virais do HTLV-1 tem baixa infecciosidade in vitro por suas células-alvo primárias, células T CD4+, assim como outras retroviroses, pois o número de partículas virais livres é muito baixo. As partículas virais livres também são poucos infectantes in vitro, pois requer o contato íntimo entre células. Linfócitos T promovem esse contato íntimo entre células por meio da sinapse virológica.
As células dendríticas (DC) são potentes apresentadoras de antígenos e são peças centrais contra infecções virais. Estão localizadas nos sítios de entrada do vírus: nas mucosas e no sangue periférico. Elas são capazes de capturar o antígeno, migrar para os órgãos linfóides e apresentá-los as células T, além de importante mediadoras da resposta imune inata. Muitas viroses infectam as células dendríticas que acabam por facilitar a transmissão, incluindo o HTLV-1.
Wikipédia

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