terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A direita quer adiantar 2014

Editorial do sítio Vermelho:

É pueril mas preocupante o esforço da direita para adiantar, antes de se completar a metade do mandato da presidenta Dilma Rousseff, o debate de sua sucessão, que deve ocorrer em 2014.

A puerilidade dessa tentativa revela-se a cada nova pesquisa de opinião que, reiteradamente, colocam Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula na dianteira de qualquer sondagem. A última foi divulgada neste domingo (16) pela Folha de S. Paulo, sob a manchete provocativa que dizia: “se a eleição fosse hoje...”

A eleição não será agora; é apenas a metade do primeiro mandato de um governo que revela a disposição da presidenta de avançar nas mudanças, como prometeu na campanha eleitoral de 2010. Sinais do avanço podem ser vistos, na área econômica, na forma como a presidenta enfrenta os privilégios do grande capital (baixando os juros, enquadrando as elétricas, etc.). Na política externa, na maneira como o Brasil e seus governantes vão se tornando referência no enfrentamento da crise econômica e suas contundentes críticas aos dogmas neoliberais que favorecem o grande capital e prejudicam o crescimento econômico e o bem-estar das populações. Na área dos direitos humanos, pelo apoio decidido do governo às iniciativas para esclarecer os crimes da ditadura de 1964. Na área social, se consolidam e aprofundam iniciativas vindas do governo Lula, como o Bolsa Família, além dos avanços em programas como Minha Casa Minha Vida, etc.

São sinais de mudança que o povo percebe e aprova, tornando a situação impermeável aos ataques rasteiros da oposição conservadora a Lula, à presidenta e aos partidos da esquerda que apoiam o governo.

As pesquisas de opinião são o espelho desta percepção popular. Nos quatro cenários pesquisados pelo Datafolha, Dilma venceria, no primeiro turno, em três deles, obtendo entre 53% e 57% dos votos; Lula venceria no quarto cenário, com 56%. Os preferidos da direita passam longe: Aécio Neves teria entre 9% e 14%; Marina Silva oscilaria entre 13% e 18%; o novo ungido da mídia, Joaquim Barbosa, oscilaria entre 9% e 10%.

Há algo interessante que estes números mostram: o fato de que os preferidos da direita (Aécio Neves, Marina Silva e Joaquim Barbosa) são conseguem, em nenhum dos cenários, roubar votos da dupla Lula/Dilma. Seus desempenhos variam à custa das preferências dos eleitores conservadores, que uma vez declaram voto em Aécio, outras em Marina, outras em Barbosa.

Por outro lado, as avaliações sobre o governo ou a presidenta mostram números recorde em relação aos ocupantes da Presidência da República: 62% aprovam o governo e 78% aprovam Dilma.

Essa aprovação maciça ajuda a entender o pessimismo que o campo conservador mostra, que se traduz na intenção de adiantar o debate sucessório, nos ataques contra Lula, Dilma e os partidos da base aliada e da esquerda, e nos indícios de uma agitação que só pode ser entendida como conspiratória para tentar chegar a saídas políticas favoráveis à direita.

O pessimismo é nítido nos principais comentaristas do campo tucano/conservador. Josias de Souza escreveu em seu blog que a “política brasileira vive uma transição curiosa”, com os velhos “deuses” da política ficando para trás sem que apareça um novo messias. Sua conclusão é notável: “Ou os rivais de Dilma providenciam uma resposta ou torcem por um desastre”. Que desastre seria este? Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, já havia decretado de que “não é tarde” para levar Lula aos tribunais. No comentário aos resultados da pesquisa divulgada domingo, constata que se consolida “uma situação desoladora para os partidos de oposição” e diz que se torna “mais complexo e distante o sonho de vitória da oposição em 2014”.

Este é o cenário da preocupação. A direita não é democrática; no Brasil, sempre foi avessa à democracia sendo, na história republicana, o grande fator de instabilidade política e de resistência aos avanços populares, democráticos e patrióticos.

Há exatos 50 anos, em 1962, o então coronel Golbery do Couto e Silva, comentando o resultado da eleição daquele ano, viu neles uma tendência petebista/comunista que impedia uma saída eleitoral para a direita; foi a senha para o aprofundamento da conspiração que levou ao golpe militar de 1º de abril de 1964.

O Brasil mudou, o mundo mudou, mas a direita continua a mesma. O povo brasileiro não aceita mais retrocessos, e isso dificulta qualquer projeto golpista da direita que, nesse quadro de dificuldades, vai tentar destruir, usando a mídia conservadora, a imagem daqueles que não consegue derrotar nas urnas. Os próximos meses serão decisivos e os brasileiros e as forças democráticas, patrióticas e progressistas precisam estar mobilizadas para consolidar os avanços alcançados, lutar por novos avanços e derrotar, de vez, a direita e seus ventríloquos da mídia conservadora.

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