quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Empresária revela ter sido amante do ditador João Figueiredo

Myrian Abicair e o então presidente Figueiredo: romance teve início depois de encontro em festa.
Myrian Abicair e o então presidente Figueiredo: romance teve início
depois de encontro em festa.
O jornal O Globo, de maneira angelical, traz texto em que Myrian Abicair assume romance, 30 anos depois, com o general-ditador João Figueiredo, aquele que preferia cheiro de cavalo ao do povo. Parece um conto de fadas. Ridículo. Leia abaixo.
Era a sua noite de gala. A empresária atravessa o salão solenemente em direção ao convidado especial da inauguração de mais um de seus empreendimentos: Sua Excelência o presidente da República Federativa do Brasil. Até chegar ao lugar onde estava o presidente, a belíssima anfitriã percorreu 35 metros contados, passando por políticos, empresários, artistas, um batalhão de fotógrafos e uma dezena de colunistas sociais do país inteiro.
Para chegar, finalmente, ao destino, teria a empresária que atravessar a piscina. Pretendia fazê-lo com seus passos de bailarina. Mas acabou fazendo a nado. Como? Isso mesmo! Quando estava já a poucos metros do homem por quem se apaixonaria ainda naquela noite, a anfitriã foi empurrada para dentro da piscina, por uma impertinente e desagradável brincadeira de uma amiga, já bêbada. O presidente até que insinuou um salvamento, mas foi contido pelos seguranças. Mas ela viu e, portanto, valeu o gesto.
Só que a anfitriã não queria apresentar-se daquela maneira ao presidente. Totalmente encharcado, o vestido colado ao corpo a deixava quase nua. Não teve alternativa, pois o presidente da República já estava à sua frente.
Assim começou o romance entre o então presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo e a empresária Myrian Abicair. Tudo por puro acaso. Figueiredo estava em São Luís para uma conversa com o empresário Victor Civita, no hotel Quatro Rodas, então de propriedade do grupo Abril. Não gostou da distância e optou por hotel mais perto da cidade. Foi para o Villa Rica, que, por coincidência estava sendo inaugurado naquela noite. O hotel pertencia a uma rede do grupo do empresário Luis Serson, administrado pela sua então mulher, a personagem da nossa história.
O romance entre o presidente da República e a empresária é uma versão às avessas da novela “Salve Jorge”, de Glória Perez: a mocinha não era uma favelada, mas uma ricaça paulista; e a semelhança entre Ricardo Lombardi e Figueiredo é a preferência pelos cavalos, que o general deixou claro antes mesmo de assumir a Presidência: “prefiro o cheiro de cavalos ao cheiro do povo”. Mas, se vivo estivesse, e visse as cenas da novela, diria, certamente: “Esse cara sou eu.”
Passados 30 anos do romance, Myrian Abicair, dona de um dos mais badalados spas do país, o “Sete Voltas”, resolveu, finalmente, assumir de público o romance com Figueiredo. Na verdade, há mais de cinco anos que, durante as minhas constantes estadas no seu SPA – por que será? – que a empresária vem me relatando a história de sua vida. Ao lado de Figueiredo foram só três anos e meio, mas valeu por uma eternidade. Até hoje, ela fala dele com muita emoção:
– Eu abandonei a minha vida de luxo, de mulher milionária, para curtir a minha paixão. Saí do casamento de mãos abanando, por pura opção. Abri mão de tudo e voltei para o meu sítio em Itatiba, onde, anos depois, montei um spa.
Durante o período em que namorou com Figueiredo, Myrian ficava no eixo São Paulo – Brasília – Rio. Em Brasília, ela se hospedava na casa de um ministro de Figueiredo, que foi uma das mais importantes representantes civil nos governos militares. No Rio, ficava com Figueiredo “num bairro muito afastado da Zona Sul”, cujo nome não se lembra. Em São Paulo, bem, em São Paulo, a maioria das vezes no hotel Maksoud. Figueiredo nunca gostou que Myrian se aproximasse dos seus amigos:
– Não quero você perto do poder. O poder é perigoso. Se souberem que você tem um caso com o presidente da República, os políticos e meus próprios amigos vão começar a te bajular para que você, na cama, consiga comigo as coisas que eles não conseguem no meu gabinete nem nas minhas churrascadas.
Segundo Myrian, o então presidente tinha particular preocupação com o empresário Geoges Gazale:
– O Figueiredo me dizia que o Gazale era incansável, o perturbava sempre em busca de favores. Não dava folga. E, se fizesse amizade comigo, ele estaria ferrado.
Outra grande preocupação do presidente da República, segundo Myrian, era com a mídia. Já se especulava muito a fama do general de ser um mulherengo. Vira e mexe saiam notinhas maldosas nos jornais sobre os supostos casos de Figueiredo.
– Era o que mais o incomodava. Todos sabiam que, a partir de um determinado momento, seu casamento era só de fachada. Mas ele achava que a população brasileira, por ser essencialmente conservadora, não aceitaria um presidente adúltero. Para dizer a verdade, não foi ele que desprezou a mulher, mas a mulher que não gostava mais dele. E isso ela dizia na cara dele” – conta Myrian.
A empresária nega que o spa “Sete Voltas” tenha sido presente de Figueiredo:
– A coisa mais valiosa que eu ganhei dele foi um cavalo. O sítio eu já tinha desde 1969. Nunca me desfiz dele. O Figueiredo não era homem de dar muitos presentes e nem eu precisava. Por isso é que eu digo que a nossa relação foi de amor, pois era desinteressada. Acho que isso deu muita estabilidade ao nosso relacionamento: nunca lhe pedi nada, nem para nomear um contínuo.
Para não dizer que nunca intercedeu por ninguém, Myrian lembra que, certa vez, sugeriu a Figueiredo que nomeasse o coronel Luiz Carlos Coutinho como seu secretário particular.
– O Figueiredo não confiava em ninguém. Não queria, repito, ninguém no meio da nossa relação. Mas precisávamos ter alguém, uma pessoa de confiança, para nos comunicar. Eu já conhecia o Coutinho de longa data e o Figueiredo gostava muito dele. Mas, no fundo, o Coutinho foi escolhido pelo seu currículo. Foi o homem da confiança da maioria dos presidentes que o tinham antecedido. Eu só dei um empurrãozinho. O Coutinho tinha estatura para o cargo.
A empresária é cautelosa quando questionada sobre o uso aeronaves oficiais nos seus deslocamentos para encontrar-se com Figueiredo:
– Eu nunca entrei na aeronave presidencial. Ao que eu me lembre, uma vez eu peguei carona no avião reserva para ir de Brasília a São Paulo. Eu nunca viajei com ele para fora do país e, mesmo aqui dentro, nunca viajávamos juntos.
Segundo Myrian, ela também nunca entrou em carro oficial, durante o tempo em que namorou Figueiredo. A empresária rejeita a expressão amante e justifica:
– Para ele, eu era namorada. O dia em que ele esteve aqui em casa para conversar com meus filhos (ela é mãe de um casal) disse para eles: “Eu quero que saibam que a mãe de vocês não é minha amante, mas namorada. Meu casamento, hoje, é só uma formalidade.”
A empresária conta que Figueiredo, durante o tempo em que ficaram juntos, era um homem muito depressivo:
– Às vezes baixava um helicóptero aqui com um ajudante de ordens, dizendo: “Dona Myrian, a senhora tem que ir para Brasília imediatamente, o homem não quer nem sair do quarto”.
Myrian revela que o ex-presidente nunca conversou assuntos políticos com ela e nunca confidenciou nada sobre sua vida pessoal.
– Eu não participava da sua vida. Eu era uma alienada política. De político mesmo, eu só convivia com o governador do Maranhão, João Castelo, a quem conheci antes do Figueiredo. Meu marido e eu tínhamos empreendimentos no Maranhão.
Quando estavam juntos, revela a empresária, às vezes um assessor deixava na porta algumas páginas dos principais jornais do país:
– Ele nunca recebeu um jornal inteiro, completo, mas todo recortado, com as notícias do seu interesse. Nem mesmo nessas horas ele comentava sobre fatos ou pessoas que o teriam deixado triste ou alegre. Ele se fechava para mim. Eu conheci o João, um homem excepcional, mas nunca conheci o presidente João Figueiredo. Nunca soube o que pensava ou fazia o presidente da República.
O romance acabou como começou, repentinamente. Certo dia, Figueiredo contou-lhe uma história difícil de engolir, apelando para a memória do pai e sua condição de militar:
– Meu paizinho, lá do céu, não deve estar gostando nada de eu ter essa vida adúltera. Eu te prometi casamento, mas eu não posso, como militar, separar da minha mulher para casar com outra. Podemos continuar namorando, mas nada de casamento.
Myrian reagiu:
– Não posso viver num mundo de mentiras. Abandonei meu marido para poder viver um amor verdadeiro. Eu não vou continuar me escondendo. Fique aí com seu paizinho, que, mesmo estando lá em cima, não quer que o filho se case comigo.
E nunca mais se reencontraram, nem depois que Figueiredo deixou a Presidência da República.
Jorge Bastos Moreno
No Limpinho & Cheiroso

Nenhum comentário: