07 dezembro 2012
Carolina Sarres, Agência Brasil
“O Brasil teve influência determinante para
a manutenção do crescimento dos salários na América Latina e no Caribe durante
e após a crise financeira internacional, segundo o Relatório Mundial sobre
Salários da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado hoje (7). De
acordo com o estudo, a média anual de crescimento do salário real no Brasil
superou a média mundial entre 2009 e 2011. No mundo, os salários cresceram 1,3%
em 2009; 2,1% em 2010 e 1,2% em 2011. No Brasil, os níveis atingiram quase o
dobro: 3,2% em 2009, ano da crise; chegando ao ápice em 2010, com 3,8%; e 2,7%,
em 2011. O relatório da organização aponta que a manutenção do crescimento
dos salários no país se deve às políticas de valorização do salário mínimo e ao
ganho de produtividade no mercado.
O Brasil foi destaque na avaliação da OIT
sobre o impacto do salário mínimo e das estratégias de valorização sobre as
economias. As políticas brasileiras nesse sentido foram intensificadas a partir
de 2005. “Os salários mínimos ajudam a proteger os trabalhadores com
salários baixos e previnem uma diminuição de seu poder aquisitivo”, disse
o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, em nota.
A organização citou o estímulo do Brasil ao
consumo interno, mesmo durante os anos da crise, com políticas fiscal e
monetária anticíclicas. Em contraponto, a organização mencionou o caso do
México, em que o salário mínimo teve aumento abaixo dos preços de mercado, com
o objetivo de manter equilíbrio fiscal e melhorar a competitividade das
exportações. A economia mexicana cresceu menos e, consequentemente, os salários
não tiveram aumento real.
O problema do estímulo econômico no Brasil,
segundo o relatório, é o endividamento, devido à propensão do trabalhador de
consumir mais. De acordo com a OIT, estudos mostram que a maioria dos
brasileiros que ganham um salário mínimo gasta 100% do que recebe. Isso
contribuiu para a expansão da oferta de crédito e a redução da tendência a
poupar. Para a organização, ainda que isso seja positivo para quem investe em
capital, o excesso de gastos leva ao acúmulo de dívidas.
Em relação à produtividade, a OIT verificou
que, em geral, houve uma relação direta entre essa maior eficiência e o aumento
nos salários reais na América Latina. Na região, os ganhos do trabalho foram
repassados aos trabalhadores. No Brasil, no Peru, no Uruguai, no Chile e na
Costa Rica, por exemplo, onde houve crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
acima dos 2%, em média, os níveis de desemprego caíram, o que significou uma
melhora dos indicadores do mercado de trabalho e dos níveis salariais. Por
outro lado, países com baixo crescimento do PIB, como a Nicarágua, México, El
Salvador e Honduras, os ganhos nos salários reais foram considerados baixos.
Entre 2004 e 2011, o PIB da América Latina
cresceu, em média, 4,4%. Esse ciclo de crescimento foi interrompido em 2009 –
com crescimento negativo do produto (-1,6%) -, mas retomado em seguida em 2010
(ritmo de 6,2%), apoiado no preço das commodities e na condução de políticas
monetária e fiscal de estímulo. Essa recuperação envolveu a criação de
postos no mercado de trabalho e levou a uma redução significativa nos níveis de
desemprego, que caiu de 10,3%, em 2004, para 6,8%, em 2011.
Na América Central e no Caribe, onde as
economias dependem dos Estados Unidos, houve deterioração dos salários
reais e a recuperação foi mais lenta do que na América do Sul, segundo a
OIT."
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