O que fazer quando seu negócio começa a ficar ultrapassado? Se ajustar
às necessidades do mercado ou correr para baixo das asas do estado-babá? A Associação Nacional de Livrarias (ANL) está recorrendo à segunda opção.
Numa carta aberta o grupo de livrarias quer que o governo interfira no
mercado de ebooks, prejudicando imensamente os consumidores que desejam
tal tecnologia - como se fosse condenável ler numa tela o que eles
querem lhe vender em papel...
Entre os requisitos recomendados pelo grupo estão as seguintes regras:
- Ebooks só seriam lançados depois de 120 dias dos mesmos livros em versão impressa.
- O desconto de revenda dos livros digitais deveria ser o mesmo para todas as livrarias.
- Limite de 30% como teto para a diferença entre a versão digital e impressa dos livros.
- Limite de 5% de descontos nos preços dos ebooks.
Ebooks não são nenhuma novidade. Qualquer txt da vida pode ser
considerado, em alguma instância, um ebook: não deixa de ser um livro
digital se o conteúdo for o texto de um livro. Só que a moda está
pegando pra valer em boa parte do mundo. No Brasil várias lojas já
vendem ebooks há algum tempo, e nesta semana duas gigantes entraram no
mercado por aqui: Google e Amazon, depois de meses de boatos.
Nos EUA várias lojas faliram, é verdade, incluindo a gigante Borders
(em contrapartida a Barnes & Noble se adequou e tem seu e-reader). Algo parecido ocorreu com as locadoras
quando os vídeos via streaming viraram padrão por lá. Aos poucos a
tecnologia vai chegando ao nosso país, e com a entrada destas duas
gigantes no ramo de livros digitais, o medo das livrarias verem seus
lucros despencarem é inevitável.
Independente da sua posição política, será que é justo mesmo punir os
consumidores e autores em prol de um modelo ultrapassado, apenas para
proteger empresas que preferem continuar com a tecnologia antiga?
Nada contra os livros de papel, mas é fato que muitos estão migrando
para os ebooks. Com a popularização dos downloads ilegais em todo o
planeta, é difícil imaginar que alguém que queira uma versão em ebook
irá esperar 120 dias e ainda terá que pagar quase a mesma coisa da
edição impressa... Depois as editoras poderiam sentir as consequencias
com a pirataria, algo que já é comum no ramo de livros digitais mesmo
antes da explosão dos leitores de ebooks. Se dificultam de todos os
lados pelas vias oficiais, quem quer alguma coisa de qualquer jeito vai
acabar conseguindo enquanto tiver quem a forneça por meios mais
práticos.
A carta aberta pode ser lida no site da associação:
Kindle, um dos e-readers mais famosos
Desculpe se este texto tiver ficado muito imparcial: nesse caso foi
difícil me conter, já que esse tipo de protecionismo vai contra tudo o
que defendo como admirador da tecnologia e, também, do livre mercado.
Vendo pelos comentários em diversos outros sites, a geração atual
também condena o protecionismo. O lance é se adaptar ao mercado ou
deixar de existir; não parece justo prejudicar intencionalmente quem
deseja um produto ou serviço apenas para manter o fornecimento forçado
de outro...
No Hardware
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