Por Altamiro Borges
Soninha Francine e Silas Malafaias, os dois mais estridentes
cabos eleitorais de José Serra em São Paulo, precisam tomar umas aulas de boas
maneiras. Lógico que elas não poderão ser ministradas pelo tucano – famoso
pelas suas grosserias e agressões. Na sexta-feira, a candidata derrotada do PPS
à prefeitura paulistana chamou Fernando Haddad de “filho da p...” e atacou “os
imundos petistas”. Ontem, na Folha, o “pastor” da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo esbravejou que o candidato do PT é “um sa-fa-do”.
Alertada por um internauta, Soninha até recuou nos seus
xingamentos e se justificou dizendo que gosta de falar palavrões. Já Malafaia,
que foi escanteado pela própria coordenação da campanha tucana, agora afirma
que virou bode expiatório. Na entrevista à jornalista Monica Bérgamo, ele diz
não temer as reações dos “esquerdopatas” e que manterá o seu mesmo estilo
histérico. “Não tenho medo de dar a minha cara a tapa, não estou nem aí se
alguém não está gostando. Não estou em concurso de beleza”.
Os empregos no Palácio dos Bandeirantes
Mesmo assim eles deveriam tomar mais cuidado com as besteiras
que falam – daí a sugestão singela de um cursinho de boas maneiras. Ambos têm o
telhado de vidro e não podem ficar posando de paladinos da ética. Eles não têm
muita moral para acusar os outros de “imundos” e “safados”. Indignado com a
postura de Soninha, que se projetou na política com algumas ideias inovadoras, o
jornalista Paulo Nogueira lembrou ontem em seu blog, Diário do Centro do Mundo,
que a ex-vereadora deve explicações à sociedade.
“Soninha tem interesse pessoal na permanência do PSDB no
poder em São Paulo. Mãe e filhas têm bons empregos públicos no governo paulista
conquistados sem concurso. Ela própria também tem vantagens concretas. Recebe
dinheiro para participar das reuniões de diretoria na Cetesb, da qual é
conselheira... O partido de Soninha apoia o PSDB. Pode ser que o apoio seja por
convicções. Mas também pode ser por razões menos nobres. A transparência ajuda
o cidadão a formar sua opinião”, observa Paulo Nogueira.
O pastor e o seu jatinho de US$ 4 milhões
Já no caso do Silas Malafaia, a coisa é ainda mais grave. O “pastor”
deve explicações à Justiça. Além de ser acusado por estimular o ódio homofóbico e
outros preconceitos, ele já sofreu várias investigações por desvio de dinheiro
e enriquecimento ilícito. Em 2007, ele foi investigado duas vezes pela Receita
Federal e três vezes pelo Ministério Público Federal para descobrir o destino
dos R$ 40 milhões que a Assembleia de Deus Vitória em Cristo arrecada por ano
dos seus fiéis.
Seu programa evangélico é transmitido, com milionários
custos, pela Rede TV, Band e CNT. Dublado em inglês, ele também atinge 200
países via satélite. O pastor garante que não recebe da igreja e que vive do
dinheiro de sua empresa, a Editora Central Gospel, cujo catálogo tem cerca de
600 títulos. Em 2011, a sua igreja comprou o jato Gulfstream III nos EUA por
US$ 4 milhões. O avião tem doze lugares, sofá, cozinha e sistema de
entretenimento. É um “favor de Deus”, conforme está escrito em inglês na sua
fuselagem.
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