quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Kassab e mensalão da Veja

Altamiro Borges: Kassab e o “mensalão” da Veja

publicado em 4 de outubro de 2012 às 22:56
Kassab e o “mensalão” da Veja
Na edição da semana passada, na reta de chegada das eleições municipais, a revista Veja publicou em seu encarte paulistano, Vejinha, uma bajuladora reportagem em defesa de Gilberto Kassab. Na capa, uma foto glamorosa do atual prefeito e um título garrafal: “Será que estamos sendo justos com ele?”. Na chamada da matéria, outra declaração de amor e de perplexidade: “Uma radiografia da gestão Kassab, que após sete anos deixa a prefeitura com avanços em algumas áreas importantes, mas a popularidade em baixa”.
A edição teve nítidos propósitos políticos-eleitorais. Visou ajudar o eterno candidato tucano José Serra, amigo da famiglia Civita que patina na campanha em razão, entre outros fatores, da forte rejeição do ex-demo Kassab. Mas não foi só isto. A reportagem de capa também teve motivos comerciais mais banais – e pouco éticos. O blogueiro Luis Nassif acaba que descobrir que a prefeitura da capital paulista adquiriu um novo lote de assinaturas da revista Nova Escola, da Fundação Victor Civita, por R$ 493 mil.
As relações promíscuas com a mídia “privada”
A informação está registrada no Diário Oficial do município de 20 de setembro. Para usar um termo da moda, ela revela a existência de um “mensalão” para comprar a revista Veja. Este tipo de corrupção não é novidade na mídia “privada”. Luis Nassif lembra que “anos atrás, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, foi destaque nas Páginas Amarelas da Veja. Na mesma semana que saiu a entrevista, uma blogueira de Brasília levantou no Diário Oficial o pagamento de R$ 500 mil em assinaturas da Veja”.
No caso de São Paulo, as relações promíscuas entre os governos tucanos e os veículos de comunicação são ainda mais descaradas. Em apenas cinco anos, o Estado desembolsou R$ 608,9 milhões com publicidade oficial – o equivalente a 30% dos gastos da União. Este volume não computa a publicidade de fundações e estatais, como o Metrô e a Sabesp. O auge deste rombo nos cofres públicos se deu exatamente na segunda metade do governo José Serra, quando ele já havia se lançado como candidato à presidente da República.
TV Globo: menos audiência, mais grana
Em 2009, o governador Serra doou à mídia “privada” R$ 173 milhões em anúncios, quase o triplo do início da sua gestão em 2007. Em 2010, o desembolso total recuou 9% em decorrência da norma que proíbe publicidade oficial nos três meses que antecedem a eleição. Já a média dos nove meses permitidos de 2010 acabou sendo o recorde dos cinco anos: R$ 17,6 milhões por mês. Dos R$ 609 milhões gastos nos cinco anos, 70% deles bancaram anúncios na TV; 17,1%, nas rádios; 7,7% nos jornalões; e 2% nas revistonas.
Das emissoras com sinal aberto, a Globo recebeu R$ 210 milhões, 49,5% do total em TVs. Isto apesar do Ibope apontar que a audiência da emissora caiu de 41%, em 2007, para 38%, em 2011. Baita “mensalão” para a famiglia Marinho. Já entre os jornais, o Estadão garfou R$ 4,7 milhões e a Folha abocanhou R$ 4,4 milhões. Não foram divulgados os valores recebidos pela Veja, mas com certeza ela ficou com boa parte dos 2% do total de R$ 609 milhões dedicados às revistonas. Bob Civita é muito amigo dos tucanos!
“Calunistas” deviam devolver seus altos salários
Cerca de 20% desta fortuna também enriqueceu as agências de publicidade. Por mera coincidência, a maior beneficiária foi a empresa Lua Propaganda. Ela venceu uma licitação de 2007 no valor estimado em R$ 34,6 milhões por ano. A Lua está registrada no nome de Rodrigo Gonzalez e três sócios. Rodrigo é filho de Luiz Gonzalez, o marqueteiro das campanhas de Serra e Alckmin. Como se observa, o “mensalão” corre solto na mídia “privada”. E ainda tem “calunista” que faz discurso contra o jornalismo “chapa branca”.
Eles deveriam devolver os seus altos salários!

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