Estado fascista do Partido da Socialdemocracia
2012-01-23 14:15:16
2012-01-23 14:15:16
[Por Gislene Bosnich]
São Paulo é um Estado Fascista de Direito Pleno da Burguesia. Seja na
demolição especulativa dos imóveis da Luz, encobertos por projeto
escuso de “reurbanização/revitalização” quando o certo seria
reespeculação; seja como ontem em São José dos Campos.
Ontem
dia 22 de janeiro, um domingo, a PM do governador Geraldo Alckmin
invadiu um terreno ocupado há oito anos por cerca de três mil famílias e
conhecido como Pinheirinho. Sob a alegação de reintegração de posse,
que foi contestada em instância superior e transformou-se em uma
paralela e obscura disputa de poder dentro dos meandros do direito que
só existem e servem para punir a classe trabalhadora, mais de 1800
policiais iniciaram a ofensiva de gases e bombas, atiradas de próprio
punho ou por helicóptero para causar mais impacto. Como tantas vezes foi
dito ontem no ato que ocorreu na Avenida Paulista: Habeas Corpus,
suspensão de penas e outras incríveis facetas do Direito só existem para
a burguesia e para seus representantes zelosos, casos de muitos que
devem ter enchido suas contas bancárias nesta reintegração imoral e
insana sob os olhos da razão.
Antes de mencionar o absurdo que foi a
retirada a base de porrada e chumbo grosso e não somente balas de
borracha – o que já não seria pouco - é preciso esclarecer alguns pontos
que a imprensa, através de meus “coleguinhas” repórteres, editores e
fotógrafos, não conta.
O que a imprensa não contou:
- a área estava já em processo adiantado de regularização para enfim transformar-se oficialmente em bairro;
- toda ocupação visa fazer cumprir a
função da terra, que não é de caráter especulativo. E inclusive, para
aqueles que são tão comprometidos com a Lei, legalistas que só querem
que a lei funcione para o trabalhador, o caráter consta de nossa
Constituição e também do Estatuto da Cidade;
- toda ocupação visa comprar a terra que ocupou. E não “ganhá-la” do Poder Público. Isso só acontece com os burgueses;
- Poucos devem saber que as nossas
montadoras, nada nacionais, tiveram seus terrenos doados pelo Poder
Público para se instalarem no ABC Paulista, ainda na década de 50.
Alguns incautos devem pensar: Mas eles geraram emprego! Vale lembrar um
pouco da aula de História do Ensino Fundamental. O mundo não começou com
o capitalismo e não precisa acabar com ele. Tais empresas instalaram-se
aqui naquele momento em que uma “nova” modalidade de imperialismo
desenvolvia-se, sem precisar invadir com soldados enviaram seu capital
para explorar a preço barato a nossa força de trabalho com todos os
subsídios possíveis que inclusive não existiram para a formação de uma
indústria nacional automobilística. Quem não se lembra do Gurgel?
- O terreno é do megaespeculador Naji
Nahas que em 1989 detonou a Bolsa de Valores do Rio, o que exigiu o
salvamento da burguesia financista da época com a injeção de dinheiro
público. Que ninguém pagou. Muito menos Naji Nahas.
- Por que proteger um megaespeculador
num terreno de uma massa falida? Ou seja, o dinheiro pode ser pago pelo
financiamento da habitação dos milhares que lá se encontravam. Pagos por
eles com juros que todos sabem estão longe de ser aqueles aplicados ao
financiamento dos produtos da burguesia;
-
Por que desmantelar um bairro já formado se há em São José dos Campos
um déficit de 25 mil moradias a partir da desapropriação do Pinheirinho?
- Para que esta truculência? Quando especuladores do porte de um Salvatore Cacciola são presos há praticamente um pedido de licença para a colocação das algemas mesmo que isso seja apenas um mise-én-scene. Não foi esta mise-én-scene
que marcou a condição das mulheres, homens e crianças que foram
feridos, alguns com muita gravidade. Havia notícia, não sei até o
momento se confirmada, que tratores já destruíam casas com móveis dentro
e tudo que estas pessoas acumularam durante a vida. Hoje há relatos
sobre furto de móveis das casas das pessoas por parte dos leões de
chácara que prosseguem no local.
O que a imprensa contou:
- Polícia enfrenta moradores.
Quase anedótico, trata-se, todavia, de uma imoralidade. São os
moradores que enfrentaram a PM e infelizmente sem nenhuma condição de
defesa porque foram pegos de surpresa, já que havia uma situação de
aparente trégua de 15 dias dos quais não havia decorrido nem três. Donde
é possível novamente concluir que esperar justiça da instituição
justiça é uma ilusão que infelizmente ainda temos diante de tanta
nojeira e embuste;
- Polícia tem receio que traficantes vão para outros bairros. Nossa!
Podem ter exclamado os pudicos ou inocentes despolitizados de plantão.
Acaso há algum bairro em que não haja traficante? O Pinheirinho não é
uma extensão idealista de vida terrena; é um bairro com trabalhadores e
trabalhadores em sua maioria. Isso é o que importa.
- Há pessoas que estão no Pinheirinho que alugaram suas casas e estão ali para conseguir outra?
Esse tipo de “denúncia” é ainda mais imoral. Onde estarão estas pessoas
agora? Deixaram de existir? Ou nunca existiram? E se acaso existirem,
são a maioria deste povo?
O que o Governador do Estado Fascista do Partido da Socialdemocracia disse:
O que o Governador do Estado Fascista do Partido da Socialdemocracia disse:
Vários sites noticiosos destacaram
hoje, dia 23 de janeiro, que o Governador Geraldo Alckmin disse que foi
legítima a reintegração de posse do Pinheirinho. Essa legitimidade, que o
aparente voto assegura, não pode valer para os trabalhadores. É preciso
desmascarar essa vilania infindável dos ricos burgueses contra esses
miseráveis que somos nós, que lutamos uma vida para ter direito àquilo
que dizem já nascemos tendo: moradia, educação, saúde, lazer e cultura.
Haverá um dia em que não seremos
cronistas destes tristes momentos em que passamos recebendo balas de
chumbo e de borracha como único direito.
Por
último, o que possibilitou o ato de ontem na avenida Paulista a partir
das 17h foi a convocação rápida e funcional via twitter e facebook. Em
menos de três horas o ato foi chamado e contou com mais de 500 pessoas,
como saiu na imprensa em fotos ridículas que mostravam poucos PM´s
porque os demais estavam espancando os trabalhadores em São José dos
Campos.
Todavia também não é verdade como a
imprensa contou que foi algo quase espontaneísta. Ocorre que os
militantes têm nome e por isso quando alguém que não é figura pública
começa a divulgar um horário e um local, a imprensa rapidamente se
esforça em dizer que tudo é espontaneísta. Que não é preciso nem partido
nem organização. Não é verdade. Tanto que os que estiveram na avenida
Paulista sabem que houve dezenas de organizações que puderam expressar
sua solidariedade, através de seus militantes.
É preciso parar de enaltecer esse antipartidarismo fanático. Porque aqueles que são contra partidos de esquerda podem nem desconfiar, mas estão defendendo os de direita, os explicitamente de direita.
É preciso parar de enaltecer esse antipartidarismo fanático. Porque aqueles que são contra partidos de esquerda podem nem desconfiar, mas estão defendendo os de direita, os explicitamente de direita.
Até a próxima, esperamos que com
lágrimas de felicidade pela conquista que pertence ao povo de fato e já
não sei se por direito, não esse que grassa por nossas terras
tupiniquins. O Direito à verdade, porque essa sim é revolucionária, como
já dizia nosso velho camarada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário