segunda-feira, 2 de julho de 2012

Valeu a pena, Brasil

Aos que nos acusam e tentar humilhar, respondemos com um Brasil mais justo e democrático, mais solidário e fraterno, mais pujante e poderoso

02 de Julho de 2012 às 06:12

Delúbio Soares

São muitos os instrumentos para a construção do futuro e a consolidação do imenso avanço social e econômico experimentado pelo Brasil na última década. E eles têm sido muito bem utilizados em nosso país, desde o governo Lula, com a inclusão de mais de 40 milhões de brasileiros na classe média, vindos das classes D e E.
Desde o crédito facilitado e ao alcance de dezenas de milhões de cidadãos, antes integrantes da categoria dos “desbancarizados”, até iniciativas de altíssimo alcance social como os programas que mudaram a face de um Brasil injusto e excludente: Pro-Uni, Bolsa Família, Pro-Jovem Adolescente/Agente Jovem, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), Tarifa Social de Energia Elétrica, dentre outros. E, mais recentemente, o Brasil Carinhoso, lançado pela presidenta Dilma Rousseff.
Ao anunciar o Plano Brasil Maior, o governo federal dá continuidade aos programas de incentivo ao crescimento econômico tão indispensável a um país com a grandeza do Brasil. Desta vez, depois de desonerar em muito a indústria e os investimentos no setor produtivo, o governo vai utilizar suas compras como principal instrumento para impulsionar a atividade econômica. O PAC-Equipamentos e o Programa de Compras Governamentais irão possibilitar a compra de mais de 8.000 caminhões, 2.225 ambulâncias, 1.000 retroescavadeiras, 1.630 motoniveladoras, 8.000 ônibus escolares, entre outros tipos de equipamento para melhorar a infraestrutura e a mobilidade pública do país. Trata-se de iniciativa de imensa importância quer no incentivo à economia quanto na melhora das condições para a prestação dos serviços públicos.
Nunca houve, antes dos governos do PT e dos partidos da base aliada, tanta preocupação com a questão social no Brasil. E, mais que isso: jamais se alcançaram resultados tão auspiciosos e evidentes. O estado brasileiro apresentou-se pela vez primeira a cidadãos que eram números nos censos do IBGE, mas não eram alvo da atenção, da preocupação ou mesmo do respeito por parte dos governos que se sucederam. Eram, sim, uma realidade estatística, mas não contavam na formulação das políticas governamentais. Existiam, mas não eram respeitados. Frequentaram os discursos dos governos que antecederam a Lula e Dilma, mas não os comoviam pela penúria em que viviam ou pelo descaso a que foram relegados. Pior que não ser queridos: eram desrespeitados.
Há uma parcela do pensamento nacional (se é que pensa...) que atribui aos vitoriosos programas que instituímos desde 2003, absurdos como os de que “estimulam a vagabundagem” ou “são uma esmola”. Trata-se de um extrato social, mesquinho, despolitizado e parasitário, que desconhece a realidade do Brasil e evitava conhecê-la nos anos infames dos governos descomprometidos com o povo, mas comprometidos com a pior espécie de capitalismo, e que nada faziam para mudar nossa dura realidade ou minorar o sofrimento de dezenas de milhões de brasileiros desamparados, famintos, analfabetos e doentes.
Existia no Brasil um projeto de país indecente, lamentável, implementado de forma deletéria nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Era um Brasil para trinta milhões de brasileiros, não mais que isso. A esses privilegiados (cerca de não mais que 15% de nossa população) estava destinado o usufruto de nossas riquezas, uma existência tranquila e promissora, saúde de boa qualidade e educação de alto nível (pagas, sem a participação do estado nacional), boas condições de vida e o domínio de um país profundamente elitista, socialmente injusto e economicamente concentrado nas mãos de pouquíssimos grupos empresariais. Um estado mínimo, onde poucos mandariam muito e viveriam bem, enquanto uma imensa massa de mais de 160 milhões de outros cidadãos nada mais seriam que modernos servos da gleba, relegados a plano inferior e sem qualquer atenção por parte dos poderes públicos.
O PSDB, acolitado pelo então PFL (hoje Democratas), apadrinhou esse projeto de país e de poder. O governo que por ele foi sustentado, ironicamente chefiado pelo sociólogo e ex-esquerdista Fernando Henrique Cardoso, bancou essa crueldade, levou a cabo essa tentativa de um Brasil para muito poucos, com impressionantes frieza e impiedade. O resultado não poderia ter sido pior: desemprego jamais visto, crescente inflação, falências e quebras de milhares de empresas, inéditos congelamento e achatamento salarial, desmonte da estrutura do serviço público, privatizações lodosas e presenteadas, desrespeito aos funcionários públicos, aposentados (“vagabundos”, no dizer do ilustrado FHC) e militares (que assistiram ao sucateamento intensivo de nossas Forças Armadas). Isso tudo com a complascência, a leniência ou mesmo o engajamento de diversos setores da vida nacional, como a quase totalidade da imprensa, por exemplo.
O que não se gastou com a educação, com programas sociais absolutamente indispensáveis, com a saúde (que viveu os seus piores momentos, com a volta inexplicável de “epidemias medievais” - no dizer preciso de Ciro Gomes – de hanseníase, dengue, cólera, etc, etc...), gastou-se no financiamento à corporações que compraram nossas melhores empresas estatais na bacia das almas. Torraram-se, também, no PROER, bilhões de reais para socorrer os mesmos banqueiros falidos (alguns de forma fraudulenta) que haviam financiado generosamente as campanhas do tucanato.
Poderíamos lembrar o apagão, pois não? Mas é desnecessário: ele está vivo na lembrança dos que receberam atônitos a informação de que o país com maior concentração hídrica do planeta, com invejável estrutura energética, que construiu Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo, abandonou o setor durante os anos de FHC e jogava nas costas das famílias, dos comerciantes, dos industriais, dos prestadores de serviço, a pesada conta de sua imprevidência, da ausência de investimentos em nosso sistema elétrico e, com a frieza e a crueldade tão habituais, ainda estabelecia pesadas multas e punições a quem não consumisse menos e não arcasse com o ônus do desastre anunciado.
Ivan Lessa, respeitado jornalista falecido faz poucos dias, escreveu que no Brasil a história é apagada de tempos em tempos e tudo recomeça. Por conta disso, os que nos apontam o dedo, pousam de moralistas e cobradores, dão vazão a mentiras que insistem em assumir as cores da verdade e com imensa desfaçatez não querem respondem por um governo que levou o Brasil três vezes ao fundo do poço, à quebradeiras inesquecíveis, ao humilhante guichê do FMI.
Nós, petistas, com os companheiros dos partidos que se aliaram na defesa das candidaturas vitoriosas de Lula e Dilma, contrapusemos o nosso projeto de país ao dos neoliberais do PSDB/DEM. E os brasileiros apostaram nele em 2002. Vencemos, mas não foi fácil mudar o curso da história, recuperando um país falido e sem qualquer credibilidade, absolutamente desmoralizado perante as demais nações, enquanto enfrentávamos toda sorte de conspiração contra o governo do presidente Lula. Em 2006, por larga margem de votos, os brasileiros repeliram a campanha agressiva e a argumentação torpe de Geraldo Alckmin, surrando-o no segundo turno, onde teve (pasmem!) menos votos que no primeiro. Vencemos, de novo. Já no ano de 2010, a brilhante gestora que havia coordenado a equipe de Lula na mudança radical da face de um país derrotado que se firmou como país vitorioso e com imenso futuro, foi a nossa candidata. Pela primeira vez em sua história os brasileiros elegeram uma mulher para a presidência da República. Mas, também, pela primeira vez na história os brasileiros assistiram uma campanha lamacenta, fundamentalista, reacionária e mentirosa, promovida pelos tucanos e seu candidato, José Serra. Vencemos, mais uma vez, com a presidenta Dilma Rousseff, imaculada frente ao esgoto aberto por seu oponente.
Todo esse sofrimento, porém, valeu a pena. Os programas idealizados e levados adiante por Lula e Dilma, hoje gerenciados pela notável ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, tiveram o inexcedível mérito de dar aos mais de 40 milhões de brasileiros beneficiados (aqueles mesmos que eram apenas números nos governos desumanos de FHC e companhia) a oportunidade de morarem melhor, chegarem às universidades, tornarem-se pequenos empresários, trabalharem, darem mais conforto e dignidade à vida de suas famílias. Mas, muito mais que isso: milhões e milhões de pessoas que deixaram de serem números, passaram a comer duas, três vezes ao dia. Isso mesmo: não comiam. Que país essa esse? O que sonhamos? Não, mil vezes não. Esse era o país dos que hoje nos fazem oposição irresponsável e cerrada.
Aos que nos acusam e tentar humilhar, respondemos com um Brasil mais justo e democrático, mais solidário e fraterno, mais pujante e poderoso. Nossa economia deu um salto espetacular. Nos anos infames (1994/2002) caímos de 11ª economia mundial para um cinzento 15º lugar. Lula e Dilma pagaram a conta do desastre, arrumaram a casa, mudaram o país e o tornaram vencedor, futuroso e respeitado. Somos hoje a 6ª potência econômica do planeta e resistimos muito bem ao atual momento negativo da economia internacional por conta da solidez deste Brasil que construímos, com forte classe média, emprego pleno, economia estável, indústria, comércio e serviços vivendo momentos jamais experimentados antes, agricultura modernizada e em franca expansão, a indústria da construção e nossas exportações em ritmo ascendente.
O Brasil tomou um caminho claro e acertado: ser uma sociedade mais democrática e pluralista, com justiça social e inclusão daqueles que foram segregados e abandonados, que foram claramente excluídos das preocupações e das ações do estado. Invertemos o jogo. Temos pagado caro pela ousadia de ter transformado o sonho de um Brasil muito melhor em realidade. Mas, vencemos e todo sofrimento é nada em favor de nosso país e nosso povo.
(*) Delúbio Soares é professor
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