quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dilma e Aécio preparam guerra total em BH

"Fiel ao estilo, irmã de Aécio ela já mandou recados a produtoras da capital, alertando-as para não trabalharem na campanha do rival Patrus Ananias. O PSDB nega, mas a informação foi confirmada ao 247 por duas grandes produtoras de BH."

Dilma e Aécio preparam guerra total em BH Foto: Edição/247

Uma legião de especialistas em marketing e comunicação já foi escalada para a disputa entre Patrus e Lacerda, uma prévia do confronto de 2014. Os petistas convocaram o marqueteiro João Santana e Marcos Coimbra. Os tucanos chamaram a polêmica Andrea Neves, o publicitário Cacá Moreno e a Turma do Chapéu para fazer a campanha na web

18 de Julho de 2012 às 06:48
Minas 247 - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem afirmado que a campanha eleitoral deste ano em Belo Horizonte não será nacionalizada. A atitude dele é compreensível, uma vez que seu candidato, o atual prefeito Marcio Lacerda (PSB), é bem avaliado e lidera atualmente as pesquisas de opinião.
Mas a realidade é distinta. A campanha de BH se transformou numa das mais importantes do país este ano - ou até a mais importante. A razão principal é a prévia da sucessão presidencial de 2014, uma vez que estarão se defrontando na capital mineira mais do que o petista Patrus Ananias e o socialista Lacerda, mas o próprio Aécio - provável nome dos tucanos para daqui a dois anos - e a atual presidenta Dilma Rousseff, que deverá candidatar-se à reeleição.
Aécio, Dilma, Lacerda e Patrus sabem disso, mas não apenas eles. Uma prova é que uma verdadeira legião de especialistas em marketing, em política, mídia e internet já está sendo formada para a batalha que vem pela frente.
Aécio inclusive já está remarcando - ou adiando - algumas das viagens que havia programado para agosto e setembro, meses da campanha eleitoral. Antes em situação tranquila, o ex-governador de Minas terá que dedicar maior tempo a Belo Horizonte a fim de garantir a eleição de Lacerda.
Dilma, por sua vez, articulou a participação do seu marqueteiro João Santana. Com muita experiência em campanhas petistas, o publicitário fez a campanha também do ex-presidente Lula, em 2006. É o nome preferido do PT para “politizar” a campanha. Explicando: avalia-se, no comando petista, que as chances de Patrus aumentam se o eleitor for convencido a votar num candidato de “esquerda” (Patrus), em contraposição a um nome “conservador” ou “de direita” (Lacerda) - lembrando, claro, que esses conceitos não são necessariamente corretos, mas é com eles que trabalhará a campanha petista.
Santana tem um problema sério: falta de agenda. Ele já atua em três campanhas já contratadas: a do também petista Fernando Haddad, em São Paulo; e as internacionais de Hugo Chávez, na Venezuela, e de José Eduardo dos Santos, em Angola.
Patrus não quer repetir, este ano, o que contrariou sua equipe em 2010, na campanha do ex-ministro Hélio Costa (de quem o petista foi candidato a vice) ao governo mineiro. Duda Mendonça coordenou o marketing, mas, com tantos compromissos em outros estados, acabou prejudicando a campanha mineira - na avaliação de muita gente do PT. “Isso não ocorreria com o João Santana”, diz ao 247 um publicitário muito experiente em campanhas políticas em Minas Gerais. “Se ele pegar, pode ter certeza que ele vai dedicar muito tempo à campanha do Patrus.” Uma alternativa avaliada pelos petistas é entregar a João Santana um papel não a coordenação do marketing, mas apenas uma consultoria.
O PT nacional também se mexeu para garantir outro aliado nas últimas campanhas, o sociólogo Marcos Coimbra, um dos fundadores do instituto Vox Populi. A Vox trabalhava com o prefeito Marcio Lacerda, mas foi, digamos, “desestimulada” a ajudar na campanha pela reeleição em BH. Coimbra avaliou que, na prática, seria impossível aliar o trabalho de consultoria política a Lacerda - e, por extensão, a Aécio, com quem também tem longa parceria - e o trabalho com o PT nacional - mais uma prova da importância que a eleição na capital mineira passou a ter para as direções nacionais dos principais partidos do país.
Os tucanos também não estão parados. A jornalista Andréa Neves, irmã do senador mineiro, vai chefiar, não se sabe ainda se formal ou informalmente, a comunicação da campanha de Lacerda. Polêmica, Andréa ocupou posição semelhante nos dois governos do irmão em Minas, de 2003 a 2010, quando foi acusada de exercer marcação cerrada sobre os jornalistas mineiros. Fiel ao estilo, ela já mandou recados a produtoras da capital, alertando-as para não trabalharem na campanha do rival Patrus Ananias. O PSDB nega, mas a informação foi confirmada ao 247 por duas grandes produtoras de BH.
A campanha de Lacerda continuará a cargo do publicitário Cacá Moreno, o mesmo marqueteiro do pleito de 2008 que elegeu o socialista. O curioso é que Cacá faria a campanha de Pedro Ananias, filho de Patrus, que é candidato a vereador pelo PT. Agora, com uma campanha tão polarizada, Pedro terá de procurar outro publicitário.
Na internet, que a cada eleição ocupa papel de maior destaque nas campanhas, os dois lados também já escolheram suas armas. O nome da equipe que atuará ao lados dos petistas é trancada a sete chaves pelo comando da campanha de Patrus. Atuará não apenas nos sites oficiais, mas também na produção de material virtual a ser usado pelos petistas.
Pelos tucanos, a web ficará a cargo principalmente da chamada Turma do Chapéu. É um grupo de jovens militantes do PSDB que há alguns anos trabalha na produção de vídeos na internet com elogios a Aécio e seu grupo, na mesma proporção que críticas a Lula e ao PT. O 247 falou com o principal nome da Turma do Chapéu, o subsecretário da Juventude do governo de Minas, Gabriel Azevedo. Mas ele não quis adiantar nada sobre as táticas a serem usadas na campanha. “Estou saindo de férias agora e a única coisa que digo é que a Turma do Chapéu está agora visitando as capitais brasileiras para ajudar os outros candidatos”, limitou-se a dizer Azevedo - que, invariavelmente, usa chapéus nas campanhas de rua e em vídeo do PSDB.

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