segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A peruca ecumênica do alpinismo

Carta Maior

‘A entrevista do ministro Luiz Fux à Folha, neste fim de semana, tem valor pedagógico naquilo que explicita, sendo desnecessário aplicar-se a ela  a lógica do domínio do fato', tão cara ao udenismo do qual ele se tornou uma voz exclamativa. Trata-se de oportuna ilustração da abrangência ecumênica do método alpinista  que a indignação seletiva costuma atribuir como traço biográfico exclusivo de personagens lamentáveis acoplados à  luta social e à esquerda. Na escalada ao topo, o pretendente  à suprema toga não hesitou em servir-se do repertório que abrange do tráfico de influência à oferta de dotes autoatribuídos -- no caso, a persona de um zagueiro do Direito, capaz de  'matar no peito' processos de interesse de seus interlocutores, desde que escalado para o time do STF, naturalmente.
Ao avocar-se o talento um rompedor de fronteiras que depois defenderia como pétreas,  já travestido em torquemada dos holofotes,  Fux  ombreia-se em credibilidade ao adorno capilar postiço que arremata a sua figura. O conjunto sinaliza uma trajetória  cuidadosamente produzida  ao preço de apliques  que se renovam ao sabor da conveniência e do interesse. Sugestivo dessa versatilidade é o fato de ter se oferecido à Folha para contar um pedaço do que fez, acenou  e moveu até ser indicado à vaga que ocupa hoje no STF. O que disse dispensa-nos do que não disse, sendo suficiente ao descortino de uma ética líquida à beira do ralo do descrédito. Resta saber se o streap-tease mudará  a  hipocria dos critérios midiáticos que reservam ao campo da esquerda o monopólio do oportunismo.’

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