Responsável por alguns dos mais nefastos episódios do século XX, o
nazismo disseminou sua influência para além do continente europeu. O
Brasil, infelizmente, não ficou de fora de seu alcance. A reportagem
especial “Entre a suástica e a palmatória”, publicada em janeiro
de 2013 na Revista de História da Biblioteca Nacional, e que virou
também vídeo homônimo disponível no nosso canal do Youtube [veja
abaixo], é um exemplo de como o pensamento político autoritário se
manifestou no país.
Nos anos 1930 e 1940, uma fazenda do interior paulista adotou
abertamente símbolos nazistas para marcar gados, documentos e até os
próprios tijolos. Por sua vez, a propriedade vizinha, da mesma família,
colocou em prática teorias racistas e eugênicas: recrutou 50 crianças
órfãs, a maioria negras, para trabalhar em suas terras. A história ficou
esquecida durante décadas. Em 1990, um fazendeiro descobriu uma dessas
peças com a cruz suásticas e a história começou a ser revelada.
Posteriormente o pesquisador Sidney Aguilar Filho, em tese de doutorado
defendida em 2011 na Unicamp, a estudou mais profundamente.
A reportagem da Revista de História viajou a Campina do Monte Alegre, no
estado de São Paulo, e a Foz do Iguaçu, no Paraná, para entrevistar as
últimas testemunhas vivas e conhecidas desta história. Aloísio Silva,
chamado durante a adolescência de Vinte e Três, trabalhou no local e
aguentou a situação de exploração até a sua “liberação”, como ele
próprio diz, em 1945. E Argemiro Santos, que fugiu da fazenda quando
tinha apenas 14 anos, enfrentando uma vida difícil nas ruas de São Paulo
até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, momento em que decidiu
ingressar na Marinha para servir o país.
Apesar de lidarem com o passado de forma diferente, seu Aloísio e seu
Argemiro são fontes dos fatos. Seus depoimentos se complementam e a vida
posterior ao episódio reforçam ainda mais a ideia já levantada na abertura do dossiê
desta edição da Revista de História: “Em vez de pensar que ‘o trabalho
liberta’, como os nazistas estampavam em seus campos de concentração, é
melhor afirmar que a memória salva”.
Revista de HistóriaNo Blog do Mario
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