O ano mal começou e a nova batalha das oposições, partidárias e
extraparlamentares, já está em pleno andamento. Se a primeira quinzena
de janeiro transcorreu assim, imagine-se o restante do ano. É fácil
perceber o que as move e aonde pretendem chegar.
A espetacularização do julgamento do “mensalão” foi feita com o único
objetivo de desconstruir a imagem do PT no plano moral. O que buscavam
era marcar o partido e suas principais lideranças com o estigma da
corrupção, a fim de erodir suas bases na sociedade.
Só quem acredita em histórias da carochinha levou a sério a versão de
que a imprensa oposicionista tinha o desejo sincero de renovar nossos
costumes políticos e promover a “limpeza das instituições”. Seus bons
propósitos são tão verdadeiros quanto os de Pedro Malasartes, personagem
de nosso folclore famoso pelo cinismo e pela falta de escrúpulos.
Por maiores que tenham sido seus esforços, obtiveram, no entanto,
sucesso apenas parcial na empreitada, como vimos quando as urnas da
eleição municipal foram abertas. Os resultados nacionais e algumas
vitórias, como a de Fernando Haddad, em São Paulo, mostraram que os
prejuízos sofridos pelo PT em decorrência do julgamento ficaram aquém do
que calculavam.
Essa frustração as levou ao ponto em que estão hoje. De um lado, a
insistir no moralismo e na tentativa de transformar o “mensalão” em
assunto permanente da agenda nacional. Querem forçar o País a continuar a
debatê-lo indefinidamente, como se tivesse a importância de temas como a
democracia, o desenvolvimento econômico, o meio ambiente e a educação.
De outro, a diversificar os ataques, assestando as baterias em direção a
novos alvos, procurando atingir a imagem administrativa da presidenta e
do governo Dilma. Por extensão, de todo o PT. Não chega a ser um
projeto original.
Nas disputas políticas, nenhuma novidade há em acusar os adversários,
simultaneamente, de corrupção e incompetência. Em dizer que, além de se
apropriar de recursos públicos, não sabem governar, e que não há,
portanto, qualquer razão para apoiá-los, nem sequer o argumento do
“rouba, mas faz”.
Neste início de ano, o discurso das oposições, em especial da armada midiática, é afirmar que o PT rouba e não faz.
Atravessamos os primeiros 15 dias de 2013 como se vivêssemos uma crise
gravíssima e difusa, como se o Brasil estivesse na iminência da
paralisia total.
Quem acompanhou o noticiário só ouviu falar em problemas, gargalos e
decepções. É o inverso do que ela costuma fazer em janeiro, quando a
maioria de seus leitores está de férias e pensa em outras coisas. Em vez
das habituais reportagens amenas sobre a musa do verão e os
preparativos para o carnaval, tudo o que publicam tem um tom
catastrófico.
Os mais radicais não escondem a satisfação com o fraco desempenho do PIB
em 2012 e os problemas de abastecimento elétrico em diversas regiões.
Ficaram algo tristes com as modestas tragédias naturais do começo do
ano. Por enquanto, o que lhes resta é torcer por calamidades
espetaculares.
“Pibinho”, crise de gestão, apagão, desindustrialização, inflação,
desemprego, falta de ar refrigerado no Santos Dumont, a disparada no
preço do tomate, tudo vai mal no Brasil, segundo a mídia oposicionista.
Por culpa de Lula, que “não soube aproveitar a sorte” e “desperdiçou a
herança de FHC”, e de Dilma que é “centralizadora”, “estatista” e
“antiquada”.
Batem em tudo que veem e, se não veem, inventam. Nos últimos dias, até o
Bolsa Família entrou na linha de mira dos “grandes jornais”. Sem falar
na raiva contra Hugo Chávez, a quem parecem detestar somente por ser
amigo de petistas – visto que nunca dedicaram aversão igual aos
govenantes de direita do continente.
São como os lutadores de boxe que não possuem em seu repertório um soco
capaz de nocautear o adversário. Lembram os enfezados pesos-moscas
orientais, que brigam desferindo a esmo diretos, cruzados, jabs e
uppercuts – além de, vez por outra, golpes baixos. Funciona? Até agora,
pode-se dizer que não.
Apesar do coro negativista, as pessoas comuns continuam satisfeitas com o
País e o governo, e esperançosas em relação ao futuro. Em recente
pesquisa da Vox Populi, 68% dos entrevistados disseram esperar que a
situação de suas famílias venha a melhorar nos próximos 6 meses, contra
2% que temem que piore. E o mais provável é que os otimistas tenham
razão.
Esta semana, outro patético esforço de mobilizar os “indignados”
conseguiu colocar dez cidadãos na Avenida Paulista. Portavam cartazes
pedindo “Basta!”. Ficaram falando sozinhos.
Uma coisa é conseguir a adesão de meia dúzia de ministros do Supremo, a
maioria já alinhada com a oposição. Outra é encher as ruas. Isso, ela
nunca soube fazer.
E não consegue aprender.
Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
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