Altamiro Borges, Blog do Miro
“O tucano José Serra, rechaçado pelas urnas
em duas eleições presidenciais e no recente pleito à prefeitura de São Paulo,
agora passou a ser rejeitado até pelos partidos da oposição neoliberal. Isolado
no PSDB, que ajudou a fundar (e a afundar) e que hoje tende a apoiar a
cambaleante candidatura de Aécio Neves, ele ameaçou abandonar o ninho. De
imediato, o caudilho Roberto Freire, que conduz com celeridade a sua legenda à
extinção, apressou-se em oferecer-lhe uma boquinha. Mas já há quem resista...
até no PPS!
“O Serra é um retrocesso do ponto de vista de uma política inovadora que o PPS está buscando”, reagiu o vereador Ricardo Young (SP), o verde tucano que é ligado à ex-senadora Marina Silva. “O Serra acabou de sair de uma disputa presidencial. Não teria sentido ele ser preterido no PSDB e virar candidato do PPS”, fustigou o deputado federal Arnaldo Jordy (PA). “Não há um projeto presidencial para o Serra dentro do partido”, atirou para matar o ex-serrista Raul Jungmann, recém-eleito vereador em Recife (PE).
A resistência no PPS, que pode ser
rapidamente contornada pelos conhecidos métodos “democráticos” de Roberto
Freire, indica que a situação do “eterno candidato” tucano é bastante
complicada, constrangedora. Adversário do governador Geraldo Alckmin, a quem já
traiu uma vez, ele está sem espaço no ninho paulista. Já na direção nacional do
PSDB, a avaliação é que “chegou a vez” de Aécio Neves. Até o ex-presidente FHC
já assumiu o papel de “guru” do senador mineiro e organiza reuniões com
banqueiros e outros ricaços.
Serra teria outras alternativas – além do
falido PPS. No ano passado, chegou a se cogitar que ele migraria para o PSD, do
prefeito e fiel aliado Gilberto Kassab. Mas o partido, que “não é de direita,
nem esquerda e nem de centro”, caminha para ingressar na base de apoio da
presidenta Dilma. Com 51 deputados federais na legenda – 22 deles egressos do
DEM, PSDB e PPS –, o partido avalia que pode crescer ainda mais se conseguir se
afastar da desgastada oposição demotucana. Neste sentido, Serra é o próprio
demônio!
Caso não consiga reduzir a pó a candidatura
de Aécio Neves e não se viabilize eleitoralmente em outra sigla, Serra terá que
abandonar o seu sonho de disputar novamente a eleição presidencial e será
obrigado a se contentar em curtir a sua aposentadoria no próprio PSDB. Já há
que afirme que a sua movimentação nos últimos dias tem esta modesta pretensão. A
ameaça de abandonar a legenda seria puro jogo de cena. A manobra visaria apenas
conquistar uma boquinha para os serristas na cúpula tucana.
Uma notinha na coluna Painel, na Folha de
quinta-feira, sinaliza que esta poderá ser a solução do imbróglio no partido. “Grão-tucanos
admitem ceder espaço mais generoso a aliados de José Serra na nova composição
da direção do PSDB, a ser definida em maio. O gesto é visto como decisivo para manter o
ex-governador no partido. Dirigentes da sigla foram escalados para ouvir os
pleitos dos serristas”.
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