terça-feira, 27 de novembro de 2012

Forum Social Mundial PALESTINA LIVRE

Convívio e tolerância

 
Entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro, Porto Alegre vai abrigar um conjunto de atividades culturais, parlamentares e políticas da comunidade palestina, promovidas pela CUT nacional, no âmbito do Fórum Social Mundial. Os eventos ocorrem com o apoio da Secretaria Geral da Presidência da República e foram acolhidos pelo Governo do Estado, como todos os governos têm feito desde o primeiro fórum que ocorreu na Capital gaúcha em 2001.
No âmbito destas atividades, o Fórum Social Palestina Livre irá promover debates cujo sentido é defender o direito, já proclamado pela ONU, da existência de um Estado Palestino soberano.
O Governo do Rio Grande do Sul, juntamente com outras autoridades constituídas, colabora na organização do evento e não renuncia a oportunidade de organizar diálogos que podem promover a paz com base no acatamento às resoluções da ONU. Como ocorreu em outras ocasiões, isso não significa assumirmos posição de “parte” nos debates, ou mesmo a consagração, pelo nosso governo, de posições assumidas por quaisquer dos debatedores. O Governo do Estado tem posição sobre o conflito e ela é a mesma do Governo do Brasil.
O governo brasileiro defende o direito do povo palestino a ter o seu próprio Estado em pé de igualdade jurídica e política com o Estado de Israel, o que é aceito por todas as nações democráticas do mundo, a partir da consagração de fronteiras claras, reconhecimento das identidades recíprocas, culturais e religiosas, definidas através de acordos negociados entre as autoridades políticas dos dois povos, com arbitragem da Organização das Nações Unidas. Esta posição tem também como base a condenação, baseada em princípios, de quaisquer ações fundadas em métodos terroristas, partam de onde partirem.
Entendemos que eventos desta natureza, além de servir para demonstrações de capacidade de diálogo, apreço a democracia e respeito integral aos direitos humanos, devem gerar manifestações que estimulem a negociação política e a ação das instâncias internacionais de arbitragem. Rejeitar posturas -partam de onde partirem – que sirvam para acender ódios sectários e promover manifestações de intolerância entre os povos é uma posição muito cara para o nosso governo.
O Governo estadual segue uma política de acolhida de grandes debates nacionais e internacionais, originários do Fórum Social Mundial e, neste caso concreto, soma-se a nossa disposição de demonstrar o alto nível de convívio e respeito que ambas as comunidades, israelita e palestina, travam aqui nos pagos gaúchos. Exemplo que pode servir de modelo de tolerância e reconhecimento das identidades nacionais, dentro dos marcos de uma ordem democrática internacional, baseada na paz entre os povos e no respeito aos direitos humanos.
Quando os conflitos se exacerbam é que se abre o momento adequado para demonstrações de verdadeira tolerância e de promoção do chamado “espírito de paz”, pois é precisamente nestes momentos que as ideologias e as convicções são testadas para mais além da retórica política cotidiana. Lamentavelmente, na história da humanidade, foi sempre a partir do sangue dos inocentes que os líderes verdadeiramente pacifistas dos povos tiveram a sensatez de construir os alicerces da paz. O “cessar-fogo”, ajustado na semana que passou, pode ser um momento lúcido que se transforme numa regra de convívio.
Tarso Genro
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
No Correio do Brasil

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