quinta-feira, 17 de maio de 2012

Comissão da Verdade faz 1ª reunião após lágrimas de Dilma

Comissão da Verdade faz 1ª reunião após lágrimas de Dilma  
Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Presidente se emociona ao registrar em discurso que iniciativa não é motivada por "ódio", "revanchismo" ou "desejo de reescrever história"; encontro inaugural de trabalho foi "burocrática e administrativa", segundo participante

16 de May de 2012 às 19:22
247 – Lágrimas da ex-prisioneira política torturada e atual presidente da República Dilma Roussef marcaram a instalação da Comissão da Verdade, composta por sete integrantes escolhidos pessoalmente por ela. Eles terão dois anos para investigar crimes políticos cometidos no Brasil no período de 1946 a 1988. A Comissão realizou, em seguida, sua primeira reunão de trabalho, na qual foi marcado novo encontro de trabalho para a segunda-feira 21. Abaixo, notícia sobre a instalação da Comissão da Verdade publicada pelo portal G1 e, em seguida, texto produzido pela Agência Brasil sobre a primeira reunião de seus sete integrantes:
G1 - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta (16), em solenidade no Palácio do Planalto, que a instalação da Comissão da Verdade não é motivada por "ódio", "revanchismo" ou "desejo de reescrever a história".
Acompanhada dos ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney, Dilma deu posse aos sete membros escolhidos por ela para compor a comissão, que irá apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.
"Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu", afirmou a presidente em discurso. "Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la [a verdade] em sua plenitude, sem ocultamento", declarou.
No discurso, a presidente se emocionou - e, em seguida, foi aplaudida de pé - ao se referir a vítimas de violência durante o regime militar. Militante política de esquerda, a presidente foi torturada no combate à ditadura.
"O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia", afirmou, antes de, emocionada, interromper o discurso.
Agência Brasil - A Comissão da Verdade, instalada hoje (16), vai se reunir pelo menos a cada quinze dias em Brasília, com possibilidade de encontros extraordinários em outras cidades. A agenda de trabalho foi definida hoje na primeira reunião dos sete integrantes do grupo que vai apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. O próximo encontro da comissão está marcado para segunda-feira (21).
Na cerimônia de instalação, a presidenta Dilma Rousseff empossou todos os integrantes: José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça), Gilson Dipp (ministro do Superior Tribunal de Justiça), Rosa Maria Cardoso da Cunha (advogada), Cláudio Fonteles (ex-procurador-geral da República), Paulo Sérgio Pinheiro (diplomata), Maria Rita Kehl (psicanalista) e José Cavalcante Filho (jurista).
De acordo com o coordenador da comissão, Gilson Dipp, a primeira reunião foi "burocrática e administrativa", apenas para definir questões de estrutura e funcionamento dos trabalhos. Os conselheiros terão uma sala de reuniões montada no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, A comissão será dividida em subcomissões e terá 14 funcionários, que, segundo Dipp, ainda não foram escolhidos.
O conselheiro evitou comentar eventuais divergências internas sobre o foco das investigações da Comissão da Verdade. A lei que criou o colegiado diz que o grupo deve examinar todas as violações graves aos direitos humanos cometidas durante o período avaliado. Alguns conselheiros, no entanto, entendem que somente as violações cometidas por agentes de Estado serão objeto de apuração, o que excluiria, por exemplo, a ação de grupos armados de esquerda durante a ditadura militar.
"No seio da comissão não há essa divergência, isso não se manifestou. Vamos trabalhar com a lei embaixo do braço, nada mais do que isso. Vamos trabalhar exatamente nos termos da lei, examinar todas as violações graves aos direitos humanos, recuperar a memória do país e a verdade histórica, ponto", disse.
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o Advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, participaram da primeira reunião da Comissão da Verdade.
A Comissão da Verdade terá dois anos para ouvir depoimentos em todo o país, requisitar e analisar documentos que ajudem a esclarecer as violações de direitos. De acordo com o texto sancionado, a comissão tem o objetivo de esclarecer fatos e não terá caráter punitivo.

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