quinta-feira, 26 de janeiro de 2012



Sociedade Protetora de Animais Racionais

Sociedade Protetora de Animais Racionais.

Eu pensava que um dia, não muito longe, a violenta luta de boxe ficasse como coisa do passado.

Os homens, com o passar dos anos, mais humanizados e civilizados, iriam abominar essa prática que chamam de “esporte”. Em alguns países, as touradas, (outra imbecilidade) já está sendo proibida. Aqui no Brasil, a rinha de galos de briga já é proibida. Enfim, são animais irracionais. Precisam de proteção. Para isso existem as Sociedades Protetoras dos Animais.

Em pleno século 21, homens racionais continuam com práticas violentas que nada ficam a dever as barbaridades cometidas por nossos antepassados nas arenas greco-romanas.

Nesta madrugada estava sem sono e liguei a TV para ver se conseguia dormir. Automaticamente caí em um canal de TV. fechada no programa de lutas marciais chamado Combate onde dois jovens trocavam pancadas em um ringue. No princípio pensei tratar-se daquelas lutas de telequete que eram exibidas nas emissoras de TV em décadas passadas. De repente, um dos lutadores desferiu um chute tão potente no rosto de seu adversário e o levou ao chão. Pensei, matou. Aí eu vi que era de verdade. Mais do que depressa, o agressor partiu para cima do adversário caído e numa fúria insana desferiu vários socos no infeliz que tentava defender-se inutilmente daquelas saraivadas de pancadas. Fiquei estupefato com toda aquela violência. Logo uma torrente de sangue manchava a pele dos oponentes. A câmera mostrava o tatame da mesma forma, manchado de sangue. Finalmente e felizmente o gongo tocou.

O adversário que estava caído levantou-se tonto e ofegante e sentou-se todo ensangüentado em um banquinho no ringue. Alguém o limpava. Uma câmera mostrava uma fenda no supercílio do lutador que poderia medir um centímetro de profundidade por cinco de comprimento. O público exclamava quando a câmera mostrava o ferimento. O médico examinava. Pensei comigo, vai suspender a luta... Que nada!

Novo round, a pancadaria continuou. Chutes, socos, joelhadas e cotoveladas contundentes. O sangue de um dos lutadores continuava jorrando. Eu pensava comigo: “ninguém vai interromper esse massacre? Não existem regras”? Quase desliguei a televisão horrorizado. Resolvi continuar assistindo para ver o fim daquela excrescência. O público vibrava. Homens e mulheres em delírio e o apresentador da TV chamava aquilo de show!? Durante o intervalo da luta alguém disse: - Não brigue! Lute!!!

Começa outro round. O lutador com o supercílio arrebentado parecia recuperado. Uma pasta que parecia ser vaselina ou um outro produto cobria o ferimento para estancar o sangue. De repente, mais um soco. O infeliz caiu mais uma vez no chão, do que se aproveitou o seu adversário para continuar socando.

Rolaram no tatame. O lutador ferido no supercílio, com agilidade conseguiu dar uma gravata em seu oponente. Começa a apertar. O sangue continua jorrando de seu supercílio. A Câmera mostra o rosto vermelho do outro lutador. Agora, o sangue também escorria do nariz do oponente. Estava sofrendo uma asfixia. Ambos reúnem todas as suas forças, um para se livrar e o outro para apertar mais ainda a gravata. As veias se dilatam, o juiz fica esperando não sei o que. Enfim, o lutador já não reage, jaz no chão. Finalmente o juiz separa e faz sinal do término da Luta. O vencido é atendido pelo “médico”. O vencedor levanta os braços e corre vibrando em direção aos seus treinadores. O público aplaude com entusiasmo. Um dos comentaristas da TV. diz que não foi nada, que o vencido desfalecido tivera apenas “um soninho”. Meu Deus!

Esta modalidade de “esporte”, pelo que notei, já chegou ao Brasil com toda força.
Vai continuar assim até que provoque uma morte. Não teremos culpados e nem condenados. A violência é permitida. No ringue é permitido. “São coisas do esporte”. Pior que a gente não sabe quais ou que conseqüências e riscos à saúde poderão advir no futuro para estes jovens com tantos traumatismos, principalmente na área do crânio. E ninguém faz nada contra isso? Onde estão os religiosos? E a Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional? Afinal, não são galos de briga, nem touros, são humanos racionais!!! Embora não pareçam.

Pena não existir uma Sociedade Protetora de Animais (supostamente) Racionais!

Nota do autor: Este artigo foi escrito em fevereiro de 2011. Não tem a maestria intelectual do poeta Verissimo mas, foi um primeiro confronto contra mais um lixo que veio de lá de fora que, como tantos outros acaba se enraizando. Lamentável!

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