Com o salão de atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul tomado por militantes dos cinco continentes, o Fórum Social Mundial Palestina Livre, que somou desde quarta-feira (28) mais de 300 organizações de 36 países em Porto Alegre, foi encerrado no final da tarde deste sábado (1) com uma conclamação para que sejam realizadas ações e campanhas de boicote, desinvestimento e sanções (BDS) contra a ocupação israelense, a fim de acelerar a concretização do Estado palestino.
O objetivo é tão claro como efetivo, frisou o herói judeu e ex-ministro de Nelson Mandela, Ronnie Kasrils: atingir a elite reacionária de Israel no bolso. “O exemplo que trazemos da nossa luta contra o apartheid na África do Sul é que precisamos atingir o inimigo onde dói mais. E o bolso, para eles, dói mais do que a cabeça”, declarou. Ronnie ressaltou que “ao mesmo tempo em que a resistência nos inspira a aumentar a campanha de boicote, desinvestimento e sanções, a campanha de BDS ampliará o isolamento da política de terrorismo de Estado israelense, inspirando a população palestina a fortalecer a resistência”. “Mandela sempre nos dizia: Nós da África do Sul só poderemos nos sentir livres quando o povo palestino seja livre. Agora vamos redobrar, triplicar os nossos esforços para que isso finalmente aconteça”, defendeu.
Conforme a italiana Maren Mantovani, relações internacionais do movimento palestino Stop the Wall, a campanha de BDS é chave para “atingir as empresas que estão apoiando financeiramente a expansão do muro do apartheid, roubando a água da população e metade da terra da Cisjordânia, e ainda produzindo armas para matar quem resiste”.
O muro de cerca de 850 quilômetros de extensão segue as fontes de água e
as terras mais produtivas, ambas saqueadas dos palestinos, separando
famílias e obrigando muitas crianças a caminharem horas para chegar na
escola.
“Nós pagamos duas vezes o preço da água, que depois de nos ser roubada,
nos é racionada, o que impede muitos cultivos. Enquanto isso, os
colonos dos assentamentos ilegais, que ampliam a ocupação com o assalto
às nossas terras, vivem em abundância, alguns com piscina em casa. Sem
pressão internacional, crimes como estes continuarão ocorrendo”,
esclareceu Jamal Juma, ativista do BDS que já foi preso por Israel
acusado do crime de “plantar oliveiras” e liderar mobilizações contra o
muro.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, que
conheceu de perto a dura realidade vivida nos territórios palestinos
ocupados, acredita que é insustentável países como o Brasil continuarem
sendo um dos principais parceiros militares de Israel. “No caso das
armas uma campanha de boicote tem muitas condições de se espraiar, pois
se está alimentando os lucros de quem ganha com o crime”, avalia.
Em nome da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Rosane Bertotti ressaltou o compromisso das organizações brasileiras de colocarem a campanha de boicote na agenda, “pois a mobilização popular em cada país tem papel decisivo para a derrota desta absurda e criminosa política de apartheid”.
Em nome da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Rosane Bertotti ressaltou o compromisso das organizações brasileiras de colocarem a campanha de boicote na agenda, “pois a mobilização popular em cada país tem papel decisivo para a derrota desta absurda e criminosa política de apartheid”.
Rosane leu na assembleia a carta em que o presidente Lula parabeniza os
participantes do evento e manifesta sua esperança “de que o Fórum seja
um instrumento de amplificação do chamado dos povos por uma paz justa e
duradoura”. “Sempre estive ao lado da paz e do diálogo entre os povos e
acredito no potencial extraordinário que se abriria no campo da justiça
social e do desenvolvimento com a coexistência pacífica entre os dois
Estados soberanos da Palestina e de Israel”.
Momentos antes da abertura, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República, comemorou a “importante
votação” na ONU em apoio ao Estado palestino e reiterou que o governo
brasileiro prosseguirá lutando “contra todas as formas de violência,
opressão e exploração”. “O Brasil acredita que é dessa forma que
construiremos a paz, a solidariedade é a forma pela qual nos movemos no
cenário internacional. Acreditamos, portanto, que o retorno do nosso
País Conselho de Diretos Humanos das Nações Unidas vai atuar em conjunto
com outros países pela construção de diretos do povo palestino, como
compromisso mundial”, sublinhou.Fórum vitorioso
“Fomos vitoriosos e derrotamos os inimigos da comunidade palestina, que pressionaram e tentaram desmobilizar o Fórum alegando que estavam vindo para Porto Alegre terroristas, gente que só queria violência. Veja mais aqui:
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