A pesquisa Imprensa e Racismo: Uma análise das tendências da cobertura jornalística publicada
pela Rede ANDI – Comunicação e Direitos demonstra como os principais
jornais brasileiros estão tratando a questão do racismo na hora de
informar a população. No total, mais de 1.600 textos, de 54 jornais de
todas as regiões do Brasil, foram analisados entre 2007 e 2010.
O resultado é que a pesquisa verificou que a maior parte das notícias
sobre negros estão relacionadas às políticas públicas, nas capitais e
centros urbanos, ignorando as áreas rurais e periféricas, onde estão
concentradas as populações mais vulneráveis – e esquecidas. Seguindo
essa tendência, foi constatado que o debate concentra-se mais nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste desconsiderando a realidade das
regiões Norte e Nordeste do país.
Os dados revelam ainda que a concentração do noticiário gira em torno de
dispositivos de enfrentamento ao racismo com ações afirmativas como
cotas para ingresso em universidades (18%), igualdade, desigualdade de
raça e etnia (16,4%). Mas, por outro lado, temas importantes de
interesse da população negra ficaram invisibilizados recebendo pouca
atenção dos jornais como no caso da saúde da população negra; relações
de raça, gênero e etnia; e Ensino da História da África.
Quando abordam quilombolas, as notícias geralmente tratam da questão
agrária, "regularização fundiária, processo administrativo para
reconhecimento das terras e violência relacionada a conflitos
fundiários”.
Sobre um dos problemas que mais atinge a população negra, o estudo
percebeu uma tendência dos periódicos em "dissociar as violências
físicas praticadas contra a população negra no país e o debate sobre seu
contexto de produção”, ou seja, separam os atos de violência contra
negros da análise sobre racismo, como se um fato não estivesse ligado ao
outro.
"Uma análise complementar evidenciou que nos espaços noticiosos em que
se debate racismo, as violências físicas não são suficientemente
problematizadas, enquanto nos espaços reservados ao registro de
violências físicas não se debate racismo, omitindo-se até mesmo a
referência às características socioeconômicas ou étnico-raciais das
vítimas”, relata o estudo.
Um fato que chamou a atenção na pesquisa é que diferente do esperado foi
um jornal de veiculação regional/local, o periódico A Tarde (BA), o que
mais noticiou sobre racismo no país, com 13,1% das matérias analisadas.
Em segundo lugar aparece o jornal de alcance nacional, O Estado de
S.Paulo, com 8,4% das matérias estudadas.
Veja a pesquisa na íntegra, aqui.
Tatiana Félix | AditalNo Maria da Penha Neles!
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