Saiu numa "colona" do Globo, aquela que é o melhor Proust que o PiG planaltino conseguiu produzir, a seguinte preciosidade:
A Presidenta está “azeda … com o mensalão, que não tem nada a ver com ela, entrando para atrapalhar o Governo, numa briga infecunda entre o presidente do STF e da Câmara…”
Como se sabe, o Palácio do Planalto, no atual Governo, passou a ser
povoado por um conjunto significativo de neo-petistas pigais.
Talvez seja um neo-petista esse “um de seus ministros“, o que passou a informação especialíssima ao "colonista" global.
O amigo navegante deveria, porém, levar em conta que a Presidenta tem tudo a ver com o mensalão.
Primeiro, porque foram condenados sem prova alguns dos arquitetos do
edifício político que permitiu uma desconhecida economista
mineiro/gaúcha tornar-se presidenta da República.
Dilma deve mais ao Dirceu do que ao Celso Furtado.
Dilma tem a ver com o mensalão, sim, porque a condenação sem provas de
líderes políticos insubstituíveis do PT significa que, cedo ou tarde, a
mesma excepcionalidade chegará aos seus (dela) calcanhares.
Ou a Presidenta se deixou contaminar pelos neo-petistas que a cercam e
se esqueceu de uma expressãosinha – “luta de classes” – , que ela deve
ter conhecido enquanto na cadeia?
E que a elite furiosa, anti-chavista que se instalou no Brasil e no Supremo, na bancada dos Chinco Campos, “tem lado”?
Ela acha que o julgamento do mensalão NÃO foi político?
Que o decano Celso de Mello, fã do Chico Campos, é um técnico?
Que foi um julgamento tão técnico quanto o cálculo da desvalorização patrimonial das empresas de energia elétrica?
Ela tem a ver com o mensalão, sim, porque foi ela quem ofertou ao Brasil um Ministro do Supremo da altura do Fux.
O que deveria servir de advertência na hora de escolher os sucessores do
trânsfuga Ayres Britto e do insigne decano, que, provavelmente, vai
para casa sem julgar a ação que considera a TV Globo de São Paulo uma
apropriação indébita.
Seria bom ela não se iludir com as chaleiras neo-petistas: quem frita
bolinho com a Ana Maria Braga e os “prousts” brasilienses por eles será
fritado.
Não é isso, Palocci?
Adiantou salvar a Globo da concordata?
E quem te enforcou, nobre consultor?
Não é isso, Odarelo?
Adiantou dar o furo ao jornal nacional?
A resistência de Marco Maia à ameaça de garroteamento da Camara não é uma “briga infecunda”.
É uma resistência heroica, gaúcha, que tem a ver com a estabilidade
institucional de que ela, a Dilma, será a maior beneficiária.
Se o Supremo fecha o Congresso, na próxima viagem sobe a rampa do Palácio.
E se essa “infecunda” briga resultou na suspensão do Orçamento de 2013, a culpa é dela, a Dilma.
Que acha que governar é abrir estradas.
A Dilma poderia, muito bem, nas férias do fim do ano, ler biografia de
seu líder de juventude, o engenheiro Leonel de Moura Brizola, de autoria
do F. C. Leite Filho.
Ele também não perdia “uma briga infecunda”.
(A propósito: Leite Filho é blogueiro sujo e não recebe um tusta da
SECOM. A SECOM, como se sabe, é uma instituição eminentemente “técnica”,
que destina 2/3 de sua verba à Globo.)
Por fim, a Dilma e o PT.
A Presidenta Dilma é do PT.
Ela não existe fora do PT.
Ela não se re-elege sem o PT.
Não existe o “PT contaminado”, o PT do Lula, do Dirceu, do Genoíno, e o “PT imaculado”, dela.
O PT é um só.
Limpo e “sujo”.
E quem disse que os buldogues investigativos do PiG não andam atrás das sujeiras do Governo Dilma, para cuspir no ano que vem?
A Rose é o aperitivo.
A campanha presidencial de 2013 será sangrenta.
O "Cerra" vem aí, mais inescrupuloso do que nunca.
E o PiG vai defender a Dilma do "Cerra"…
Se “um de seus ministros” oferece na bandeja informações privilegiada
aos pigais, ela deveria promover um “contingenciamento de vazamento”.
E não deixar vazar o que mais serve ao Golpe: pontas de informação que
nutram a hipótese de ela romper com o Lula, aquele do “lado contaminado”
do PT.
Se ela se entregar a esses neo-petistas e a petistas de sempre, como o Zé Cardozo, um dia, o Lula vai ter que salvá-la.
Quando ela cair no abismo.
Para onde se encaminha, se achar que é maior do que o PT.
E do que o Lula.
Paulo Henrique Amorim
No Conversa Afiada
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