Por Altamiro Borges
Por 18 votos a 16, o relatório final da CPI do Cachoeira, elaborado
pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), foi rejeitado nesta terça-feira (18). O documento
pedia o indiciamento do mafioso Carlinhos Cachoeira, do governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), do ex-sócio da construtora Delta, Fernando Cavendish, entre
outros. Os votos do PSDB e de parte do PMDB foram decisivos para o fim melancólico
da CPI. No final da sessão, foi aprovado apenas um requerimento que pede ao
Ministério Público Federal que continue as investigações.
O resultado desta Comissão Parlamentar de Inquérito, que
durou mais de oito meses, evidencia que a correlação de forças ainda é muito
desfavorável no Congresso Nacional e que a mídia privada exerce forte
influência sobre os deputados e senadores. Na prática, jornalões, revistonas e
emissoras de tevê atuaram para sabotar as investigações do CPI, afirmando que
ela servia aos interesses do “lulopetismo”. Além disso, o melancólico desfecho
confirma os danos causados pela covardia política e pelo pragmatismo
exacerbado.
Com a desculpa de que era preciso evitar o confronto, o relator Odair Cunha foi pressionado a retirar do seu relatório o
pedido de indiciamento do jornalista Policarpo Jr., editor da revista Veja, e
de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Isolado, o
deputado mineiro rendeu-se à pressão, alegando que cortava o “secundário” para
garantir a aprovação do relatório final. O vexaminoso recuo, porém, não
garantiu nem sequer este desfecho “negociado” nos bastidores do cretinismo
parlamentar.
Mesmo após todos os conchavos, o PSDB encaminhou contra o relatório
para poupar o tucano Marconi Perillo. Já um setor do PMDB votou contra o
documento que pedia o indiciamento do ex-dono da Delta para salvar o governador
Sérgio Cabral (RJ). Em síntese, o recuo não garantiu a aprovação do relatório
final, desmoralizou as forças que se empenharam nas investigações e nem sequer
serviu para politizar a sociedade, desmascarando os amigos íntimos da máfia
de Carlinhos Cachoeira – que segue em liberdade!
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