Desaposentação: nos bastidores, governo
negocia com STF proposta para recalcular benefícios apenas de
aposentados que entraram na Justiça.
Direito ao recálculo de benefícios só para
aposentados que já acionaram os tribunais e pagamento de pecúlio, um
tipo de indenização, para quem não tem ação. Esta é a proposta que
estaria em negociação nos bastidores entre o Ministério da Previdência e
a Supremo Tribunal Federal (STF).
Fontes revelaram à Coluna
que, para solucionar o impasse que envolve 500 mil segurados que
voltaram à ativa e frear a enxurrada de ações na Justiça, o governo já
teria convencido os ministros do Supremo STF a votarem pelo direito à
desaposentação para os que já reclamaram judicialmente.
A fim de colocar um ponto final na questão, os ministros do Supremo
determinariam que o INSS devolvesse as contribuições feitas pelos
segurados já aposentados, e que retornaram ao mercado de trabalho, no
momento em que decidissem parar de vez, em forma de pecúlio.
Dos 11 ministros que compõem o STF, dois já teriam seu voto favorável
à desaposentação. Sendo o posicionamento do ministro Marco Aurélio
Mello de conhecimento público, já que ele votou a favor da
desaposentação em setembro de 2010.
Há dois anos a constitucionalidade do direito de ter recalculado o
benefício de quem voltou à ativa aguarda votação no STF. Em dezembro de
2011, o Supremo reconheceu a existência de repercussão geral da causa.
Em outras palavras, os ministros entenderam que a desaposentação é
questão de interesse social.
Em todo o País, são cerca de 70 mil ações correndo na Justiça para
garantir o direito. Para o presidente da Confederação Brasileira dos
Aposentados e Pensionistas (Cobap), Warley Martins, no entanto, a volta
do pecúlio seria retrocesso histórico na luta pelos direitos dos
aposentados. “O segurado perderia proteção maior e completa, até o fim
de sua vida. Tudo tem que ser conversado”, criticou.
AÇÃO CONTRA DESCONTOS
INCONSTITUCIONALIDADE
A Federação das Associações dos Aposentados e Pensionistas do Estado
do Rio de Janeiro (Faaperj) planeja entrar com uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF). A ADI
questionará a contribuição obrigatória ao INSS imposta aos aposentados
que voltaram ao mercado de trabalho com carteira assinada.
DUPLO DESCONTO
Segundo o assessor jurídico da federação, João Gilberto Pontes, os
segurados são duplamente prejudicados com os descontos no salário.
Primeiro porque precisam voltar à ativa para recompor o orçamento, já
que os benefícios estão defasados. E, segundo, pelo fato da contribuição
ao INSS, não garantir nenhuma proteção a mais.
MENOS DIREITOS
Hoje, mesmo contribuindo com o INSS, aposentados que voltaram ao
mercado não têm direito às proteções do auxílio-doença ou acidente. Isso
porque, a Previdência impede que o segurado mantenha dois benefícios de
maneira simultânea.
PECÚLIO
Recurso extinto em abril de 1994, o pecúlio é uma espécie de
indenização paga pelo INSS no momento em que o aposentado decidir parar
de trabalhar de vez.
QUASE R$ 3 BILHÕES
Segundo o secretário de Políticas Públicas da Previdência Social,
Leonardo Rolim, se a troca da aposentadoria atual por outra, que
contabilize os anos a mais no mercado, for aprovada, o governo terá de
desembolsar, por ano, R$ 2,8 bilhões. Para cada segurado seriam em média
R$ 5,6 mil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário