Foto: Edição/247
E não é pouca coisa: são mais de 100 imóveis adquiridos em sete anos; ex-diretor do Aprov, Hussain Aref Saab é suspeito de enriquecimento ilícito e irregularidades na aprovação de empreendimentos imobiliários dentro da administração municipal de São Paulo
A ação foi proposta pelo promotor de justiça Silvio Antonio Marques. De acordo com o promotor, o pedido reclama que a justiça torne indisponíveis os bens do ex-diretor, dos seus dois filhos, da mulher dele e da empresa. Para o Ministério Público, há incompatibilidade entre o patrimônio e o salário do servidor, que era de cerca de R$ 20 mil.
Durante a maior parte da gestão Gilberto Kassab na prefeitura da capital (entre 2005 e 2012), Aref foi o homem responsável pela liberação de empreendimentos imobiliários de médio e grande porte na cidade. Nesse período, adquiriu 106 imóveis e acumulou patrimônio de mais de R$ 50 milhões. Só foi afastado da administração após o suposto esquema ser denunciado pela imprensa.
O promotor Silvio Antonio Marques afirmou que também abrirá inquéritos civis para apurar a liberação de obras irregulares em cinco shoppings da cidade, entre os quais Higienópolis e Pátio Paulista. A liberação teria ocorrido após pagamento de propina ao auxiliar de Kassab.
De acordo com investigação do MP, uma ex-diretora financeira da Brookfield Gestão de Empreendimentos (BGE) afirmou que a multinacional pagou R$ 1,6 milhão em propina, entre 2008 e 2010, com o intuito de liberar obras irregulares nos shoppings Higienópolis e Paulista, em São Paulo.
Daniela Gonzalez, que foi demitida da BGE até dezembro de 2010, afirma que a propina foi paga para Hussain Aref Saab e ao vereador Aurélio Miguel (PR). As propinas eram pagas por duas empresas contratadas pela multinacional, segundo a denúncia.
A Brookfield Gestão de Empreendimentos S.A. divulgou nota na quinta-feira na qual afirma que "desconhece os supostos atos de suborno e corrupção para com o poder público e que "decorrem de especulações e denúncias infundadas feitas por uma ex-diretora que, por ter praticado uma série de irregularidades durante sua gestão, está sendo alvo de uma investigação criminal." A empresa afirma que Daniela foi demitida em 2010 por ter concedido um aumento de salário a si própria.
O advogado do ex-diretor, Augusto de Arruda Botelho, disse negar "veementemente essas inverdades", e acrescentou que irá processar Daniela. "É uma denúncia infundada, desesperada, com fins financeiros", afirmou Botelho. Ainda segundo ele, Saab nunca teve contato com Daniela Gonzalez.
O vereador Aurélio Miguel afirmou que repudia "veementemente as falsas informações" veiculadas. "Estou indignado por me ver envolvido em algo que tenho insistentemente combatido desde os meus tempos de atleta: a corrupção. Estão desejando me calar, pois tenho sido uma das raras vozes de oposição ao atual governo municipal de São Paulo. Não irão conseguir", disse o vereador, em nota.
Aref foi exonerado a pedido depois que a Corregedoria da Prefeitura de São Paulo abriu investigação contra ele para investigar suposto enriquecimento ilícito – ele teria adquirido mais de 100 apartamentos enquanto esteve na Prefeitura. Ele também é investigado pelo Ministério Público.
O advogado de Saab disse que seu cliente teria adquirido 77 imóveis no período. Segundo ele, os bens do ex-diretor foram adquiridos de forma legal.
Empresários que já venderam apartamentos para Saab foram ouvidos pelo Ministério Público durante as investigações. Segundo a promotoria, todos confirmaram que os imóveis foram pagos à vista, em dinheiro, pelos valores declarados nas escrituras. Um dos depoimentos chamou a atenção dos promotores.
O dono de um imóvel na Chácara Flora, na Zona Sul, declarou que após vender o apartamento para Hussain Aref conseguiu uma licença do Aprov para regularizar a empresa que possui. Ele negou que tenha pago propina. E justificou que vendeu por apenas R$ 200 mil o apartamento que havia comprado por R$ 841 mil, porque estava muito endividado. Os promotores não acreditaram nessa parte do depoimento.
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