O choque de gestão implantado por Aécio Neves corre o risco de se transformar em curto-circuito
A impressão que fica após a sua leitura é que o Choque de Gestão virou Curto-Circuito.
Precisamos ressalvar que temos uma baita crise econômica pela frente. Com um detalhe: ela já nos atingiu em cheio!
Não vou discorrer sobre isso, até porque já está nos jornais. E não adianta tampar o sol com a peneira. Ela já está aí.
Enquanto continuarmos pensando ser Minas uma ilha isolada, desconectada do País e do mundo, com os gravames da composição estrutural negativa da nossa produção, vamos continuar sendo uma economia de 5ª categoria, colonial, periférica e, pior, a reboque.
Minas não tem mais empresas de Minas, tem unidades produtoras aqui instaladas.
O que restou são empresas em Minas, sem nenhuma ou pouca/reduzida capacidade de decisão ou de tomada estratégica. De pouca expressão nacional.
Concluímos e vamos divulgar em breve, o XVI Ranking das Empresas Mineiras, quando analisamos mais de 3000 balanços de empresas estabelecidas aqui.
Percebo que não temos “nenhum projeto econômico de envergadura”, capaz de, pelo menos, provocar o início de uma inversão do status quo econômico com que somos prisioneiros seculares. Se bobearmos, vamos começar a comemorar com galhardia, pompa e circunstância, apenas e daqui pra frente, a inauguração de vários carrinhos de pipoca, de algodão doce etc – como se esses fossem soluções e caminhos gerais para o nosso Estado.
Não conseguimos transbordar mais nossas ideias e opiniões para fora. Não é mais a questão ou impeditivo das alturas geográficas e das nossas várias montanhas,
é, em grande parte, a falta de meios de comunicação que não saem de nossas fronteiras e que estão literalmente compromissados pela avalanche das ricas e abundantes verbas publicitárias distribuídas sem critérios, que insitem em permanecer misteriosas, não transparentes. Elas calam Minas, antes de tudo!
Não podemos ignorar Minas como a origem do Mensalão.
Com raras exceções, não temos mais nem geração de novos empresários. São poucos os empresários mineiros que sobreviveram.
O processo de transferência de sedes de empresas mineiras e de outras que foram adquiridas, precisa ser melhor compreendido.
Ainda bem que temos o privilégio de contar, ainda, com alguns valorosos empresários, a exemplo do Murillo Mendes, Salim Mattar, Modesto Araujo, Lúcio Costa, Alair Martins, Rubens Menin, Ricardo Eletro, Ricardo Valadares Gontijo, Luiz Alberto Garcia, Domingos Costa, Modesto Araujo, Robson Andrade, Eduardo Borges, Aguinaldo Diniz, Sérgio Cavalieri e Olavo Machado, Vitorio Medioli, Abílio Gontijo, Flávio Pentagna, Fábio e Francisco Guerra, além de alguns outros poucos que cabem na palma das mãos, que teimam e insistem sobreviver nestes cenários contrários. Eu os louvo, admiro e os homenageio como os Tiradentes dos tempos modernos de Minas!
Minas continua exportadora de minérios e mineiros.
Cabe destacar, no entanto, que hoje, aqui Minérios e Mineiros, só têm valor quando deixam Minas!
Esta realidade precisa ser mudada, urgente.
Enquanto o governo estadual busca condenar a atual estrutura dos royalties dos minérios, calamo-nos vergonhasamente diante da inconstitucional e absurda relação da distribuição dos royalties do petróleo, desfrutados por alguns poucos estados e municípios privilegiados. Este sim, é um grande absurdo e aberração nacional, que Minas deveria liderar, rebelar, não transigir e boicotar.
Não denunciamos e nos acomodamos diante da obsoleta e vergonhosa estrutura tributária, em que se rasga literalmente o Pacto Federativo. Todos os Estados são hoje prisioneiros, reféns da União, que abocanha 2/3 da arrecadação nacional e a sua distribuição vem se constituído numa das maiores benesses à corrupção.
Nem a Coroa Portuguesa, com a Derrama e tudo mais, ousou tanto em decisão e concentrou tanto poder político nesse sentido!
A recente campanha do governo mineiro lançada a favor da busca de um pretenso aumento dos royalties minerários é, na minha opinião, uma visão de curto prazo,
ensimesmada, pequena, tacanha e vergonhosa. Está na contramão da nossa história e, ao contrário, outra deveria, isto sim, sugerir e incentivar uma insurreição contra
esta verdadeira derrama tributária que se pratica contra a sociedade e os seus meios de produção. E pedir uma melhor e justa redistribuição da arrecadação tributária,
atualmente a maior de toda a história, e uma das mais elevadas de todo o mundo. Com um detalhe: com baixíssimo retorno aos contribuintes e à sociedade!
A campanha do governo de Minas ao que parece, assim como aquela que é empreendida pela Assembleia Legislativa de Minas a favor da renegociação da dívida estadual (e
que não é de sua competência nem decisão), visa muito mais agradar os meios de comunicação locais – com raríssimas excepcionalidades, com abundantes verbas publicitárias, do que qualquer outra coisa.
Não podemos condenar a mineração. Ao contrário, devemos nos reconciliar com ela, com novas propostas sinergéticas, pontuais, modernas, parceiras e com visão de futuro.
Sem a mineração Minas não justifica nem o seu próprio nome e grandeza! A mineração tem de se tornar a grande parceira do desenvolvimento de Minas, com uma visão mais precisa, consentânea e dinâmica em relação ao futuro.
Deveriamos, sim, gritar contra a vergonhosa e precária situação de nossos aeroportos, portos, estradas, saúde, e, principalmente, contra a revoltante e precária educação, não inclusiva e despropositada em termos de conteúdo e objetivo final.
Nem contra a ridícula situação das pixações de prédios, todo o acervo, e capital social básico, além de outros, somos capazes de mostrar resistência. Há uma visível epidemia social, a do crack, que já contamina todas as principais cidades e áreas metropolitanas.
E, a tudo isso, aceitamos, toleramos, estamos inertes, sem reação. Porque o estado inexiste, o poder público parece desaparecido, inerte, esgotado!
Trata-se, enfim, de um quadro muito ruim, péssimo.
E o constrangimento é que Minas não está melhor e está sonolenta. Nem mais é exemplo e tem muito pouco a declarar ou a exibir! Pouquíssima a mostrar ou
a requisitar, a exigir qualquer coisa.
Vamos ficar por aqui.
O diagnóstico mais direto é que Minas já não é mais a mesma.
E entendo que precisa mudar, concisa e rápida, como pioneira de atitudes novas, como as que sempre liderou e inspirou antes, ao futuro da Nação Brasileira.
Mercado Comum que, a partir do próximo mês, inicia o seu 20º ano de circulação, não tolerará nem mais se calará diante desses absurdos. E as
nossas edições procurarão despertar a consciência em busca de uma nova sociedade, melhor e justa. Com um novo caminho, sempre buscando a direção do progresso consistente, constante e vigoroso.
Tudo isso, de uma forma independente, isenta e séria, que se constituem a nossa grande identidade.
Conto com vocês.
Vamos acordar Minas e o Brasil!
Peço que repassem esta mensagem a todos que amam Minas e o Brasil, e que acreditam ser possível mudar, para melhor.
Carlos Alberto Teixeira de Oliveira
Presidente/Editor Geral de MercadoComum-
Revista Nacional de Economia e Negócios e
da ASSEMG-Associação dos Economistas de Minas Gerais
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