sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Aécio entra no seleto clube de José Serra, ao declarar guerra de ódio a Lula



O senador Aécio Neves (PSDB) fez jogo duplo. Por um lado colocou uma tropa de choque tucana para fustigar o golpe paraguaio em cima do presidente Lula. Por outro, ficou escondido atrás da moita para se preservar. Se desse certo, apontaria a cabeça, colhendo os louros. Se desse errado, apontaria a cabeça dizendo que "não avalizou" a tropa de choque.

Na terça-feira (6), a tropa de choque tucana, composta pelo senador Álvaro Dias (líder do PSDB no Senado, que fala pelo partido), o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), o deputado Mendes Thame (PSDB-SP) e Vanderley Macris (PSDB-SP), marchou junto com o PPS até a Procuradoria-Geral da República, para entregar uma representação pedindo ao Procurador-Geral para investigar o presidente Lula, por conta de uma "reporcagem" da revista Veja sobre um depoimento de Marcos Valério ao próprio Procurador-Geral.

Do ponto de vista jurídico tal representação é até uma ofensa ao Ministério Público, pois seria como pedir para não prevaricar. Afinal, se houvesse alguma denúncia fundamentada de Valério, contra quem quer que seja, o dever da Procuradoria seria investigar.

Por isso o gesto foi mera declaração de guerra à Lula, para demarcar o apoio político do PSDB a um golpe paraguaio, que consiste em cassar Lula no tapetão do judiciário. Dessa forma a única candidata a ser derrubada em 2014 pela oposição seria a presidenta Dilma, sem Lula no "banco de reservas".

Não existe a menor possibilidade disso tudo ter sido feito dentro do PSDB sem o sinal verde de Aécio, pois se fosse contra a vontade dele, ele teria se manifestado publicamente contra, antes.

As digitais de Aécio dando sinal verde à declaração de guerra contra Lula, ficaram expostas com a publicação na véspera (dia 5), de um artigo no site do PSDB mineiro, cobrando a investigação sobre o presidente Lula.

http://www.psdb-mg.org.br/agencia-de-noticias/mensalao-muito-ainda-a-investigar
Passada a euforia do porre, vem a ressaca.

Nos dias seguintes houve uma reviravolta no noticiário. Primeiro viu-se que não há consistência nos ataques ao presidente Lula. O nome dele é apenas citado e usado por advogados para provocar confusão, e pela oposição para incitar o golpismo e o ódio. Nunca encontraram nada contra ele, apesar das exaustivas investigações desde 2005, porque não existe.

Por outro lado, apesar de poucos jornalistas publicarem, todo mundo já sabe que aquilo que Marcos Valério teria a oferecer de interesse para uma delação premiada são fatos entre 1999 e 2002, ainda obscuros, e que atingem tucanos. Foi devassada a atuação de Valério na campanha tucana de Azeredo em 1998 e depois pulou para 2003, com o governo do PT já eleito. Falta esclarecer a atuação no governo FHC e na eleição de 2002, quando Aécio elegeu-se governador. Também nunca foi investigado os contratos de Valério com o governo Aécio, já eleito, que vigoraram até 2005.

Vendo que o golpe paraguaio contra Lula tentado pela revista Veja se esvaziou, e os holofotes voltaram-se para as ligações de Valério com o próprio Aécio, o tucano percebeu o tiro no pé e recuou:

http://goo.gl/3wkun
Agora parece ser tarde demais para se arrepender.

Aécio entrou no seleto clube de José Serra (PSDB).

Aquele clube de quem faz política de perseguição e ódio, voltada para os 4% do povo brasileiro que odeia Lula. Além disso atraiu para si a cobrança dos lulistas por investigações sobre o mensalão tucano no período Aécio, após 1998.

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