quarta-feira, 16 de maio de 2012

Reportagem: assim se faz um escracho


“Rôney Rodrigues narra: como são preparadas manifestações-relâmpago em que jovens denunciam ex-torturadores onde moram, para exigir verdade sobre ditadura

Rôney Rodrigues, Outras Palavras

Quem hoje vê o senhor Maurício Lopes Lima, 76 anos, com seus cabelos brancos e pele enrugada – já distante da altivez da foto antiga, clicada há quase quarenta anos – possivelmente não desconfia que ele é acusado pela morte de, no mínimo, seis pessoas e a tortura de outras vinte, durante a ditadura militar.

Os moradores que caminham por seu bairro, na praia da Astúrias, no Guarujá, tampouco devem desconfiar que esse tenente-coronel reformado era do alto-escalão do Departamento de Operações de Informação dos Centros de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) e da Operação Bandeirante – um grupo especializado na caça de organizações que se opunham à ditadura –, chefiando equipes de busca e interrogatórios entre 1969 e 1971.

Também nem deve passar por suas cabeças que uma recente decisão do Tribunal Regional Federal (TRF), que o livrou de ser processado por acusações de tortura, poderia afetar seu humor pela manhã, deixando-o mais radiante e com um “bom dia” mais efusivo, crente que, agora, “está começando a se fazer justiça”.

Nem devem imaginar que, em janeiro de 1970, Maurício Lopes Lima comandou a prisão de Dilma Rousseff, torturada quando era apenas Estela, uma das lideres da organização VAR-Palmares.

É, olhando para um senhorzinho como o reformado tenente-coronel Lima, passeando pelas ruas de veraneio do Guarujá não dá para supor muita coisa.

Não é possível supor, mas a memória resiste e esse senhorzinho ainda é acusado de assassinatos e crimes que ferem os direitos humanos durante a ditadura militar – denuncias presentes, inclusive, no dossiê Brasil: Nunca Mais. Como no caso de Dilma. Cinco meses depois de sua prisão, ela deu um depoimento à Justiça Militar, em Juiz de Fora, revelando que Lima chefiou e presenciou suas sessões de tortura, que incluíam choques elétricos, pau-de-arara e palmatória.”
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