sábado, 12 de maio de 2012

CPMI do Cachoeira: Perillo em baixa, Agnelo sobe, e Gurgel sob fogo

Com o depoimento na CPMI do Cachoeira do delegado da Polícia Federal, Matheus Mela Rodrigues, a situação do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) se agravou. O delegado confirmou tudo o que já vinha sendo vazado na internet, desde nomeações no governo por Cachoeira, até entrega de pacote de dinheiro no palácio das Esmeraldas a assessor, e confirmou a intimidade de Perillo com Cachoeira, em telefonema de aniversário.
Disse apenas que não ficou comprovado crimes diretos do governador, até porque governadores e parlamentares não eram alvos da investigação. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) saiu assustado com o que ouviu, defendendo a convocação urgente de Perillo. Apesar de concordar com a gravidade, quem atuou como bombeiro foi o relator Odair Cunha (PT-MG). Ele acha cedo para convocar Perillo. Prefere ouvir antes o próprio Cachoeira.
Em seu depoimento, o delegado confirmou também o que já saiu nos blogs. Cachoeira infiltrou-se em assessorias do governo do Distrito Federal, em escalões inferiores, mas não conseguiu o envolvimento do governador Agnelo Queiroz (PT) em suas maracutaias. Como tem foro privilegiado, cabe a CPI e ao Procurador-Geral pedir investigações mais aprofundadas sobre o assunto.
Em entrevista à TV Record, Agnelo disse que "as tentativas de Cachoeira em entrar no DF foram frustradas. Não existe um (único) negócio deles com o governo do DF. Isso fez com que o governo se transformasse em um obstáculo para eles. Portanto, eles partiram para nos derrubar."
Mas a oposição quer convocá-lo para empatar o jogo, diante da convocação de Perillo.

Mão no fogo por Gurgel

Depois das declarações que deu ao Jornal Nacional, associações de Procuradores apoiam o Procurador-Geral da República (PGR) Roberto Gurgel. O ministro Joaquim Barbosa (STF) também.
Cabe lembrar que os senadores, em peso, também apoiaram Demóstenes Torres em seu primeiro discurso de defesa no Senado. Quando se deram conta do que ele fez de fato com Cachoeira, deu no que deu, e se sentiram enganados.
Os fatos que têm vindo à público a partir do depoimento dos delegados da PF, indicam que a Operação Vegas da Polícia Federal foi sim engavetada por Gurgel. E a seguinte, operação Monte Carlo, não foi continuação da primeira, como o PGR alegou. Um documento do Ministério público de Goiás, mostra que a Monte Carlo foi iniciada por ofício do órgão goiano e não por encaminhamento da Procuradoria-Geral-da-República.
Quando o relatório da operação Monte Carlo caiu no colo de Gurgel, só então ele desengavetou a outra, e juntou as duas. Está mal explicado. Tem um hiato de 11 meses entre uma operação e outra, durante o ano de 2010, em pleno período eleitoral, em que as investigações ficaram paradas.
Até deputados do PSDB e DEM querem explicações, só que sem convocação. Aceitam por escrito, conforme sugeriu Odair Cunha.

Fogo-amigo?

Nos bastidores do judiciário, declarações de apoio de qualquer ministro do STF deve dar prestígio.
Mas colocar Gilmar Mendes no "Jornal Nacional" por longos segundos, defendendo Roberto Gurgel, aí já vira fogo-amigo contra o PGR. Se o objetivo era ganhar a opinião pública, foi um tiro no pé, já que o ex-presidente do STF não desfruta de uma popularidade alta.

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