Data: 17/10/2012
Fonte: (Veiculado pelo Correio da Cidadania a partir de 17/10/12)
Colunista: Paulo Metri
Fonte: (Veiculado pelo Correio da Cidadania a partir de 17/10/12)
Colunista: Paulo Metri
Paulo Metri– conselheiro da Federação Brasileira de Associações de
Engenheiros e do Clube de Engenharia Mesmo não tendo saber jurídico
algum, posso usar a livre interpretação das questões políticas no
emaranhado de informações do momento atual.
Cultura jurídica em pessoas de mau caráter, combinação infelizmente existente, não ajuda a conscientização da sociedade.
Apesar de compreender o raciocínio da teoria do domínio do fato, é
óbvio que se entra no terreno das alternativas probabilísticas, não
existindo a certeza absoluta.
No fundo, se está dizendo, sobre aqueles poucos para os quais não se
tem prova concreta de participação no delito, que a maior probabilidade
é que eles sejam culpados.
Então, esta condenação é baseada na concepção subjetiva da culpabilidade.
Quantas condenações à morte nos Estados Unidos foram baseadas na
alternativa mais provável de ocorrência de algum fato e, com o passar
do tempo, tecnologias mais avançadas de investigação ficaram
disponíveis, como os testes de DNA, e foram aplicadas a estes casos
passados, comprovando que o menos provável tinha acontecido?
Tomo a liberdade de explicar o conceito de probabilidade, por acreditar
ser elucidativo. Se um experimento com alta probabilidade de
ocorrência de determinado resultado for repetido um grande número de
vezes, na maioria delas dará o esperado.
Entretanto, o não esperado, um resultado diferente, também ocorrerá.
Em menos vezes, mas ocorrerá. A proteção às minorias, na nossa
sociedade, é uma das mais belas conquistas da humanidade. Não é por
outra razão que a tese da presunção do acusado dizer a verdade, quando
não há prova alguma em contrário, é de extremo valor humano.
Outro ponto que agride minha compreensão é o por que de se ter
esquecido de averiguar mais e julgar o mensalão mineiro, a compra do
voto do ex-deputado Ronivon Santiago para a reeleição, a Operação
Castelo de Areia, a Satiagraha e tantas outras.
Um marciano inteligente, recém-chegado a Terra, que estiver recebendo
informações sobre o espetáculo do julgamento, sem nenhuma distorção dos
fatos, poderá exclamar: “Parece até perseguição! O que o pessoal do
suposto mensalão tem de diferente deste outro povo?”
O processo do chamado mensalão tem algo especial, sim! A apresentação
pela mídia do julgamento, de tão ardilosa que foi, poderá resultar na
intenção da grande massa de não mais votar em um representante do grupo
para a presidência da República.
Entretanto, os leitores podem pensar que estou pregando clemência para
os autores do desvio de recursos públicos. Absolutamente, não! É
louvável que os ministros do Supremo estejam buscando apurar a verdade e
julgar.
De forma espetacular, sob constrangimentos causados pela mídia, mas
dentro do que era esperado deles. Em grande parte, o apurado pelos
ministros é a mais pura verdade! E aqueles que tiverem suas culpas
comprovadas devem ser sentenciados, sem sombra de dúvidas.
Por outro lado, sei que os ministros do Supremo, equânimes que são,
irão julgar o suposto mensalão mineiro e a compra de votos em 1997 para
reeleição, de forma que o fim dos julgamentos se dará exatamente na
semana que irá preceder o primeiro turno da eleição presidencial de
2014. Sei também que a sorte do ministro Joaquim Barbosa irá ocorrer de
novo, pois será escolhido como relator destes novos processos e
brilhará mais uma vez usando o conceito do domínio do fato.
A classe dominante brasileira, através da sua sempre aliada, quiçá um
dos seus próprios tentáculos, grande mídia comercial, aproveitou e
transformou o julgamento recente em arma política, pois expandiu a
culpa, baseada na suposição da tese do domínio do fato ser verdadeira.
A verdade é que o grupo que transformou os dez anos, que começaram em
2003, na década aproveitada, em contraposição à década perdida dos anos
90, graças, em muito, ao governo de Fernando Henrique Cardoso, não faz
parte desse processo, a menos José Dirceu, que é o maior estrategista
do grupo. Por isso, havia a preocupação da classe dos donos do capital
de tê-lo atrelado ao processo.
Notem até que a periodicidade mensal e o envolvimento de grande número
de integrantes do PT não foram provados. Informação preciosa para os
pouco atentos, para entender o que se passa.
O governo da década aproveitada retirou dezenas de milhões de pessoas
da miséria, mas, a miséria é necessária na visão da classe
privilegiada.
Portanto, para eles, este fato tinha que ser combatido, de qualquer
forma, para não continuar a distribuição de renda, imaginando que este
contingente fora da miséria é menos manipulável politicamente, o que é
verdade.
Neste momento, forças estrangeiras se aliam à classe dominante, com a
aceitação desta, pois querem se apossar das nossas riquezas. E as
forças estrangeiras não têm nenhum escrúpulo quanto a manipular a
população politicamente.
Assim, o que assistimos nestes dias foi exatamente mais um capítulo da
luta de classes no Brasil. A classe abastada teve uma vitória no seu
plano maquiavélico. Resta saber se o povo não está consciente da
manipulação que buscam com ele fazer. Visite:
http://www.paulometri.blogspot.com.br/http://www.aepet.org.br/site/colunas/pagina/303/Reflexes-sobre-o-julgamento-do-dito-mensalo
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