Saul Leblon Carta Maior
Quem achava que depois da caça ao kit gay estaria esgotado o estoque de excrescências desta campanha, errou. A quatro dias das eleições municipais de 2012, Serra revira seus guardados no saco do desespero. Elege um truque por dia. Enfia os pés pelas mãos. Como se tentasse correr na areia movediça, transforma sua campanha num atoleiro. Desta vez foi fundo demais.
Os impulsos que o desespero desencadeia provocam calafrios em círculos tucanos mais serenos. A essa altura, tudo o que pedem é que o 28 de outubro chegue logo.
Nesta terça-feira, em entrevista à amigável rádio CBN (emissora das organizações Globo), o candidato que trouxe o obscurantismo religioso ao centro da disputa, ungindo Silas Malafaia em assessor para os bons costumes, metabolizou Cesare Lombroso.
O tucano – se eleito – pretende criar nada menos que um programa de monitoramento de jovens com ‘propensão’ para cometer crimes.
Em resumo, criminalizar antes aqueles que se considere potencialmente criminosos.
Como? Acompanhe. Seria um braço da Febem agindo, secretamente supõe-se, dentro das escolas das periferias, naturalmente.
Objetivo: vigiar jovens que, nas palavras do candidato José Serra: “Ainda não entraram para o mundo do crime (frise-se o ‘ainda’), “mas que podem ter propensão para isso”.
E arremata, algo assustador: ” Vamos fazer um trabalho preventivo, de identificar quem tem potencial para ir para o crime ou para a droga”
O teor de higenismo social intrínseco a esse projeto deixa o feito anterior de Serra, as rampas anti-mendigo, lançadas quando passou pela prefeitura em 2006, no chinelo das aberrações conservadoras. Que não são poucas.
Alguém já pesou isso antes.
Combater o crime identificando preventivamente o criminoso foi o propósito do criminologista e psiquiatra italiano, Cesare Lombroso (1835-1909), que se dedicou ao estudo da antropologia criminal.
Serra, se eleito, poderá queimar etapas e recorrer à tipificação antropológica feita por Lombroso. O propósito de ambos é o mesmo: liquidar o mal pela raiz.
A raiz, como se sabe da visão conservadora, está no indivíduo, não na sociedade; esta deve ser preservada.
Os famintos são culpados pela sua fome, não as instituições.
O desemprego só existe porque os preguiçosos se recusam a pegar no batente pelo salário disponível no mercado autorregulável . Etc.
Antes que a juventude pobre cause embaraços –e a exemplo do que se pretendeu com as rampas anti-mendigo, instaladas sob viadutos e calçadas de bairros elegantes — vamos então tipificá-la.
A coisa começa por aí.
O precursor italiano de Serra, Cesare Lombroso, apregoava que o delinqüente possuía características natas, tais como: protuberância occipital, órbitas grandes, testa fugidia, arcos superciliares excessivos, zigomas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente longos, mãos grandes, orelhas grandes etc etc
Desenvolvida a partir da observação de prisioneiros e internos em manicômios, a teoria lombrosiana define que a biologia estampa o destino social do ser humano. Deixa tudo mais fácil: a pessoa é vigiada e punida pelo que a fisionomia antecipa que será a sua sorte. Sem nuances ou mediações históricas.
Assim como as prisões em que Lombroso concluiu sua ‘tipificação’, as escolas das periferias em que Serra pretende vigiar também estão lotadas de pobres.
Serra, a exemplo de seguidores de Lombroso, não tardará assim a identificar nos pobres as características congênitas do crime e do criminoso.
O resto deixa com o Coronel Telhada.
O vereador eleito pelo PSDB, famoso comandante linha dura da Rota, foi elogiado recentemente por Serra.O tucano identificou no trabalho de quem perdeu a conta de quantos matou um esforço “comprometido com os direitos humano’ .
Do que mais será capaz esse astuto rapaz? Oremos pelo dia 28.
Quem achava que depois da caça ao kit gay estaria esgotado o estoque de excrescências desta campanha, errou. A quatro dias das eleições municipais de 2012, Serra revira seus guardados no saco do desespero. Elege um truque por dia. Enfia os pés pelas mãos. Como se tentasse correr na areia movediça, transforma sua campanha num atoleiro. Desta vez foi fundo demais.
Os impulsos que o desespero desencadeia provocam calafrios em círculos tucanos mais serenos. A essa altura, tudo o que pedem é que o 28 de outubro chegue logo.
Nesta terça-feira, em entrevista à amigável rádio CBN (emissora das organizações Globo), o candidato que trouxe o obscurantismo religioso ao centro da disputa, ungindo Silas Malafaia em assessor para os bons costumes, metabolizou Cesare Lombroso.
O tucano – se eleito – pretende criar nada menos que um programa de monitoramento de jovens com ‘propensão’ para cometer crimes.
Em resumo, criminalizar antes aqueles que se considere potencialmente criminosos.
Como? Acompanhe. Seria um braço da Febem agindo, secretamente supõe-se, dentro das escolas das periferias, naturalmente.
Objetivo: vigiar jovens que, nas palavras do candidato José Serra: “Ainda não entraram para o mundo do crime (frise-se o ‘ainda’), “mas que podem ter propensão para isso”.
E arremata, algo assustador: ” Vamos fazer um trabalho preventivo, de identificar quem tem potencial para ir para o crime ou para a droga”
O teor de higenismo social intrínseco a esse projeto deixa o feito anterior de Serra, as rampas anti-mendigo, lançadas quando passou pela prefeitura em 2006, no chinelo das aberrações conservadoras. Que não são poucas.
Alguém já pesou isso antes.
Combater o crime identificando preventivamente o criminoso foi o propósito do criminologista e psiquiatra italiano, Cesare Lombroso (1835-1909), que se dedicou ao estudo da antropologia criminal.
Serra, se eleito, poderá queimar etapas e recorrer à tipificação antropológica feita por Lombroso. O propósito de ambos é o mesmo: liquidar o mal pela raiz.
A raiz, como se sabe da visão conservadora, está no indivíduo, não na sociedade; esta deve ser preservada.
Os famintos são culpados pela sua fome, não as instituições.
O desemprego só existe porque os preguiçosos se recusam a pegar no batente pelo salário disponível no mercado autorregulável . Etc.
Antes que a juventude pobre cause embaraços –e a exemplo do que se pretendeu com as rampas anti-mendigo, instaladas sob viadutos e calçadas de bairros elegantes — vamos então tipificá-la.
A coisa começa por aí.
O precursor italiano de Serra, Cesare Lombroso, apregoava que o delinqüente possuía características natas, tais como: protuberância occipital, órbitas grandes, testa fugidia, arcos superciliares excessivos, zigomas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente longos, mãos grandes, orelhas grandes etc etc
Desenvolvida a partir da observação de prisioneiros e internos em manicômios, a teoria lombrosiana define que a biologia estampa o destino social do ser humano. Deixa tudo mais fácil: a pessoa é vigiada e punida pelo que a fisionomia antecipa que será a sua sorte. Sem nuances ou mediações históricas.
Assim como as prisões em que Lombroso concluiu sua ‘tipificação’, as escolas das periferias em que Serra pretende vigiar também estão lotadas de pobres.
Serra, a exemplo de seguidores de Lombroso, não tardará assim a identificar nos pobres as características congênitas do crime e do criminoso.
O resto deixa com o Coronel Telhada.
O vereador eleito pelo PSDB, famoso comandante linha dura da Rota, foi elogiado recentemente por Serra.O tucano identificou no trabalho de quem perdeu a conta de quantos matou um esforço “comprometido com os direitos humano’ .
Do que mais será capaz esse astuto rapaz? Oremos pelo dia 28.
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