domingo, 28 de outubro de 2012

Violência: Dilma quis ajudar. Alckmin disse não

247 – São Paulo viveu ontem uma de suas noites mais sangrentas, com 11 mortes e uma chacina em Carapicuíba, cidade que faz parte da região metropolitana. Na Grande São Paulo, o número de homicídios em 24 horas, vinte ao todo, foi três vezes maior do que a média diária. Em Osasco, também na Grande São Paulo, bandidos impuseram toque de recolher ao comércio.
Em meio à escalada da violência, uma informação assombrosa: o governo federal ofereceu uma proposta de colaboração ao governo estadual, que foi rechaçada. A informação está publicada no topo da coluna Painel de Vera Magalhães, na Folha:
Canal interrompido
Diante da escalada na criminalidade em São Paulo, Dilma Rousseff enviou emissários para conversas com o secretário de Segurança do Estado, Antonio Ferreira Pinto, há cerca de 40 dias. Segundo interlocutores do Planalto, foi oferecida ajuda na capital, além de informações de inteligência, mas o diálogo não prosperou. Representantes de Geraldo Alckmin acusam o governo federal de omissão no combate ao narcotráfico e contrabando de armas nas fronteiras, suas prerrogativas.
Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, não há nada de anormal na escalada de violência paulistana, que ocorre em meio a confrontos entre policiais militares e integrantes do Primeiro Comando da Capital, o PCC. "O índice de crimes varia como uma onda. A estratégia do governo não está errada, ela está corretíssima. Vários autores de homicídios foram presos e vão nos dizer qual a motivação do crime. O combate feito pelos policiais é efetivo e temos certeza de que vamos reverter esse quadro."
Muitos, no entanto, já veem bem mais do que uma onda: quase uma tsunami. Só neste ano 70 policiais militares já foram assassinados em São Paulo. E ainda que as autoridades não queiram alarmar a população, as explicações soam “fantasiosas”, ampliando a sensação se insegurança, segundo editorial da própria Folha. Leia abaixo:
Violência em alta
Estatísticas de homicídios disparam em São Paulo, no mês de setembro, e precisam ser mais bem explicadas pelas autoridades do Estado
Setembro não trouxe notícias alvissareiras para São Paulo em matéria de estatísticas de segurança pública. Dados oficiais relativos ao mês passado indicaram uma elevação de 27% nos registros de homicídios dolosos no Estado, em relação ao mesmo mês de 2011.
Na capital, que tem um quarto da população paulista, o quadro é mais crítico. O aumento dos homicídios verificado em setembro foi de 96%, na comparação com esse mês do ano passado.
Nem tudo, porém, piorou. Apurou-se, por exemplo, significativa queda nos roubos de carga (23%). E caiu também a incidência de "outros roubos" (11%), quesito que exclui cargas e veículos.
Tais progressos, no entanto, não alteram a tendência de recrudescimento da violência em 2012. Se no Estado a piora tende a ser mais discreta, o mesmo não se aplica à capital. Com efeito, nos primeiros nove meses do ano, as ocorrências de homicídio cresceram 8% em âmbito estadual; já na cidade de São Paulo, constatou-se um salto de 22%. Bem menos que a cifra isolada de setembro (96%), mas ainda assim inquietante.
Os números demandam atenção. A drástica queda dos assassinatos na última década colocou São Paulo numa posição de destaque em plano nacional. A taxa de homicídios por grupo de 100 mil habitantes, que era de 35,27, em 1999, despencou para 10,8 em 2008.
Nos últimos quatro anos as ocorrências vêm se mantendo, com pequenas variações, no mesmo patamar. Por um lado, trata-se de uma conquista. As estatísticas indicam uma consolidação da queda dos assassinatos num patamar que, se ainda é alto para padrões de nações desenvolvidas, representa menos da metade da média nacional.
Pode-se, porém, observar com apreensão as dificuldades do governo do Estado em obter novas reduções, sinal de que os esforços na área precisam ser revigorados.
Tal impressão é acentuada pelo fato de os números da capital revelarem-se piores que os do Estado, num quadro de aparente acirramento do confronto, nela, entre a Polícia Militar e membros da principal facção criminosa, que atua no Estado todo.
Esse conflito, que já matou 70 policiais militares da ativa neste ano, tem sido minimizado pelas autoridades, que alertam para as "lendas" que se estariam criando em torno do crime organizado.
Entende-se que o governador Geraldo Alckmin e o secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto, não queiram alarmar a população. Contudo, quando suas explicações soam fantasiosas, ou admitem interpretação como tolerância com abusos policiais, só fazem aumentar a sensação de insegurança.

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