terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Brasil que passa longe da mídia

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Feliz do país cuja imprensa cumpre o papel de ecoar o debate sobre seus avanços, carências, dilemas, dificuldades, potencialidades, urgências, conquistas e gargalos. Claro que não estamos falando do Brasil. Por essas plagas, em nome de um ativismo de oposição movido a ódio, preconceito de classe e compromissos com a Casa Grande, o monopólio midiático abandonou faz tempo seu papel de indutor das discussões sobre os rumos da nação. Aliás, não existe receita melhor para se desinformar sobre o país do que abrir seus jornalões e revistonas, nos quais matérias editorializadas e contaminadas por um moralismo udenista de fancaria tentam desesperadamente passar a sensação de que o país está à beira do caos. Ainda distantes de uma Ley de Medios, que tal, pelo menos de vez em quando, deixarmos de lado o caso perdido que é a mídia brasileira e usarmos nossos espaços alternativos para debater o verdadeiro Brasil ?

Por exemplo : em que pese toda a torcida irresponsável da direita midiática para que o Brasil tenha que racionar energia, até o mundo mineral do Mino Carta sabe que essa possibilidade não existe. Primeiro porque o sistema é interligado, com os reservatórios mais cheios de algumas regiões compensando os outros onde a estiagem provocou queda acentuada nos seus níveis. Depois, os pesados investimentos feitos em geração durante os anos Lula levou o país a um patamar hidrelétrico mais confortável. Sem falar nas térmicas que são acionadas sempre que necessário, embora sejam fontes sujas, uma vez que movidas a carvão e óleo. Por fim, São Pedro parece não ter gostado nem um pouco do catastroficismo oposicionista, afogando os chiliques de Cantanhêde e Míriam Leitão com chuva praticamente diária nas cabeceiras dos rios que abrigam boa parte das usinas hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste.

Contudo, nem tudo são flores na área energética, de importância crucial e estratégica para o desenvolvimento do país e para as futuras gerações. Artigo esclarecedor para a compreensão dos problemas a serem enfrentados, de autoria do ex-ministro Delfim Neto, foi publicado na edição de CartaCapital desta semana.

"Nos dez anos a partir de 2002, o crescimento da capacidade de energia hídrica na matriz brasileira foi exponencial, algo próximo de 50% de aumento, sem que essa disponibilidade tivesse sido acompanhada pela expansão das linhas de transmissão. Criou-se um gargalo : o país aumentou nos últimos anos a capacidade instalada de geração, mas não conseguiu realizar a maioria dos projetos de transmissão, muitos deles enfrentando obstáculos antes mesmo das instalações das obras e outros interrompidos e atrasados pelas dificuldades na obtenção de licenciamento ambiental', alerta o professor Delfim.

Ele lembra que o Brasil tem muitos projetos e pré-projetos de qualidade em fase de análise, para uma ampliação segura de energia limpa, "capaz de garantir os objetivos de crescimento já na década atual, que deverá proporcionar as condições de sustentabilidade e melhor padrão dos níveis de emprego para os 150 milhões de cidadãos e cidadãs brasileiras na faixa de idade entre 16 e 60 anos que estarão demandando o mercado de trabalho no fim do período e nos primeiros anos da década de 2020."

Depois de criticar as ONGs estrangeiras e nacionais por se colocarem contra o pleno aproveitamento da energia eólica, sob o pretexto de proteger o meio ambiente e a fauna dos efeitos das pás e dos ventos, sem nenhuma comprovação empírica de suas teses, Delfim, defensor ardoroso da enegria limpa gerada pela matriz hídrica, conclama o governo e a sociedade brasileira a "se unir para acionar os controles, visando a corrigir as ineficiências da matriz hidrelétrica e eliminar os anacronismos do processo de concessão da licença ambiental para desobstruir, finalmente, os mecanismos que impedem a realização de projetos de transmissão de energia limpa para todas as regiões do país."

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