Por Altamiro Borges
Saiu hoje na coluna Painel da Folha:
Liturgia 1 - Colegas de Luiz Fux no STF esperam que o
ministro use a sessão de turma, hoje, para explicar detalhes dos encontros com
próceres petistas que admitiu à Folha ter tido durante sua campanha pela
nomeação.
Liturgia 2 - Pegou mal principalmente Fux atribuir sua
proximidade com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci a uma decisão que
proferiu quando era do STJ.
Tudo indica que a notícia não passa de pura “liturgia”. Os
ministros do STF se consideram “supremos” e dificilmente cobrarão explicações
de um dos seus pares – muito menos, aplicarão qualquer punição. O certo é que a
entrevista de Luiz Fux à jornalista Mônica Bergamo serviu para
quebrar o encanto difundido pela própria mídia sobre a “pureza” do Supremo
Tribunal Federal. Antes demonizados por alguns jornalões, os ministros do STF
foram endeusados durante o julgamento do chamado “mensalão”. Agora, cai a
máscara!
Num momento em que se alardeia o tráfico de influência
arquitetado por Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência em São
Paulo, o ministro Luiz Fux explicitou, com ares infantis, que a prática também
é comum na mais alta Corte de Justiça do país. E ela não foi exercida apenas
pelo guitarrista, cantor e praticante de jiu-jítsu que hoje é juiz do Supremo.
Conforme aponta Janio de Freitas, outros ministros também fizeram “política”
para chegar ao cargo. Há muitos interesses políticos e econômicos em jogo no
STF!
“O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, Kakay, confirma
e conta com os devidos pormenores que o então procurador Joaquim Barbosa lhe
pediu para levá-lo a José Dirceu. E Dirceu, por sua vez, tanto confirma haver
recebido Joaquim Barbosa como o motivo da conversa... Se houve, a diferença de
trampolins anulou-se no pouso. Nas votações, o cantor-ministro faz uma espécie
de ‘back voice’ dos votos entoados pelo ministro Joaquim Barbosa, cantores da
mesma música”, relata o jornalista da Folha.
Na sua posse como presidente do Supremo, Joaquim Barbosa
defendeu que as carreiras do magistrado devem se desligar das relações com
políticos. Ele teria feito uma autocrítica do passado? Quais outros interesses
políticos estão em jogo no Supremo? A alardeada autonomia do STF é real? A
entrevista de Luiz Fux, na qual ele afirma que “colou no pé” de pessoas
influentes para chegar ao cargo, só confirma que é urgente uma profunda reforma
no Poder Judiciário, inclusive com a mudança da forma de escolha dos ministros.
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