Em artigo publicado na Folha de domingo (25), Danuza Leão, a “socialite”
metida a besta, voltou a causar celeuma. Ela afirmou que ser rico no
Brasil perdeu todo o glamour. “Ir para Nova York ver os musicais da
Broadway já teve sua
graça, mas, por R$ 50 mensais, o porteiro do prédio também pode ir,
então qual é
a graça. Enfrentar 12 horas de avião para chegar a Paris, entrar nas
perfumarias que dão 40% de desconto, com vendedoras falando português e
onde
você só encontra brasileiros – não é melhor ficar por aqui mesmo?”,
escreveu.
Para ela, “se todo mundo fosse rico, a vida seria um tédio”.
Neste sentido, ela defende que só uma minúscula elite goze das riquezas e
belezas do mundo. “Se todos têm acesso a esses prazeres, eles passam a não ter
mais graça... Não importa estar no lugar mais bonito do mundo; o que interessa
é saber que só poucos, como você, podem desfrutar do mesmo encantamento”. O artigo,
típico lapso de sinceridade, foi encarado por alguns como mais uma provocação
da “socialite” em busca dos holofotes da mídia. Mas não é bem assim!
Ricaços estão incomodados
De há muito que os textos de Danuza Leão refletem o
pensamento das elites mais tacanhas e reacionárias do Brasil. Não é para menos
que ela virou um ícone de muitos leitores da mídia “privada” que detestam as
políticas sociais implantadas pelos governos Lula e Dilma. Ela se tornou uma referência
das castas racistas e preconceituosas, num símbolo da oposição de direita ao “populismo
lulopetista” – conforme a definição de outras “calunistas” da mídia. Neste
sentido, ela procura ser fiel ao seu leitor cativo e tacanho!
Recentemente, o instituto Data Popular divulgou o resultado de
uma pesquisa que comprova que “os consumidores das classes A e B se mostram
incomodados com algumas consequências da ascensão econômica da Classe C, que
passou a comprar produtos e serviços aos quais apenas a elite tinha acesso”,
conforme registrou o portal IG em setembro último. Foram ouvidas 15 mil pessoas
das “classes mais favorecidas, em todo o Brasil” e os dados são
impressionantes:
- 55,3% dos consumidores do topo da pirâmide acham que os
produtos deveriam ter versões para rico e para pobre;
- 48,4% afirmam que a qualidade dos serviços piorou com o
acesso da população;
- 49,7% preferem ambientes frequentados por pessoas do mesmo
nível social;
- 16,5% acreditam que pessoas mal vestidas deveriam ser
barradas em certos lugares;
- 26% dizem que um metrô traria "gente indesejada"
para a região onde mora.
Para Renato Meirelles, diretor do instituto Data Popular, a
pesquisa revela o grau de preconceito existente no Brasil. “Durante anos, a
elite comprava e vivia num 'mundinho' só dela. Nos últimos anos, a classe C
'invadiu' shoppings, aeroportos e outros lugares aos quais não tinha acesso.
Como é uma coisa nova, a classe AB ainda está aprendendo a conviver com isso.
Parte da elite se incomoda, sim”. A “socialite” Danuza Leão, com seus textos
provocadores, expressa exatamente a visão desta elite tacanha e raivosa.
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