O fim do começo do fim
A polêmica continua: para fixação da pena, vale a ocasião do acordo ou a da efetivação do combinado?
Enroscou. O que era para terminar ontem, ontem recomeçou. Para passar por onde já passou. E na mesma direção.
O presidente-relator Joaquim Barbosa não conteve mais a sua insatisfação
(depois de presidente, é só insatisfação o que antes era a indignação).
Foi vencido, nas últimas sessões, quando definidas as penas de vários
dos condenados por corrupção passiva, ou seja, os que receberam do
combinado PT/Valério (Valdemar Costa Neto, Pedro Henry e outros). As
penas foram fixadas com base em lei que veio a ser alterada, para
agravar-se, depois de feitos os acordos entre os que pagariam e os que
receberiam. Joaquim Barbosa votara com base na nova lei.
A polêmica vem desde o início do julgamento: para fixação da pena, vale a
ocasião do acordo, e até mesmo apenas a da proposta, ou a da efetivação
do combinado? Mais uma vez os ministros pareceram intimidados e
entupidos diante da investida de Joaquim Barbosa, desejoso de que sejam
refeitas as sentenças com base na lei que as agrava. Então, "na próxima
semana…". Volta a discussão das datas e das penas.
Tudo bem, salvo para Valdemar, Henry e outros recebedores. Mas salvo também para o próprio Supremo Tribunal Federal.
Por mais de uma vez, nas redondezas do seu argumento, o presidente do
Supremo qualificou o julgamento como "errado" e o tribunal em prática de
"equívoco". Não precisaria fazê-lo para propor ou, de fato, para forçar
a tese minuciosa e repetidamente sustentada pelo ministro Celso de
Mello e por outros, pela adoção da lei anterior aos pagamentos.
O julgamento está fechando o seu quarto mês. A esta altura, as eminentes
Vossas Excelências ainda dependem de entender-se sobre o sentido de uma
lei, ou de várias, estando já sentenciadas várias pessoas à perda de
liberdade com base nessa insegurança.
Não é caso único, à disposição dos recursos previstos pelas defesas.
Mas, agora, com um amparo substantivo e adjetivo, proporcionado pelo
próprio tribunal.
ASSOCIADOS
Recaem no governo, porque autor das nomeações, as críticas pelos casos
de improbidade nas agências da Aviação Civil, dos Transportes
Aquaviários, de Águas e várias das outras. Há, porém, uma
responsabilidade que equivale, na prática, a uma permissão para a
bandalheira constatada.
Durante cinco anos, os senadores mantiveram nas gavetas o projeto pelo
qual as agências seriam submetidas a fiscalizações e auditorias
periódicas pelo Tribunal de Contas da União. Candidatos a santos podem
acreditar que o impedimento de fiscalizações é por alguém acreditá-las
desnecessárias. Mas sempre que essas recusas ocorrem, por trás estão
pessoas e interesses para lá de suspeitos.
O senador Randolfe Rodrigues, que agora providenciou a aprovação às
pressas do projeto, na Comissão de Fiscalização e Controle, ainda não
completou o serviço ao país. Só o fará se levantar, para conhecimento
público, os fatos e responsáveis que enfurnaram as fiscalizações e deram
cinco anos à imoralidade administrativa.
Janio de FreitasNo fAlha
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