Justiça do Rio autoriza desapropriação da Fazenda Cambahyba para reforma agrária
17/08/2012 - 11h29
Guilherme Jeronymo
Rio de Janeiro – A Fazenda Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, pode ser destinada à reforma agrária. O juiz Dario Ribeiro Machado Junior, da 2ª Vara Federal em Campos, deu, no último dia 7 de agosto, decisão favorável à continuação do processo de desapropriação da área, solicitado pela representação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado. O juiz negou pedido contrário apresentado pelos donos da terras. Ainda cabe recurso da decisão.
O processo de desapropriação da fazenda começou em 1995, quando a
superintendência do Incra no estado fez o pedido. Três anos depois, os
proprietários conseguiu reverter a decisão. Desde então, a disputa está
nos tribunais. Em 2000, a fazenda foi ocupada por integrantes do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), obrigados a deixar o
local meses depois.
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A Fazenda Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, pode ser destinada à reforma agrária. O juiz Dario Ribeiro Machado Junior, da 2ª Vara Federal em Campos, deu, no último dia 7 de agosto, decisão favorável à continuação do processo de desapropriação da área, solicitado pela representação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado. O juiz negou pedido contrário apresentado pelos donos da terras. Ainda cabe recurso da decisão.
Há dez anos, a Usina Cambahyba arrendou a propriedade à Usina Santa Cruz, produtora de cana-de-açúcar. O presidente da Cambahyba, Jorge Lisandro Gomes, disse desconhecer a decisão judicial do dia 7 de agosto. Segundo ele, a empresa vai recorrer em segunda instância. “As terras estão dentro da produtividade exigida por lei e este ano todas as lavouras serão reformadas”, disse.
As terras pertencem à família de Heli Ribeiro Gomes, já falecido, que
foi vice-governador do Rio de 1967 a 1971. Em livro lançado este ano, o
ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo Cláudio Guerra acusa o
político de ter permitido o uso do forno da fazenda para a incineração
de corpos de, ao menos, dez opositores à ditadura militar, mortos sob
tortura. Em declarações à imprensa, a família de Heli Gomes nega a
acusação. Procurada pela Agência Brasil, a família preferiu não comentar o assunto.
A direção estadual do Incra informou não ter sido notificada pela
Justiça, mas tem conhecimento da decisão. A partir do cumprimento da
decisão, o órgão estima prazo médio de 6 meses para vistoriar a área,
desapropriá-la e para o pagamento do ressarcimento do governo aos
proprietários.
"Dada a importância que tem e com as notícias recentemente veiculadas
para a sociedade brasileira, seria de extrema importância, inclusive
como reparação histórica, que a área fosse destinada à reforma agrária. A
gente até aposta neste simbolismo para que o processo tenha seu tempo
encurtado”, disse o superintendente do Incra no estado, Gustavo Noronha.
Com 3,5 mil hectares, a fazenda tem capacidade de assentar 2,3 mil
famílias. Na região de Campos, existem três acampamentos do MST com
cerca de 400 famílias, além do assentamento Oziel Alves, próximo à
Fazenda Cambahyba, que produz alimentos vendidos no norte fluminense.
Na tarde de ontem (16), o MST e outros movimentos sociais protestaram
pedindo agilidade no processo de desapropriação da fazenda e
pressionando por investigações da morte e desaparecimento de militantes
na ditadura militar. As manifestações ocorreram na Praça São Salvador,
região central da cidade, e na propriedade.
“[O protesto é] para mostrar que temos pessoas na sociedade que
contribuíram para a ditadura. O fato de ter cedido a propriedade para
que isso fosse feito não se resume só a uma questão particular. Outros
setores da sociedade também contribuíram para isso”, disse Dieymes
Pechincha, membro do Coletivo Memória Verdade e Justiça, que congrega
cerca de 20 organizações que reivindicam investigações sobre a repressão
na ditadura militar.
Edição: Carolina Pimentel
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