CPMI tem que desvendar relações suspeitas entre Veja e Cachoeira
Uma das questões centrais a serem esclarecidas pela CPMI do Cachoeira são as relações entre o diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e a organização criminosa do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlos Cachoeira. Esse é o entendimento do líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP).
“A principal dúvida é se o envolvimento é como jornalista ou como membro do crime organizado, daí a importância de seu depoimento à CPMI”, diz o líder. O tema está na pauta da CPMI, a partir de requerimento do deputado Dr. Rosinha (PT-PR).
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Ligações perigosas de Policarpo Júnior com quadrilha de Cachoeira
Para Jilmar Tatto, a presença do jornalista é fundamental, já que aparece em gravações da Polícia Federal e seu nome está envolvido com esquemas de grampos clandestinos para a elaboração do que a revista chama de “reportagem”.
“E não se trata de cerceamento à liberdade de imprensa: estamos falando que jornalismo é uma coisa; bandidagem, outra”, diz o líder. “Não faço juízo de valor, mas o fato é que está passando da hora de o jornalista explicar-se”.
O argumento de que a convocação ameaçaria a liberdade de imprensa não resiste a uma análise, ainda mais no caso de Policarpo Júnior. O jornalista já depôs na Comissão de Ética da Câmara, em 22 de fevereiro de 2005, no processo de cassação do ex-deputado André Luiz (PMDB-RJ). Ele compareceu como voluntário, para, coincidentemente, defender justamente Cachoeira, que seria alvo de tentativa de suborno por André Luiz para evitar a inclusão de seu nome no relatório final de outra CPI, a da Loterj (estatal fluminense de loterias), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Nesta edição especial do PT na Câmara, parlamentares da bancada do PT analisam as relações perigosas entre a revista Veja e a quadrilha Cachoeira, evidenciadas em inúmeras interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal.
Um caso semelhante ocorreu na Inglaterra, mas lá o tratamento é diferente: grampos ilegais com fins “jornalísticos” têm levado jornalistas e arapongas aos tribunais e até à prisão. E sem ameaças à democracia ou à liberdade de imprensa, como alardeiam por aqui os defensores do diretor de Veja.
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