Deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Odair Cunha (PT-MG) - Foto: Gustavo Bezerra/Liderança)
Tese da liberdade de imprensa, sustentada pelos defensores da não convocação do jornalista, não se sustenta, diz líder do PT.
Será que a CPMI vai fechar os olhos para os crimes praticados pelo diretor da sucursal da revista Veja, Policarpo Júnior, ou vai atuar de forma isonômica nesse processo?Esse questionamento foi feito pelo líder da bancada do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), e pelos petistas Emiliano José (BA) e Dr. Rosinha (PR), integrantes da CPMI do Caso Cachoeira, que não pautou, na reunião desta terça-feira (14), a convocação do jornalista para esclarecer o envolvimento dele com o contraventor apontado nas investigações da Polícia Federal .
“Há uma espécie de acordo para não botar em pauta a convocação do Policarpo Júnior, apesar de todos os indícios apontados em mais de 73 gravações da Polícia Federal que mostram a relação direta com o crime organizado do Carlos Cachoeira em diálogos não republicanos”, lamentou Jilmar Tatto.
De acordo com o líder petista, a tese da liberdade de imprensa, sustentada pelos defensores da não convocação do jornalista, não se sustenta. Segundo Jilmar Tatto a imprensa é livre, democrática e vem cumprindo o papel dela. Para ele, o que está em debate é a relação estreita entre o jornalista e o crime organizado liderado por Carlos Cachoeira, comprovada pelas interceptações telefônicas da Polícia Federal, nas operações Vegas e Monte Carlo.
“Não se trata de liberdade de imprensa ou democratização dos meios de comunicação. Estamos falando de um senhor que atravessou o rubicão (pessoas que tomam decisão arriscada de maneira irrevogável) ao aliar-se ao crime organizado”, sentenciou o líder.
Para o deputado e jornalista Emiliano José, a CPMI precisa responder se tem condições de analisar esse caso de maneira isonômica. “A questão que está posta no caso do Jornalista Policarpo Júnior é se a CPI tem condições de analisar o crime de maneira igual ou se o que se chama de instituição jornalística pode praticar crime impunimente ou, ainda, se vamos olhar esses crimes como se nada estivesse acontecendo?”, questionou.
Emiliano fez questão de traçar um paralelo entre o caso envolvendo o jornalista da revista Veja e o escândalo do magnata da imprensa britânica, Rupert Murdoch, dono do tablóide News of the Word, denunciado por práticas ilegais no exercício do jornalismo. Ele lembrou também que a Inglaterra não deixou de ser um país democrático só porque puniu jornalista e empresários da imprensa.
“O Estado inglês não virou estado policial porque enfrentou o crime da imprensa ou porque enfrentou o Rupert Mourdoch. A Inglaterra soube enfrentar o crime organizado da imprensa. Esse é um caso que tem muita semelhança com o que está acontecendo no Brasil. Talvez seja mais grave o que fez o jornalista Policarpo Junior em relação ao que ocorreu na Inglaterra”, avaliou Emiliano José.
Nesse contexto, o parlamentar espera que a comissão tenha atitude isonômica e convoque o jornalista Policarpo Júnior para explicar porque tanta “ intimidade” e “troca de interesse” entre ele e Carlos Cachoeira.
Dr. Rosinha, autor do requerimento de convocação do jornalista da Veja, disse que existe intimidação por parte de “alguns” que utilizam a retórica de cerceamento para não convocar o jornalista. “Será que jornalista é protegido constitucionalmente? Não pode depor em lugar nenhum, mesmo quando suspeito de ter cometido um crime?”, questionou.
Dr. Rosinha defende que a CPMI coloque em pauta, na próxima reunião, a convocação do jornalista. De acordo com o parlamentar, a comissão não pode ficar protelando esse depoimento com o argumento de proteção da mídia. “Não é proteção da mídia. É proteção de um cidadão sobre o qual recai suspeita de ações criminosas. A essa CPI não cabe esse tipo de proteção”, sustentou o petista.
Reconvocação
A comissão aprovou na reunião administrativa desta terça-feira a reconvocação de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlos Cachoeira. A reconvocação surgiu após a afirmação da sua mulher Andressa Mendonça, a um programa de televisão, de que o marido dela estava disposto a falar à comissão.
Agenda
Nesta quarta-feira (15) a comissão ouve Edivaldo Cardoso de Paula, Rosely Pantoja da Silva e Hillner Braga Ananias. A reunião ocorre no plenário 2 da Ala senador Nilo Coelho, às 10h15.
(Benildes Rodrigues, site PT na Câmara)
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