domingo, 5 de agosto de 2012


As provas contra Dirceu


Quando vejo uns parênteses e dentro destes três pontinhos fico em dúvida se o autor quis abreviar ou tergiversar sobre seu verdadeiro conteúdo. O que estará escondido dentro destes parênteses? O Globo publicou algumas transcrições com trechos da denúncia formulada pelo procurador da República Roberto Gurgel contra o ex-ministro José Dirceu, que supostamente indicariam elo do ex-ministro chefe da casa Civil no governo Lula com o suposto “mensalão”.
 Vejamos as incongruências e as controvérsias: O ex-deputado Pedro Correa, também réu no suposto “mensalão”, diz que as negociações políticas do PP com o PT ocorreram principalmente entre ele e o deputado Pedro Henry pelo PP e José Genoino, José Dirceu, Silvio Pereira e Marcelo Sereno pelo PT, que as reuniões ocorriam no Palácio do Planalto, que nunca ocorreu nenhuma reunião na sede do PT ou do PP.
Não é isso o que diz Valdemar da Costa neto abaixo. Dirceu e outros réus negam qualquer reunião no Planalto. E mesmo se fosse verdade, reuniões políticas não quer dizer sinônimos deilicitudes.

Renilda Fernandes  De Souza, mulher de Marcos Valério em seu depoimento em uma das três CPIs disse:  (...) “ a única coisa que ele me falou foi que o  (...) na época ministro José Dirceu sabia dos empréstimos. E eu perguntei como sabia. Ele falou que houve uma reunião da direção do Banco Rural, em Belo Horizonte, no Hotel Ouro Minas, com o então ministro José Dirceu , para resolver o sobre o pagamento desses financiamentos feitos no Banco Rural e que houve uma reunião em Brasília, da direção do BMG, não sei os nomes, ele só me disse assim, uma reunião em Brasília, não sei onde, para acertar o pagamento das contas, porque o banco também quer receber. “

Marcos Valério em seu depoimento diisse que: (...) “Delúbio  esclareceu que o então ministro José Dirceu e o secretário Silvio Pereira eram sabedores dessa operação de empréstimos para o partido e (...) garantiriam o pagamento junto às empresas do declarante”.  

Outro disse me disse. Alguém poderá estar mentindo.

Para melhor compreensão dos leitores, parte deste texto foi extraído do jornal o Globo, inclusive todos os parênteses.  Tenho sérias dúvidas se o Globo está sendo fiel ao que consta na denuncia da PGR.
Abaixo o texto fala em “reunião com o presidente do Banco Espírito Santo em Portugal”.  

Melhor explicando esta questão:
A defesa de Marcos Valério através do Juízo chamou o presidente deste banco através de Carta Precatória ao processo,  como sua testemunha de defesa e, este,  em juízo negou qualquer operação ilícita. Negou ainda, a participação de qualquer dirigente petista neste encontro. Afirmou apenas que pretendia investir no Brasil e que Marco Valério queria obter a conta deste banco para sua agência de propaganda no Brasil.

(...)  Foi marcada por Delúbio Soares uma reunião com José Dirceu.
Para melhor entendimento. O Banco Espírito Santo de Portugal pretendia investir pesado aqui no Brasil e nada demais se o Ministro da Casa Civil ouvisse a proposta do banco.  Mas não houve qualquer reunião neste sentido.

Por último o “ator” e ex-deputado Roberto Jefferson, que nos autos do processo nega o mensalão, ataca dizendo que “o então ministro José Dirceu homologava todos os acordos daquele partido e que, José Genoino, não tinha autonomia para “bater o Martelo” nos acordos que deveriam ser ratificados na Casa Civil”.
O ex-deputado não disse que acordos seriam estes e tergiversa destacando que deveriam ser ratificados na Casa Civil. Porque necessariamente na Casa Civil? Precisava de algum carimbo com o Brasão da República e abaixo a assinatura de Dirceu?  Esta testemunha pelo Código de Processo Penal deverá ser desqualificada e seu testemunho tornado inválido uma vez que não se sustenta porque é  inimiga declarada de Dirceu, o que é público e notório. Quem não se lembra da célebre e estúpida frase que mostra todo o rancor de Roberto Jefferson contra o ex-ministro José Dirceu? -
“Tenho medo de vossa excelência, porque vossa excelência provoca em mim os instintos mais primitivos”. Portanto, Roberto Jefferson é inimigo de Dirceu e seu testemunho não presta, assim como o próprio.

Resumindo

As "provas" que o procurador apresentou contra Dirceu poderão ser facilmente refutadas. O testemunho do ex-deputado Pedro Correa um dos réus neste processo não prova nada. Correa fala em reuniões políticas, mas, não explica a finalidade da reunião. É de se conceber que reuniões entre políticos só pode ser reunião política. A Renilda mulher de Valério diz que o marido disse que Delúbio disse que Dirceu disse. Fatos baseados no disse-me disse não tem efeitos probatórios. Aliás, neste caso o procurador omitiu algumas informações. Cortou parte da oitiva da mulher de Marcos Valério.
Roberto Jefferson é inimigo declarado de Dirceu. O que é publico e notório. Esta testemunha será facilmente desqualificada. 
A testemunha Valdemar Costa Neto não acrescentou nada que possa prejudicar Dirceu. Costa Neto diz que as reuniões ocorriam na sede do PT/SP ou na sede do PL em Brasília para tratar de assuntos políticos que as reuniões aconteciam com a presença do declarante e José Alencar pelo PL, e José Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo Cunha e Luiz Dulci pelo PT, sempre na residência de José Dirceu. Vejam a contradição: as reuniões aconteciam no PL ou PT de Brasília ou na residência de Dirceu?

Quer dizer então que até o ex-presidente José Alencar iria tratar de "mensalão”? Será o ex- vice- presidente José Alencar (falecido) de conduta ilibada, integrante desta “quadrilha”? Este procurador está delirando. Está indo às forras pelos ataques sofridos por ter trancado durante muito tempo o esquema Demóstenes Torres / Cachoeira. O que precisa sim, ser investigado. 

   
  

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