Agenda pró-investimento aproxima Dilma e FHC
Foto: Juca Varella/Folhapress
Programa de concessões que será lançado em agosto tentará atrair recursos privados para novos investimentos em infraestrutura e será um ponto de convergência entre petistas e tucanos; Brasil já está maduro para um debate econômico mais pragmático e menos ideológico
Com isso, a presidente pretende combater o baixo dinamismo da economia pelo lado do investimento – e não apenas do consumo, como tem sido feito até agora. Embora esteja falando de concessões voltadas a projetos futuros, e não da venda de ativos existentes, Dilma estará abrindo um espaço maior para que o setor privado atue em setores considerados essenciais e estratégicos. Esta agenda a aproximará do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em entrevistas e discursos tem defendido reformas que ampliem a produtividade da economia brasileira.
O movimento de Dilma já começou a despertar um embate ideológico entre os que defendem a privatização e os que combatem a “privataria”. Nos jornais de hoje, comenta-se que assessores do Palácio do Planalto planejam uma “vacina” para a divulgação do programa, de modo a evitar que o pacote soe como privatista. Por outro lado, ex-assessores de FHC, como a economia Elena Landau, comentam que Dilma teria se rendido à privatização.
Esse tipo de maniqueísmo, como se houvesse um “certo” e um “errado”, não faz bem ao debate. Dilma hoje tem condições de fazer concessões melhores do que as de FHC por uma razão muito simples: o Brasil progrediu muito nos últimos anos e a taxa de risco caiu. Não só o risco econômico, como também o risco político. O que significa que os projetos a serem implantados no Brasil demandarão uma taxa de retorno menor do que no passado.
Assim, Dilma terá o mérito de abrir concessões de rodovias com pedágios mais baratos do que os de FHC, bem como em outros setores da economia. Ao transferir à iniciativa privada projetos de infraestrutura, ela também certamente reduzirá o potencial de corrupção. Afinal, se as estradas e ferrovias forem concedidas ao setor privado, as obras não serão mais tocadas por personagens como José Francisco das Neves, o Juquinha, e Valdemar Costa Neto.
O Brasil já está maduro para uma convergência maior entre petistas e tucanos.
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