CPMI do Cachoeira: Perillo em baixa, Agnelo sobe, e Gurgel sob fogo
Por: Helena Sthephanowitz
Com
o depoimento na CPMI do Cachoeira do delegado da Polícia Federal,
Matheus Mela Rodrigues, a situação do governador Marconi Perillo
(PSDB-GO) se agravou. O delegado confirmou tudo o que já vinha sendo
vazado na internet, desde nomeações no governo por Cachoeira, até
entrega de pacote de dinheiro no palácio das Esmeraldas a assessor,
e confirmou a intimidade de Perillo com Cachoeira, em telefonema de aniversário.
Disse apenas que não ficou comprovado crimes diretos do governador,
até porque governadores e parlamentares não
eram alvos da investigação. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) saiu
assustado com o que ouviu, defendendo a convocação urgente de
Perillo. Apesar
de concordar com a gravidade, quem atuou como bombeiro foi o relator
Odair Cunha (PT-MG). Ele acha cedo para convocar Perillo. Prefere
ouvir antes o próprio Cachoeira.
Em seu depoimento, o delegado confirmou também o que já saiu nos
blogs. Cachoeira infiltrou-se em assessorias do governo do Distrito
Federal, em escalões inferiores, mas não conseguiu o envolvimento do
governador Agnelo Queiroz (PT) em suas maracutaias. Como tem foro privilegiado, cabe a CPI e ao
Procurador-Geral pedir investigações mais aprofundadas sobre o assunto.
Em entrevista à TV Record, Agnelo disse que "as tentativas de Cachoeira em entrar no DF foram frustradas. Não
existe um (único) negócio deles com o governo do DF. Isso fez com que o
governo se transformasse em um obstáculo para eles. Portanto, eles
partiram para nos derrubar."
Mas
a oposição quer convocá-lo para empatar o jogo, diante da
convocação de Perillo.
Mão no fogo por Gurgel
Depois das declarações que deu ao Jornal Nacional, associações
de Procuradores apoiam o Procurador-Geral da República (PGR) Roberto
Gurgel. O
ministro Joaquim Barbosa (STF) também.
Cabe
lembrar que os senadores, em peso, também apoiaram Demóstenes
Torres em seu primeiro discurso de defesa no Senado. Quando
se deram conta do que ele fez de fato com
Cachoeira, deu no que deu, e se sentiram enganados.
Os
fatos que têm vindo à público a partir do depoimento dos delegados
da PF, indicam que a Operação Vegas da Polícia Federal foi sim
engavetada por Gurgel. E a seguinte, operação Monte Carlo, não foi
continuação da primeira, como o PGR alegou. Um documento do
Ministério público de Goiás, mostra que a Monte Carlo foi iniciada
por ofício do órgão goiano e não por encaminhamento da
Procuradoria-Geral-da-República.
Quando
o relatório da operação Monte Carlo caiu no colo de Gurgel, só
então ele desengavetou a outra, e juntou as duas. Está
mal explicado. Tem um hiato de 11 meses entre uma operação e outra,
durante o ano de 2010, em pleno período eleitoral, em que as
investigações ficaram paradas.
Até
deputados do PSDB e DEM querem explicações, só que sem convocação.
Aceitam por escrito, conforme sugeriu Odair Cunha.
Fogo-amigo?
Nos
bastidores do judiciário, declarações de apoio de qualquer
ministro do STF deve dar prestígio.
Mas
colocar Gilmar Mendes no "Jornal Nacional" por longos
segundos, defendendo Roberto Gurgel, aí já vira fogo-amigo contra o
PGR. Se
o objetivo era ganhar a opinião pública, foi um tiro no pé, já
que o ex-presidente do STF não desfruta de uma popularidade alta.
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