09/03/2012 - DENÚNCIA | |
BANCO DE SÃO BERNARDO ALERTOU SOBRE PRIVATARIA TUCANA | |
Por: Júlio Gardesani (julio@abcdmaior.com.br) |
Diretor do Banco do Brasil, amigo de José Serra, autorizou novos empréstimos ao primo do ex-governador; valor foi perdoado A agência do Banco do Brasil do Rudge Ramos, em São Bernardo, alertou a direção estadual e nacional do banco sobre possíveis irregularidades no “perdão” da dívida milionária contraída por Gregório Marím Preciado, primo de José Serra (PSDB). Mesmo com as desconfianças, o Conselho Diretor do banco, que à época tinha como membro Ricardo Sérgio de Oliveira, amigo e tesoureiro das campanhas de Fernando Henrique Cardoso e Serra, autorizou novos empréstimos. A informação consta em ação cautelar de improbidade aberta pelo MPF (Ministério Público Federal), em 17 de dezembro de 2002. O primeiro empréstimo a Preciado na agência do Rudge Ramos saiu em 1993 com valor de R$ 2,5 milhões. Mas, como o primo de Serra não conseguiu pagar, a dívida foi arrolada. Na verdade, o banco fez a recomposição da dívida; ou seja, concedeu novos empréstimos a Preciado sem que este realizasse qualquer amortização do valor total. No final de 1995, Preciado teve perdoado o valor de R$ 17 milhões. No mesmo ano de 1995, o Banco do Brasil, em uma nova renegociação, incluiu parte do patrimônio de Preciado como garantia. Entre os imóveis, que não chegaram a ser arrestados, está a Chácara Columbia, que Preciado possui na avenida Senador Vergueiro, em São Bernardo. Como aponta a ação cautelar, e também as investigações de Amaury Ribeiro Júnior no livro “A Privataria Tucana”, o Conselho Diretor do Banco do Brasil, encabeçado por Oliveira, liberaou, de Brasília, sucessivos empréstimos a Preciado mesmo com os alertas da agência em São Bernardo. O total do dinheiro cedido ao primo de Serra chegou a R$ 448 milhões. Deste total, que somam juros, Preciado teve de pagar apenas R$ 4,1 milhões. Os demais R$ 443,9 milhões, ou seja, 99% da dívida, foram perdoados. Apesar das “atípicas” movimentações no Banco do Brasil do Rudge Ramos, como considera o Ministério Público, nenhum dos pré-candidatos tucanos em São Bernardo à Prefeitura conhece Preciado. O presidente da Câmara, Hiroyuki Minami (PSDB) e o presidente municipal do partido, Admir Ferro, afirmam sequer terem lido o livro. O deputado federal William Dib considera o livro de Amaury Ribeiro, um dos mais vendidos do Brasil desde o final de 2011, um “atentado à ética”. Privataria - Apesar de arrolar a dívida com o Banco do Brasil, Preciado teve condições de ser doador de campanha de Serra ao Senado, em 1994, além de participar ativamente do processo de privatização promovido por FHC. O primo de Serra comprou três empresas estatais (a Coelba, da Bahia; a Cosern, do Rio Grande do Norte; e Celpe, do Pernambuco), através do consórcio Guaraniana, que também era integrado pelo dinheiro da Previ (fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil). Além das privatizações e das doações a Serra enquanto devia ao Banco do Brasil, Preciado ainda teve condições de comprar uma ilha inteira na Bahia, a Ilha do Urubu, onde o ex-governador, de acordo com o livro “A Privataria Tucana”, passou o fim de ano de 2010, após perder as eleições presidenciais. |
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