Tarso Genro desanca a Globo. Prefere os blogs
O Conversa Afiada reproduz comentário do amigo navegante João:
Enviado em 01/05/2012
Tarso Genro: “passei a responder através dos blogs”
De RS Urgente
“Passei a responder através dos blogs e das redes porque esta forma de colunismo é uma armadilha”
Po Marco Aurélio Weissheimer.
Em nota publicada neste domingo no
site PTSul, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, respondeu à
colunista política Rosane de Oliveira, do jornal Zero Hora, que neste
domingo afirmou que o governador será “incoerente ou irresponsável” na
solução para o tema do piso nacional do magistério. A nota afirma:
Pela segunda vez neste mês, um
articulista de ZH utiliza o espaço do jornal para fazer ataques diretos a
políticos do governo do Estado, reportando-se diretamente à pessoa do
governador. Neste domingo, foi a vez da jornalista Rosane de Oliveira
“sentenciar” que Tarso Genro será “incoerente ou irresponsável”, na
solução para o pagamento do piso nacional do magistério. A colunista
desconsidera o fato de que o governo da Unidade Popular Pelo Rio Grande
adotou uma outra posição para retirar o estado da crise, que não a do
governo anterior de criação do “déficit zero”, que diminuiu as funções
do Estado, sucateou a administração pública e congelou salários.
p>Neste sábado, ao ler a coluna,
quando voltava de mais uma edição da Interiorização de Governo, em Rio
Grande, o governador fez algumas considerações sobre o novo episódio de
ideologização da notícia, através do falseamento da verdade.
1- Sobre o Colunismo Político predominante
“É um certo tipo de colunismo político
que ainda não se esgotou no país, mas que tende rapidamente a esgotar-se
pela falta de credibilidade, pois ele vem perdendo a sua capacidade de
transmitir informações e críticas fundadas. Ele perdeu a “fala”
universal, que caracterizou os grandes colunistas políticos do país, com
capacidade de informar e criticar com seriedade e passou a defender
posições ideológicas dissimuladas, “adaptando” ou inventando os fatos,
para contentar um público determinado –aquele que este tipo de
jornalismo cativa, com seus malabarismos factuais e lugares comuns: os
que adoraram as ideias do neoliberalismo que está levando a Europa à
ruína e que, aqui, foram retratados no famoso “déficit” zero. Aliás, não
é de graça que a colunista de política da Zero Hora é a mais saudosa do
“déficit zero”, que não só paralisou o estado, mas aplicou um brutal
arrocho salarial nos servidores, situação que agora estamos começando a
reverter”.
2- As constantes criações de factóides e inverdades
“O mesmo estilo de jornalismo político
que “define” que o governador será incoerente ou irresponsável, é o
mesmo que inventou, por exemplo, que eu defendi uma posição contrária
aos sistema de PPPs no caso da RS 10, quando, na verdade, defendi e
defendo a PPP e tenho negociado com os prefeitos a adaptação para
baratear a proposta. Nunca fui contrário a PPPs. O que sou contrário é
que elas sejam apenas um negócio bom para as empresas e não atendam o
interesse público. Sou, inclusive, um dos elaboradores da atual lei que
rege as parcerias público-privadas no país, cuja redação foi comandada
pelo Fernando Haddadd quando ele era Secretário do Ministério do
Planejamento e eu era ministro do CDES, no primeiro governo Lula. Este
tipo de jornalismo inventa, por exemplo, que prometi “mundos e fundos”
para os servidores e que prometi pagar o piso dos professores
imediatamente. Isso é uma deslavada inverdade, pois está gravado nos
debates e está escrito numa carta remetida ao CPERS que nós criaríamos
as condições para pagar o piso e que isto ocorreria de forma processual.
Esta foi e é a minha posição.
Nunca prometi “mundos e fundos”,
mas uma política de recuperação salarial que está sendo implementada, e
que, aliás, está sendo criticada pela oposição, representada na coluna
de ZH de domingo pelo presidente do PP e ex-secretário de Relações
Institucionais do governo anterior, Celso Bernardi. Este jornalismo,
recentemente, também inventou que a nossa proposta de aumento para uma
parte da categoria dos professores era a mesma da governadora Yeda. E o
fez rapidamente, sem ter a mínima noção do que é uma transação judicial.
Omitiu deliberadamente que a posição do governo não exigiu nenhuma
renúncia de direito pelos servidores do magistério; que a nossa posição
não retira a proposta de alcançar o piso até 2014; que ela não exigiu a
alteração do “quadro de carreira” e que o aumento atual constituiu-se,
apenas, em mais um aumento -um adiantamento de aumento ao magistério. Ao
dizer isso -que a nossa proposta era igual a da governadora Yeda- a
colunista revela duas coisas: primeiro, que não se informou sobre o que
estava acontecendo e, segundo, que se apressou a forjar uma suposta
informação que confirmaria a nossa “incoerência”. Na verdade, quando ela
fala em incoerência, quer é lembrar que o bom era o “déficit zero”. Por
isso sua análise das nossas medidas salariais envolve dois extremos:
critica os aumentos excessivos aos servidores e diz, ao mesmo tempo, que
os aumentos -no caso dos professores- são insatisfatórios”.
3- Sobre a estratégia, pouco
compreendida ou não aceita pela oposição ao nosso governo, de consolidar
o Estado como indutor do desenvolvimento ecônomico e social
“A nossa estratégia, até agora, está
dando certo: usar os recursos próprios para reorganizar a máquina
pública que estava destruída e melhorar os salários dos servidores;
buscar recursos do Governo Federal para investimentos -inclusive através
do recebimento da dívida da União com a CEEE; buscar financiamentos no
BID, no Banco Mundial e no BNDES; aumentar, com meios técnicos
adequados, as receitas sem aumentar impostos; estabelecer uma política
de relações internacionais para atrair investimentos produtivos; retomar
o crescimento no estado tendo como ponto de partida a base produtiva
local, voltados para a renovação da nossa base tecnológica; fazer um
“déficit” responsável sem cair na armadilha neoliberal de reduzir
políticas de proteção e promoção social, deixando os pobres a ver
navios”.
4- A utilização das redes socias e dos blogs para responder à grande mídia
“Eu passei a responder através dos
“blogs” e das redes, porque esta forma de colunismo que estamos falando
é, também, uma armadilha: constrói fatos para promover a sua visão de
mundo, de Estado e de política, e também quer monopolizar o debate,
frequentemente só publicando parte das respostas daqueles que são alvos
da suas invenções. Quando se tratam de matérias que contam fatos
verdadeiros e que pendem, sobre ela, uma interpretação política,
ideológica ou econômica, acho adequado que se responda pelo próprio
jornal, quando ele permite a resposta, como, aliás, é o caso da Zero
Hora”.
5- Direito de resposta também em tom crítico
Tenho respeito pela colunista Rosane de
Oliveira. Acho que ela cumpre rigorosamente o seu papel crítico, que é
esperado pelo jornal a que serve, que, como sabemos, não pode ser
considerado simpatizante do projeto que nós, do PT e da esquerda,
representamos. Mas ela merece, da nossa parte, a atenção e respeito que
temos com todas as forças políticas democráticas do estado. Nem acho que
se trata de má-fé, mas de miopia ideológica: se os fatos não tem
confirmado que o Tarso é incoerente, mas, ao contrário, tem confirmado
que temos aplicado o nosso programa de governo de forma coerente, é
preciso “adaptar” os fatos e repetir a acusação de incoerência para, ao
final, consolidar uma “verdade” pela repetição. E também, imediatamente,
para salvaguardar a defesa do “déficit zero”, que sempre foi
apresentado pela colunista como um exemplo de boa gestão pública”.
6- Sugestão
“Assim como fui cobrado como
governador, também defendo que a colunista seja mais responsável e não
crie falsas incoerências ou irresponsabilidades. Recomendo à ela, por
exemplo, que leia todas as colunas do falecido Carlos Castello Branco,
do Márcio Moreira Alvez e do grande Newton Carlos, paradigmas da
seriedade no jornalismo político”.
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