Lula
ANTONIO DELFIM NETTO
ANTONIO DELFIM NETTO
Desde a Constituição de 1988, as instituições vêm se fortalecendo e o
poder incumbente tem, com maior ou menor disposição, obedecido aos
objetivos nela implícitos: primeiro, a construção de uma República onde
todos, inclusive ele, são sujeitos à mesma lei sob o controle do Supremo
Tribunal Federal; segundo, a construção de uma sociedade democrática
com eleições livres e à prova de fraudes; terceiro, a construção de uma
sociedade em que a igualdade de oportunidades deve ser crescente, por
meio de um acesso universal e não oneroso de todo cidadão à educação e à
saúde, independentemente de sua origem, cor, credo ou renda.
Vivemos um momento em que se acirram as legítimas disputas para
estabelecer a distribuição do poder entre as várias organizações
partidárias e que é propício aos excessos verbais, às promessas
irresponsáveis e à agressão selvagem.
Afrouxam-se e liquefazem-se os compromissos com a moralidade pública,
revelados no universo da "mídia". Esta também, legitimamente, assume o
partido que melhor reflete sua "visão do mundo".
A situação é, agora, mais crítica porque a campanha eleitoral se
processa ao mesmo tempo em que o Supremo Tribunal Federal julga um
intrincado processo que envolve o PT e, em breve, vai fazê-lo em outro,
da mesma natureza, que envolve o PSDB.
O que alguma mídia parece ignorar é que o uso abusivo do seu poder é
corrosivo e ameaçador à necessária e fundamental liberdade de opinião
assegurada no artigo 220 da Constituição, onde se afirma que "a
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob
qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição,
observado o disposto nesta Constituição".
Primeiro, porque o parágrafo 5º do mesmo dispositivo previne que "os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio". E, segundo, porque no art. 224 a Constituição fecha o ciclo: "Para
os efeitos do disposto nesse capítulo, o Congresso Nacional instituirá,
como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da
lei". Dois dispositivos suficientemente vagos que podem acabar criando problemas muito delicados no futuro.
Um exemplo daquele abuso é a procura maliciosa de alguns deles de, no
calor da disputa eleitoral, tentar destruir, com aleivosias genéricas, a
imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ignorando o grande
avanço social e econômico por ele produzido com a inserção social, o
fortalecimento das instituições, a redução das desigualdades e a
superação dos constrangimentos externos que sempre prejudicaram o nosso
desenvolvimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário